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O Globo Online (RJ) ( Economia ) - RJ - Brasil - 24-01-2016 - 12:50 -   Notícia original Link para notícia
Reforma fiscal no Brasil foi tema das conversas de Barbosa em Davos

Lagarde, do FMI,
afirma que desaceleração da China 'é normal'


O ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, aproveitou sua participação no Fórum Econômico Mundial de Davos, na Suíça, para discutir com interlocutores sua proposta de reforma fiscal de longo prazo, que combina a fixação de um teto para os gastos públicos e uma meta fiscal flexível. Segundo a área econômica, a receptividade dos estrangeiros à medida variou de neutra a positiva, o que é um bom sinal para que o debate com a sociedade brasileira sobre o tema seja aprofundado.



MICHEL EULER/AP Yuan. Christine Lagarde, do FMI, defendeu mais transparência de Pequim


Ao longo da semana, Barbosa teve uma série de reuniões bilaterais em Davos: com a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde; com o prêmio Nobel de Economia Joseph Stiglitz; com o secretário do Tesouro americano, Jacob Lew; e com o colega argentino, Alfonso PratGay. O ministro também conversou com investidores e empresários e avaliou que, apesar do protagonismo da Argentina no Fórum, há disposição do mercado em apostar no Brasil.


Barbosa explicou aos interlocutores em Davos que a reforma da Previdência pode ser o primeiro passo para a reforma fiscal que a Fazenda quer debater. Como aposentadorias e pensões são a maior despesa da União e equivalem a 11% do Produto Interno Bruto (PIB), é preciso rever algumas regras, de modo que o governo consiga conter sua trajetória crescente antes de conseguir fixar um teto para o gasto público de forma geral. Caso contrário, as despesas que têm reajuste automático logo estourariam o teto definido pelo governo.


A partir daí, o governo teria uma meta de superávit primário (economia para o pagamento de juros da dívida pública) que seria a diferença entre a projeção de arrecadação para o ano e o teto da despesa. Essa meta fiscal poderia variar dentro de um intervalo, mas não em função de aumentos de gastos (que estariam limitados), e sim de flutuações na receita. Os técnicos da área econômica lembram que o governo pode ter controle sobre os gastos, mas não sobre o que arrecada.


SAÍDA DE CAPITAIS DE EMERGENTES


Durante o Fórum, os interlocutores questionaram Barbosa sobre as chances reais de o governo conseguir fazer a reforma da Previdência. Ele argumentou que a gravidade do quadro econômico fez com que "muitos líderes políticos aceitassem discutir agora o que não aceitavam discutir há um ano". A Fazenda avalia que o governo já obteve alguns avanços na contenção de gastos ao ajustar benefícios como seguro-desemprego, abono salarial e pensão por morte.


O Fórum encerrou ontem a edição de 2016 com o tradicional painel "Panorama Econômico Global", do qual participaram Lagarde, o diretor executivo do Credit Suisse, Tidjane Thiam, e o principal comentarista do jornal britânico "Financial Times", Martin Wolf. A China, cuja desaceleração tem provocado turbulência nos mercados globais, foi um dos principais temas.


Lagarde afirmou que os mercados precisam de mais clareza sobre como as autoridades chinesas lidam com o yuan. Mesmo admitindo que "haverá uma saída de capitais dos países emergentes para os desenvolvidos", ela tentou acalmar os temores em relação à China:


- Estamos vendo uma transição. Vamos ter de nos acostumar com isso, é normal.


O participantes do painel apostaram que o ajuste na China será gradual, o que permitirá controlar a turbulência nos emergentes. Ao final, Wolf brincou:


- Tudo ficará bem. A não ser que todos estejamos errados. ( Martha Beck)      


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