Antigos empórios abandonam cara de 'venda' e se especializam em itens gourmet, que têm cada vez mais procura. Empresários apostam em produtos exclusivos e de alto valor agregado

Augusto Pio

Publicação: 24/01/2016 04:00

Eloísa Rabelo saiu de uma loja no Mercado Central e montou o Empório Paraíso no Vila da Serra, que oferece mais de 1,5 mil itens e também serve bebidas e comidas no local

Os empórios nunca estiveram fora de moda e continuam firmes no mercado. O formato volta a ser valorizado por consumidores e vem atraindo também a atenção das empresas do setor. Nos anos 1960, esses locais eram conhecidos somente por dominar o comércio de secos e molhados como mercadinho, mercearia, venda ou bodega. Nos últimos anos, nota-se o ressurgimento desse formato de loja, espalhando-se por bairros das grandes cidades e Belo Horizonte não fica de fora dessa tendência.

Criado há cerca de dois meses, o Empório Villa Roberti, dos irmãos Gilvanya, Gisele, Giselda e Daniel Roberti, no Bairro Belvedere, na Região Centro-Sul de BH, oferece massas secas e recheadas, produzidas 100% com sêmola e farinha italiana. Para acompanhá-las, há molhos prontos e também conservas, geleias, pães, torrones e petit fours, entre outros. "Esses itens são fabricados na estrutura do Villa Roberti. Oferecemos também mel, manteiga, azeite, licor e cerveja artesanal. Todos esses produtos podem ser encontrados para pronta entrega e os pedidos podem ser feitos também pelo telefone ou pelo site", explica Gilvanya. "Também temos pizzas e refeições prontas para serem consumidas em casa", avisa.

Ela, que já está no ramo de alimentação há cinco anos e emprega 60 pessoas, revela que a demanda maior é pelas massas recheadas e pelos pães. "Tudo que é servido aos nossos clientes é de produção própria, por isso temos um controle maior de qualidade." Gilvanya considera o faturamento bom, porém diz que tem oportunidade e capacidade para expansão.

Localizado no Vale do Sol, em Nova Lima, o diVino Empório oferece vinhos, geleias e pimentas, entre outros itens. "A ideia para este ano é oferecer no empório também os itens produzidos pelo diVino Restaurante para atender à demanda de clientes que querem consumir tanto nossas entradas como pratos principais e sobremesas em suas casas, em porções individuais ou em grandes quantidades para festas ou reuniões. Isso porque já atendemos muitos clientes dos condomínios do entorno que vêm buscar produtos para festas", conta a sócia Solange Brum.

Produtos da Empório Villa Roberti têm influência italiana, segundo uma das proprietárias, Gilvanya Roberti
O diVino Empório torna-se, dessa maneira, uma vitrine desses produtos, que se alinham aos vinhos de importação própria de um dos sócios do empório, Magnus Piacenza. A previsão para 2016 é de um bom crescimento, sempre atentando para qualidade e preço. Solange explica que a diVino Empório dispõe de rótulos de vinhos selecionados e também produtos de delicatéssen, como chocolates, chás americanos, mostardas, castanhas e biscoitos tailandeses. A loja conta com serviço de atendimento especializado, espaço para happy hour e para grupos de confraria. "O mercado anda muito oscilante por causa do dólar e dos impostos. Por isso, optamos por importação própria para tentar minimizar isso." Ela salienta que neste ramo é preciso ser perseverante e corajoso e confessa querer ampliar o negócio. "A ideia de trazer mais itens gastronômicos e vinhos de importação própria são exemplos desse crescimento", justifica. "Nesse ramo não se pode esperar lucro imediato, pois é um investimento a longo prazo."

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PARA O VILA DA SERRA

No Bairro Vila da Serra, em Nova Lima, Eloisa, Ewerton Rabelo e Ângelo Marino apostaram no Empório Paraíso Café e Salumeria. "Tínhamos uma loja no Mercado Central de Belo Horizonte, onde comecei com o empório em 2001. Depois, abrimos aqui e fechamos a outra. Oferecemos mais de 1,5 mil itens, entre queijos, salames, vinhos, temperos, chocolates, geleias, azeites, massas, café e sais. São produtos importados e nacionais. Hoje, temos um movimento de bar muito forte, servimos tudo que temos na casa em porções nas mesas, para acompanhar um vinho ou a bebida que o cliente escolher", conta Eloisa.

A empresária diz que neste período de férias escolares as vendas retraem um pouco, mas nada que inviabilize os investimentos. "Pelo fato de muitos de nossos clientes viajarem nesta época do ano, nesse período fazemos algumas promoções de vinhos e divulgamos nosso empório para outras regiões. Nossos clientes são, em sua maioria, moradores aqui do Vila da Serra e região, um público fiel e cativo, que tem gente de todas as idades, grupo de mulheres que se encontram uma vez por semana para tomar vinho e conversar, e também casais que vêm para jantar num lugar aconchegante e sem frescuras, com menu especial e personalizado", orgulha-se Eloisa.

No ramo desde 2001, ela ressalta que vinhos, frios e queijos e também os sanduíches, que são montados, na hora são os mais pedidos. "Temos 25 funcionários em dois turnos. Nosso diferencial é o cliente poder comer e beber aqui o que leva pra casa, pelo mesmo preço. Considero outro ponto forte o fato de os donos estarem sempre presentes para atender e orientar o cliente. Aprendi isso no Mercado Central, pois o cliente gosta de ser atendido pelo dono, gosta de conversar, trocar ideias sobre produtos e, como nosso forte hoje é o vinho, precisamos estar perto do cliente para ajudar na escolha", diz a empresária. Segundo Eloisa, o faturamento atual é satisfatório, e a expectativa para 2016 é de crescer entre 20% e 30%. Por aí dá para perceber que para este negócio não existe tempo ruim.