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O Globo Online (RJ) ( Economia ) - RJ - Brasil - 20-02-2016 - 11:37 -   Notícia original Link para notícia
Economistas continuam a prever um corte de juros no fim do ano

Declarações de Tombini foram consideradas corretas por analistas de mercado


A declaração do presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, à colunista Míriam Leitão, do GLOBO, de que não há espaço para queda de juros a curto prazo foi considerada correta pelo mercado financeiro. A avaliação de economistas é que ele tinha o dever de passar a mensagem de que está vigilante no combate à inflação. Mas, devido ao fato de a recessão estar mais acentuada do que o anteriormente previsto, eles esperam um corte de juros este ano, possivelmente em outubro, quando a inflação acumulada nos últimos 12 meses  que está em 10,71%  deve dar um refresco.


Enquanto os países ricos adotam taxas negativas de juros para driblar a crise global, os juros básicos brasileiros estão em 14,25% ao ano. Esse patamar é mantido, principalmente, para tentar convencer os agentes econômicos de que a inflação pode ser debelada.


O foco do BC é a formação de expectativas, porque sua atuação tem pouco efeito sobre a inflação atual, que explodiu em 2015 por causa do reajuste de tarifas de serviços públicos. Os chamados preços administrados subiram de uma só vez, para compensar a política de represamento de reajustes do passado. Nesse tipo de inflação, como a da conta de luz, a alta de juros não é eficaz.


'HEDGE' DE ORIENTAÇÃO AO MERCADO


Onde a política monetária poderia atuar na contenção do consumo não é necessário um arrocho maior, porque a atividade econômica encolhe a uma velocidade cada vez maior, e o desemprego deve conter a alta de preços. Por isso, a ideia do mercado é que, enquanto a inflação não ceder, o discurso de manutenção da taxa básica deve ser mantido.


O Comitê de Política Monetária (Copom) deve, então, esperar o momento de se manifestar sobre a inflação no ano que vem e os efeitos da crise para afrouxar a política de combate à alta dos preços no Brasil. Em suas declarações, Tombini teria feito o que os economistas chamam de hedge, ou seja, uma proteção em sua orientação para o mercado financeiro.


O economista do Banco Espírito Santo Flávio Serrano diz ter mantido a projeção de queda da taxa básica (Selic) em outubro, apesar de Tombini falar que não há espaço para cortar os juros. Ele aposta que haverá uma queda de 0,5 ponto percentual naquele mês e outra, na mesma proporção, na reunião seguinte do Copom. Esses dois cortes seriam apenas o início de um processo de queda que continuaria, segundo o analista, em 2017.


 A gente mantém nosso cenário de cortes de juros a partir de outubro. Por que mudaria? disse Serrano.


Ele concorda que o discurso de Tombini não poderia ser outro, porque há uma grande desconfiança em relação ao comportamento de curto prazo da inflação. A previsão do mercado para o IPCA é de 7,61% neste ano. A meta é de 4,5% com margem de tolerância de 2 pontos percentuais. A promessa do BC é manter a inflação abaixo do teto de 6,5%.


Conseguir atingir o centro do objetivo no ano que vem é outro compromisso assumido pela autoridade monetária. No entanto, o BC ainda não convenceu o mercado financeiro de que isso é possível. Segundo a estimativa dos economistas ouvidos pela autarquia na pesquisa semanal Focus, a inflação oficial deverá ficar em 6% em 2017. Esse é o limite máximo permitido, já que o próprio governo tentando recuperar a credibilidade  diminuiu a margem de tolerância para o ano que vem.


 Hoje, estamos com inflação de 11% e com expectativa do mercado, grosso modo, de 8% este ano e 6% no ano que vem, no limite superior da banda. Nestas circunstâncias, não há que se falar em distensão monetária. A cada seis semanas vamos fazendo as reuniões, avaliando o cenário, vamos ver se é preciso fazer mais em termos de política monetária. Esse é um processo no qual vamos pensar, mas esse quadro atual não permite pensar em distensão monetária disse o presidente do BC, na quinta-feira, em entrevista ao programa de Míriam Leitão na Globonews.


Esse discurso deverá ser alterado quando o BC tiver de se manifestar sobre o estouro da meta, pelo segundo ano consecutivo, e sobre a expectativa para a inflação em 2017, que deve começar a melhorar por causa da recessão. O BC estima retração de 4,1% em 2015 e, internamente, já trabalha com queda de 3% neste ano. Isso é levado em consideração ao calcular as projeções de inflação.


Em março, o BC divulgará suas estimativas para a atividade econômica e a inflação.



 Até lá, vamos continuar perdidos entre ruídos de comunicação  reclama Serrano, lembrando que discursos de auxiliares de Tombini destoam da fala do chefe.


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