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O Globo Online (RJ) ( Economia ) - RJ - Brasil - 04-02-2016 - 07:26 -   Notícia original Link para notícia
Aeroportos não devem ter greve no carnaval

Após paralisar atividades por duas horas ontem, aeronautas e aeroviários vão aguardar reunião de conciliação no TST, no dia 12


- SÃO PAULO E RIO- A greve dos aeronautas e aeroviários, que ontem afetou 12 dos principais aeroportos do país, terá uma trégua durante o carnaval. Em assembleia realizada após a paralisação durante a manhã, o Sindicato Nacional dos Aeronautas ( SNA), que representa pilotos e comissários de bordo, decidiu suspender o movimento durante o feriadão. O Sindicato Nacional dos Aeroviários, que responde pelos pessoal que trabalha em terra, também confirmou a interrupção do estado de greve. Segundo levantamento do Sindicato Nacional das Empresas Aéreas ( Snea), o número de passageiros afetados pela paralisação pode superar 45 mil.


GABRIEL DE PAIVABloqueio. Aeroviários estenderam faixas impedindo o check- in no Santos Dumont, no Rio


Sérgio Dias, presidente da Federação Nacional dos Trabalhadores em Aviação Civil da CUT ( Fentac) e diretor do sindicato dos aeronautas, disse que o objetivo nunca foi atrapalhar o feriado:


- Nunca tivemos intenção de prejudicar o carnaval de ninguém. No geral, estamos bastante satisfeitos, porque a adesão foi total nas maiores cidades.


Trabalhadores e empresas aéreas ainda não chegaram a um acordo sobre o percentual de reajuste salarial para este ano. Os aeronautas pedem a reposição da inflação de 11% até dezembro, data- base da categoria. As empresas querem conceder o aumento parcelado ao longo de 2016. Ontem, o SNA chegou a prever a retomada das paralisações para o dia 12, próxima sexta- feira. Mas, no fim da tarde, o Tribunal Superior do Trabalho ( TST) convocou empregados e patrões para uma audiência de conciliação, também no dia 12. Com isso, uma nova assembleia foi marcada para amanhã, para definir nova data para protestos, caso um consenso não seja alcançado na audiência.


Embora tenha durado só duas horas - entre 6h e 8h -, a paralisação de ontem congestionou as filas de decolagens e teve reflexos durante todo o dia. Até as 20h, 523 dos 1.812 voos previstos atrasaram mais que 30 minutos: isso representa 29,4% do total das viagens programadas. Segundo a Infraero, a média costuma ser de 15%. O maior percentual de atraso foi registrado no aeroporto de Porto Alegre, onde 35 dos 89 voos ( 39,3%) saíram após o horário. Em números absolutos, o maior número de atrasos ocorreu no terminal de Guarulhos, em São Paulo, o maior do país: foram 166 casos. No Rio, 38 das 117 viagens ( 32,5%) programadas para o Galeão apresentaram atraso.


No Santos Dumont, o maior problema foi o alto índice de cancelamentos: 39 dos 144 voos previstos, segundo o balanço atualizado até as 20h. Situação semelhante ocorreu em Congonhas, onde 56 dos 230 voos foram cancelados.


Segundo o Snea, o percentual de atraso chegou a 48% dos 399 voos previstos entre 6h e 8h, período da paralisação, nos 12 terminais afetados. A taxa de cancelamentos, nesse horário, foi de 22%, de acordo com a entidade. Ainda segundo o Snea, os impactos só não foram maiores por conta das "iniciativas das companhias aéreas, que nos últimos dias contataram e reacomodaram um grande número de pessoas para voos em outras datas e horários".


Com base nos dados do Centro de Gerenciamento de Navegação Aérea ( CGNA), ligado à Aeronáutica, que apontou alto índice de atrasos e cancelamentos de voos ontem, as companhais aéreas acusam os trabalhadores de descumprimento da decisão do TST, que determinou aos organizadores da paralisação manter efetivo mínimo de 80%. MANIFESTAÇÃO PACÍFICA Os desavisados que chegavam ao Aeroporto Santos Dumont às 6h da manhã de ontem poderiam ser enganados pelas filas de espera de check- in, que estavam normais. A aglomeração de cerca de 40 pilotos e comissários de voo que se sucedeu, porém, revelou que o dia não seria comum.


Segurando faixas e cartazes com os dizeres "nossa segurança é a sua" e pedindo a valorização da profissão, os aeronautas fizeram muito barulho no aeroporto, que logo paralisou todos os embarques. Os aeroviários usaram ainda caixas de som e até uma fantasia de macaco para reivindicar os direitos da categoria.


Como os funcionários dos check- in das companhias aéreas não aderiram à paralisação, os aeroviários estenderam faixas em frente aos guichês, para interromper o atendimento - que ficou paralisado por cerca de dez minutos.


A movimentação, no entanto, foi pacífica e, apesar de chateados com os atrasos do voos, os viajantes não se mostraram revoltados em relação à greve. A engenheira civil Keniza Carvalho, de 28 anos, esperava na fila do check- in para embarcar em um voo da Gol, que partiria às 8h10m para São Paulo, quando os aeroviários tentaram interromper o atendimento.


- Meu voo vai atrasar de qualquer jeito, mas parece que eles vão liberar o check- in de novo. Hoje é meu último dia de férias, mas ainda é férias: me recuso a ficar irritada! - brincou.


Com a pequena Sofia, de 2 anos, no colo e Tiago, de 7, na mão, a médica Larisse Leite, 37 anos, manteve o bomhumor durante a espera.


- Não tem jeito. Agora, é torcer para que tudo dê certo.


Quem ainda não estava com as energias renovadas pela folga, porém, sofreu mais com os atrasos. A cada 15 dias, o comissário de navios de perfuração de petróleo Cláudio Martins da Cruz, de 57 anos, faz uso da ponte aérea Rio- SP à trabalho. Ontem, o voo dele teve mais de duas horas de atraso.



- Venho um dia a cada duas semanas, e dei a "sorte" de ser em dia de paralisação. Estou esperando, mas já perdi meu outro vôo, que saia de SP.


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