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O Globo Online (RJ) ( Economia ) - RJ - Brasil - 17-01-2016 - 12:07 -   Notícia original Link para notícia
Com queda na Bolsa, 15 corretoras acumulam prejuízos em 2015

Empresas recorrem a produtos de renda fixa para equilibrar receitas


Três anos seguidos de queda da Bolsa, aperto nos juros e pagamento de dívidas antigas estão cobrando seu preço às corretoras brasileiras. Levantamento feito pelo GLOBO com base nos balancetes trimestrais submetidos pelas instituições ao Banco Central mostra que, entre as 40 maiores corretoras e distribuidoras de valores mobiliários do Brasil em patrimônio líquido, 15 acumularam prejuízo entre janeiro e setembro de 2015.



O levantamento considerou apenas empresas independentes (que não integram grupos bancários) e que apresentaram todos os balancetes desde o início de 2014. Os dados fechados de 2015 serão divulgados em março.


A corretora com a maior perda é a Gradual, com prejuízo acumulado de R$ 37,34 milhões. Depois vem a Souza Barros, com perdas de R$ 32,64 milhões. Em agosto, essa sangria levou ao fechamento da corretora, que era a mais antiga em atividade no Brasil, após 87 anos no mercado. Outro prejuízo importante foi o da Spinelli, que perdeu R$ 19,8 milhões de janeiro a setembro.


- As corretoras estão muito dependentes de ações. Se a Bolsa cai, ficam em situação difícil - disse Marcelo Verdini Maia, superintendente da FGV Management no Rio.


GRADUAL REDUZ INFRAESTRUTURA


De acordo com Caio Villares, presidente da Ancord, associação que reúne as corretoras e distribuidoras, vários fatores explicam a crise. Um deles é o impacto da adesão ao Refis, programa de refinanciamento de débitos tributários sobre impostos devidos pelas corretoras desde 2007. Na época, houve a conversão de títulos patrimoniais que detinham em ações da Bovespa e da Bolsa de Mercadorias (BM&F), processo que resultou na criação da BM&F Bovespa, em 2008. Para o Fisco, as instituições tinham que pagar impostos sobre os ganhos com a venda das ações.


Em janeiro de 2015, uma lei abriu a possibilidade de renegociação da dívida com descontos. As empresas tiveram que desembolsar o montante no ano passado. Mas Villares reconhece que é apenas parte do problema:


- Vivemos um momento macroeconômico adverso para o mercado de capitais, e as corretoras têm relação muito próxima ao comportamento do setor. Em um ano que não teve aberturas de capital na Bolsa, fica muito clara essa debilidade. Mas o principal problema é o nível dos juros, que são imbatíveis.


Com prejuízo de R$ 37,34 milhões até setembro, a Gradual foi afetada pelo Refis. Segundo a diretora-executiva Fernanda de Lima, a corretora pagou R$ 20 milhões em 2015 para quitar a dívida renegociada. Mas admite que também houve o efeito de enxugamento do segmento de corretagem de clientes institucionais.


- O volume do segmento institucional brasileiro teve queda de 30%. A Gradual perdeu a certificação do Programa de Qualificação Operacional da Bovespa, exigido por muitos clientes internacionais - contou Fernanda, destacando que a questão está ligada a uma disputa societária.


Agora, a corretora mira nos clientes de varejo, que significam menos custos para a empresa. A Gradual se reorientou para a prestação de serviços de administração e custódia de fundos, sobretudo FIDC, FIP fundos imobiliários, enxergando aí um vácuo deixado pelos bancos. Além disso, cortou o número de funcionários de 170 para menos de 70, e entregou um andar do seu escritório em São Paulo e parte da unidade carioca. A reestruturação visa a reduzir, ao todo, R$ 3 milhões em custos mensais.


Muitas corretoras passaram a oferecer letras de crédito (LCA e LCI), títulos do tesouro e CDBs. Essa reorientação se intensificou em 2015, ano em que a Bolsa caiu 13,3% e os juros básicos saltaram de 11,75% para 14,25%. Enquanto o número de pessoas físicas cadastradas na Bolsa terminou novembro em 583 mil, praticamente o mesmo número de 2011, no Tesouro Direto, a quantidade de investidores saltou 33% apenas em 2015, atingindo 604 mil em novembro.


A Easynvest, por exemplo, teve prejuízo em 2014, mas lucrou R$ 3,5 milhões nos três primeiros trimestres de 2015. A estimativa de ganhos para o ano passado é de R$ 6 milhões.


- A renda fixa representa cerca de dois terços da receita. Somos remunerados pelo spread ,a diferença entre o que o banco me cobra e o que repasso para o investidor. Como ofereço uma vantagem aos bancos, que não precisam, por exemplo, se preocupar com o cadastro de clientes, eles conseguem me oferecer uma taxa atraente - disse Amerson Magalhães, diretor da Easynvest.


Procurada, a Spinelli, que também teve um dos maior prejuízos, não quis comentar      


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