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Isto é Dinheiro online ( Negócios ) - SP - Brasil - 06-02-2016 - 11:22 -   Notícia original Link para notícia
André Jankavski - A tropicalização da Chilli Beans

Conhecida por seus óculos baratos e importados da China, a grife aposta na produção nacional para driblar a alta do dólar e manter o bom custo-benefício







Maia, fundador: "Vamos tentar repassar o menos possível do aumento de custos para o consumidor" ( foto: Olga Vlahou)





O empresário Caito Maia, criador da marca de óculos Chilli Beans, deu início ao negócio importando uma mala de produtos dos Estados Unidos, em 1997. Na época, ele ainda se dedicava à carreira de roqueiro, comandando os vocais da banda "Las Ticas Tienen Fuego". A banda fracassou, mas a Chilli Beans, que passou a importar produtos da China, se tornou uma das principais grifes de acessórios do Brasil, com um faturamento de R$ 550 milhões, no ano passado. Quase duas décadas depois, Maia se vê obrigado a fazer o caminho inverso.





Diante de um cenário que se desenha com o dólar na casa dos R$ 4, o empresário está aumentando a produção nacional para competir com os produtos importados, especialmente da China e dos EUA, e exportar para países como Portugal, Colômbia e Peru. De acordo com Maia, com o dólar no patamar atual, a economia de produzir no Brasil chega a 10% "Os brasileiros não estão mais fazendo tantas compras no exterior", diz ele. "Somos uma opção às grifes internacionais e a produção no País nos deixará ainda mais competitivos."





As despesas dos brasileiros no exterior, segundo dados do Banco Central, caíram 32,1% no ano passado, para US$ 17,3 bilhões, o pior resultado desde 2010. A queda deve continuar. Por isso, para a Chilli Beans, a "tropicalização" terá de ser rápida para aproveitar o aumento na demanda. No ano passado, 15% dos óculos eram produzidos no País em fábricas terceirizadas nas cidades de Montes Claros (MG) e Campinas (SP). A intenção para 2016 é chegar a 30%, o que, de acordo com Maia, pode ser ampliado dependendo do patamar em que o dólar se fixar.





Dessa forma, Maia espera manter os preços da Chilli Beans abaixo da concorrência, cerca de metade do cobrado por grifes internacionais - um modelo aviador da empresa custa R$ 200. Os relógios da marca seguem o mesmo padrão de preço. "Vamos tentar repassar o menos possível do aumento de custos para o consumidor", diz o empresário. Segundo Daniela Khauaja, coordenadora da pós-graduação da ESPM-SP e especialista em branding, a Chilli Beans acerta em aumentar a produção local em vez de subir o preço dos óculos.





"A companhia é conhecida por suas coleções rotativas e seu preço mais baixo", afirma ela. A estratégia fez as projeções da Chilli Beans darem um salto. No ano passado, a empresa viu seu faturamento aumentar 4% e abriu 110 pontos de venda, chegando a 580 unidades. Para 2016, o objetivo é crescer 10% em faturamento e inaugurar 120 lojas, sendo 20 no exterior. Hoje, são 40 pontos de venda fora do País. Maia irá investir € 1 milhão para triplicar o número de pontos em Portugal, atualmente em sete. Na América Latina, os principais alvos são Colômbia e Peru.





"A Argentina, com as mudanças na economia, aparece como uma boa opção", diz Maia. No Brasil, a expansão ficará por conta das lojas de rua em cidades com até 75 mil habitantes e em pontos turísticos. Em 2015, foram abertas unidades em destinos como Balneário Camboriú, Porto de Galinhas e Recife, todos conhecidos pelo movimento intenso durante o período de férias. Segundo Maia, a compra por impulso é comum no setor de óculos e estar próximo a áreas de lazer, como shoppings e praias, faz as vendas serem multiplicadas. "Já estamos procurando um ponto para inaugurar uma loja nas Cataratas do Iguaçu, por exemplo", diz.





A Chilli Beans também pretende ampliar as parceiras com empresas e artistas, a exemplo da coleção inspirada nos Beatles, no grupo de humor Porta dos Fundos e dos produtos feitos com cristais Swarovski. Com essas estratégias, a Chilli Beans espera estar com uma boa musculatura para uma abertura de capital no futuro. Maia, que tem como sócio, com 29% de participação, o fundo Gávea, do ex-presidente do BC Armínio Fraga, não esconde que a intenção é estrear na Bovespa assim que o mercado estiver favorável para novos IPOs. "Ainda temos um caminho para percorrer, enxergamos um futuro na bolsa", diz o empresário. O sonho de ser roqueiro, definitivamente, ficou para trás.


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