Volume de dívidas em atraso em janeiro cresceu 7,29% ante igual mês do ano passado

Mara Bianchetti      

 Bruno FalciBruno Falci disse que há desorganização moral e pública que tem causado transtornos em diversas esferas do País/Alisson J. Silva

Assim como os consumidores da capital mineira, os mineiros também iniciaram 2016 com problemas de inadimplência junto ao comércio de suas cidades. Tanto o volume de registros junto ao Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) das Câmaras de Dirigentes Lojistas (CDLs) do Estado quanto o número de devedores listados no sistema aumentaram no primeiro mês deste exercício em relação ao mesmo período de 2015. As altas refletem a atual conjuntura econômica do País.

"A inadimplência vem aumentando de uma forma geral e não é de hoje. Ela está crescendo em número de pessoas e em volume de dívidas. Tudo em virtude do cenário que vivemos. A economia brasileira não vai bem. Estamos com uma desorganização moral e pública que tem causado transtornos em diversas esferas do País, com consequências na inflação, nos juros, no emprego e na renda da população", resume o presidente da Câmara de Dirigentes LojistasCâmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDLCDL-BH), Bruno FalciBruno Falci.

Para se ter uma ideia, o número de dívidas em atraso no mês passado cresceu 7,29% quando comparado com igual época do ano anterior. Já na comparação com dezembro de 2015, o volume de pagamentos em aberto cresceu 0,87%.

Conforme Falci, esse dado demonstra o poder corrosivo da inflação e dos juros elevados no rendimento médio da população e na negociação das dívidas. "A renda já não consegue suprir todas as despesas e ainda é somada ao encarecimento do crédito. O consumidor não está dando conta de cumprir seus compromissos financeiros e está se tornando inadimplente", diz.

Recorde - O número de pessoas endividadas também cresceu. Na comparação com janeiro de 2015 houve alta de 3,94% no número de pessoas físicas inadimplentes em Minas Gerais. Vale destacar que no primeiro mês do ano passado esse indicador havia registrado recorde de 7,06% quando comparado com o primeiro mês de 2014 - o maior aumento para o mês desde o início da série histórica, em 2011. Neste ano, apesar do crescimento, foi observada desaceleração. Ainda assim, não há o que se comemorar.

"Infelizmente, tudo de pior está acontecendo ao mesmo tempo. E, enquanto não tivermos uma mudança na postura daqueles que governam o nosso País, esses resultados também não vão mudar. As pessoas estão se endividando porque foram incentivadas pelos últimos governos a consumir. Porém, esses mesmos governos não as educaram antes. Falta planejamento financeiro familiar", explica.

Na base de comparação mensal - ou seja, em relação a dezembro de 2015 - houve crescimento de 0,59% no número de pessoas inadimplentes em Minas Gerais. Essa base demonstra o início de um ano com a presença de tributos e impostos para pagamentos, ocasionando um acúmulo de dívidas.

Por fim, no mês passado frente ao mesmo período de 2015, os inadimplentes com idade acima de 50 anos tiveram a maior variação (8,20%) entre as categorias pesquisadas pela entidade. É também nesse grupo que o número de dívidas em atraso vem apresentando o maior crescimento. Na mesma base de comparação, o índice chegou a 12,97%, recorde para os últimos seis anos. O presidente CDLCDL-BH lembra que grande parte dessas pessoas são responsáveis financeiramente pelas famílias. "Elas estão sentindo mais no bolso o aumento do custo de vida", justifica.