Consumidor com dificuldades para honrar dívidas Gabriela Pedroso

O consumidor de Belo Horizonte encontrou dificuldades para cumprir com seus compromissos financeiros em 2015 e o resultado foi o aumento na inadimplência, que cresceu 4,69% em comparação com 2014. Os dados são do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) da Câmara de Dirigentes LojistasCâmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDLCDL-BH) e, mais uma vez, a alta da inflação é apontada como principal responsável por dificultar a vida de quem tenta se manter em dia com as dívidas.
 
A maior parte dos registros, 30,36%, no SPC da CDLCDL-BH, em dezembro de 2015, foi de consumidores acima dos 50 anos, que quase sempre respondem financeiramente pelas famílias. O vilão na hora do fechamento do mês: o cartão de crédito. A única faixa etária que teve redução no período foi a que compreende consumidores entre 18 e 24 anos (-18,13%).
 
Para a economista da entidade Ana Paula Bastos, a falta de educação financeira de parcela da população para lidar com o produto acaba contribuindo para o aumento da inadimplência. "Além do desconhecimento, a 'bancarização' contribui para isso. Muitas vezes, a pessoa não tem somente um cartão de crédito, mas vários. Ela vai comprando e não sente o dinheiro sair do bolso. O choque vem quando chega a fatura, que ela não tem como quitar e passa a pagar a parcela mínima, aumentando ainda mais a sua dívida", destaca.

Perspectiva - Em relação a novembro passado, no entanto, o número de inadimplentes caiu 0,37%. A redução é associada pela economista ao pagamento do 13º salário, culturalmente utilizado pelo consumidor para quitar as dívidas em atraso. A perspectiva para o primeiro trimestre de 2016, porém, não é de continuidade na queda.
 
"Os três primeiros meses do ano são marcados por picos de inadimplência, devido às compras de Natal, material escolar, férias. A tendência é crescer. Ao longo do ano, no entanto, essa evolução vai depender muito de como serão os níveis de inflação, desemprego e o comportamento da taxa de juros principalmente, porque encarece a negociação da dívida", explica Ana Paula.
 
A sugestão da economista para os inadimplentes no primeiro momento é priorizar as dívidas com juros mais altos e buscar a negociação junto às empresas. "É preciso também a adoção de um planejamento financeiro, avaliar o quanto você ganha, qual a sua despesa, um equilíbrio das contas".