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O Globo Online (RJ) ( Economia ) - RJ - Brasil - 27-02-2016 - 11:16 -   Notícia original Link para notícia
Renda das famílias cresce metade da inflação em 2015

IBGE constata avanço nominal de 5,8%, mas custo de vida sobe 10,67%


5,8%


Foi a variação nominal do rendimento médio domiciliar 'per capita' dos brasileiros no ano passado. Na prática, o resultado mostra que os ganhos encolheram, já que o aumento não foi suficiente nem para compensar a inflação, que fechou 2015 em 10,67% Em um ano marcado pela deterioração do mercado de trabalho e piora da atividade econômica, o avanço na renda do brasileiro perdeu para a inflação. Segundo dados divulgados ontem pelo IBGE, o rendimento domiciliar per capita no país cresceu 5,8% em 2015, para R$ 1.113, sem considerar a alta de preços no período. Em alguns estados, como em Alagoas, houve queda nominal, o que indica uma retração ainda mais severa. O instituto não divulgou o cálculo com o desconto da inflação, mas a variação é pouco mais que a metade do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do ano passado, que fechou com alta de 10,67%.


Os valores foram obtidos com base nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua. Entram na conta todas as fontes de rendimento das famílias, não só os salários. Ou seja, nem as políticas sociais de transferência de renda foram capazes de amortecer as perdas decorrentes do aprofundamento da crise econômica.


O levantamento é o primeiro a mostrar o comportamento da renda em 2015 em todo o país. Em janeiro, a Pesquisa Mensal de Emprego (PME, restrita às seis principais regiões metropolitanas) havia apontado queda de 3,7% no ano passado frente a 2014. O movimento continuou em janeiro, com recuo anual de 7,4%.


- A tendência é que os salários fiquem menores, com menor poder de barganha. Com isso, os trabalhadores não conseguem recompor a inflação - destaca Ricardo Macedo, professor de Economia e Finanças do Ibmec/RJ.


DISTRITO FEDERAL LIDERA


O pior resultado foi em Alagoas, onde houve perda real de 0,99%. O estado, que já era o penúltimo colocado no ranking, ficou ainda mais empobrecido, com renda domiciliar per capita de apenas R$ 598. Assim como no ano passado - primeira edição do levantamento -, o Maranhão ficou em último lugar, com renda de apenas R$ 509, a despeito do avanço de 10,41% frente a 2014.


O IBGE ressaltou que cada estado tem um índice de inflação específico. No entanto, para efeito de comparação, 23 das 27 unidades da federação tiveram variações nominais abaixo da inflação média do país.


O rendimento nominal é divulgado desde 2015. Por determinação legal, o IBGE precisa enviar os dados ao Tribunal de Contas da União, que os usa como base para o rateio do Fundo de Participação dos Estados (FPE). Quanto menor a renda, maior a fatia recebida pelo estado, em uma fórmula que inclui ainda a população. Em março, o IBGE divulgará os números já com o desconto da inflação, mas considerando apenas o rendimento do trabalho.


O levantamento divulgado ontem mostrou ainda a persistência da desigualdade entre os estados. Entre as duas pontas do ranking - Distrito Federal e Maranhão - a diferença de rendimento chega a 342,4%. Em 2014, foi de 345,7%.


- O Maranhão apresenta os maiores índices de trabalho infantil, é um dos estados mais pobres. Temos visto que ele se mantém nessa posição - diz Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE.


Para Ricardo Ismael, professor do Departamento de Ciências Sociais da PUC-Rio, os dados mostram a persistência de um quadro histórico.


- O Nordeste continua com a renda per capita de aproximadamente 50% da brasileira, o que é uma diferença muito grande. Apesar de avanços, ainda há distância - avalia. - Quando temos um país com diferenças regionais tão grandes como o Brasil, isso estimula o fluxo migratório do Nordeste para o Sudeste. Essa renda per capita muito baixa mostra que as atividades econômicas lá são muito menores do que na Região Sudeste, particularmente Rio e São Paulo.


O professor do Instituto de Economia da UFRJ João Saboia, especializado em mercado de trabalho, afirma que a recessão não deve pesar tanto sobre a desigualdade:


- A desigualdade continua diminuindo ao longo da década. Quando se tem uma crise desse tipo, o mercado de trabalho no país inteiro é atingido. Não há razão para que piore mais no Distrito Federal do que no Maranhão. Mas o Distrito Federal deve continuar sendo o estado de maior renda.


Além do Distrito Federal, tiveram rendimento acima da média nacional São Paulo (R$ 1.482), Rio Grande do Sul (R$ 1.435), Santa Catarina (R$ 1.368), Rio de Janeiro ( R$ 1.285), Paraná ( R$ 1.241) e Minas Gerais (R$ 1.128).


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