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O Globo Online (RJ) ( Economia ) - RJ - Brasil - 06-02-2016 - 10:34 -   Notícia original Link para notícia
Preços salgados à mesa

Alimentos sobem 2,28% em janeiro e puxam inflação, que tem maior alta desde 2003


As chuvas atípicas do mês passado fizeram os alimentos subirem 2,28%, na maior alta para janeiro desde o início do Plano Real. Com isso, a inflação superou as previsões, e o IPCA avançou 1,27%, pior resultado para o mês em 13 anos. O tomate subiu 27% só em janeiro e a cebola, 22%. Analistas dizem, porém, que a alta é pontual e mantêm a previsão de que a inflação ficará entre 7%e 8% no ano. Os consumidores podem ter ganhado um alívio na conta de luz, mas não tiveram trégua nas compras do supermercado. As mesmas chuvas que ajudaram a encher os reservatórios das hidrelétricas e permitiram uma leve redução na tarifa de energia fizeram os alimentos terem, em janeiro, a maior alta para o mês desde o início do Plano Real: 2,28%. Com isso, a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) superou as previsões e avançou 1,27% no mês passado o pior resultado para janeiro desde 2003.



Legumes, frutas e hortaliças tiveram forte alta em janeiro. O tomate subiu 27,27% e a cebola, 22,05% só em janeiro. Além dos alimentos in natura, o transporte também pesou na inflação, devido ao aumento das tarifas de ônibus em sete das 13 regiões metropolitanas pesquisadas pelo IBGE. No conjunto, o grupo transportes subiu 1,77%. Com isso, a inflação ficou acima do previsto por analistas, que estimavam uma alta do IPCA, em média, de 1,1% em janeiro.


 Nesse país enorme, o El Niño tem afetado algumas regiões com seca e outras com muita chuva, prejudicando a produção. Além disso, tem o diesel, que aumenta frete e custo; os pedágios, que aumentaram; e o dólar, que encarece a produção, pois eleva o preço dos fertilizantes e do maquinário explica Eulina Nunes, coordenadora do Sistema de Índices de Preços do IBGE.


CHUVAS DÃO ALÍVIO NA CONTA DE LUZ


Mesmo com a inflação maior que o previsto, os economistas destacam que a alta dos alimentos é pontual e, por isso, mantiveram suas estimativas de que o IPCA subirá entre 7%e 8% este ano. E preveem que os juros básicos da economia devem cair até o fim do ano, para até 12%  hoje, a taxa básica Selic está em 14,25%.


A redução da bandeira tarifária (taxa extra sobre a conta de luz), que deve ser completamente eliminada até março, está vindo com mais rapidez do que se esperava. Em 2015, tivemos quase 30% de aumento extraordinário (da tarifa de energia). No caso dos alimentos, as variações são bastante incertas em razão das mudanças do clima. Mas a tendência é que, ao fim do primeiro trimestre, os preços comecem a desacelerar, como ocorre todos os anos analisa Luiz Roberto Cunha, economista da PUC-Rio, que prevê uma inflação de 7,2% para este ano.


No ano passado, a energia subiu 51%. Este ano, analistas preveem uma alta em torno de 10% para a conta de luz.


André Braz, economista da FGV-Rio, ressalta, no entanto, que a taxa da inflação acumulada em 12 meses segue em alta. Ficou em 10,71% em janeiro, contra os 10,67% do ano encerrado em dezembro de 2015:


 As taxas acumuladas em 12 meses avançam bastante e não estão sob efeito de sazonalidade. A inflação está num patamar que não se vê há muito tempo.


Braz prevê, no entanto, que o país encerrará o ano com IPCA de 7,5%, em razão de um crescimento menor da inflação dos alimentos na comparação com 2015 e desaceleração dos preços da energia.


Luis Otávio Leal, economista-chefe do Banco ABC, prevê inflação de 7,7%:


O que vamos ter é uma redução dos preços livres em razão da queda do nível de atividade, que diminui a demanda.


SAI O 'TARIFAÇO' E ENTRA O 'IMPOSTAÇO'


Em janeiro, o único grupo com deflação, ou seja, queda de preços, foi o vestuário. O recuo foi de 0,24%. Segundo Eulina Nunes, do IBGE, a queda é reflexo da recessão, que diminuiu a procura por itens de vestuário, levando as lojas a promoverem liquidações para escoar o estoque.


Para Luis Otávio Leal, do Banco ABC, o grande vilão da inflação deste ano será a tributação:


Nós teremos um inimigo oculto: os impostos. O ano passado foi do "tarifaço" e 2016 é do "impostaço", com aumentos de PIS/Cofins, de ICMS e Cide. Fora a Cide, que tem um impacto imediato sobre os combustíveis, os demais não têm grande peso individualmente, mas somados, ganham força analisa Leal.


RIO TEM MAIOR TAXA ENTRE REGIÕES


Entre as 13 regiões, a maior inflação foi a do Rio (1,82%), pressionada pela alta nas tarifas dos ônibus urbanos (10,59%) e intermunicipais (8,62%) e dos táxis (8,76%).


Para Braz, o resultado no Rio é efeito da sazonalidade:


Foi basicamente aumento nos transportes, pois as tarifas subiram mais do que em outras regiões.


O índice geral dos transportes ficou em 1,77%. Juntos, os grupos de alimentos e transportes foram responsáveis por 71% da inflação nacional em janeiro. A alta nos transportes foi puxada pelo transporte público, que subiu 3,84%, e pelos combustíveis, com alta de 2,11%.


A dona de casa Solange Silva, 31 anos, reclama da alta nas tarifas do ônibus:



 É complicado, já estava muito cara a passagem. Colaborou Marina Brandão, estagiária, sob a supervisão de Lucila de Beaurepaire


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