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O Globo Online (RJ) ( Economia ) - RJ - Brasil - 10-01-2016 - 10:51 -   Notícia original Link para notícia
Correndo atrás do 4G

Número de clientes dispara com promoções. No ano, 20 milhões devem abandonar o 3G



A febre do WhatsApp e dos vídeos no celular ganhou novo capítulo com o avanço da tecnologia 4G na telefonia móvel, que confere internet em alta velocidade pelo telefone. Se em 2015 mais de 16 milhões de brasileiros fizeram do 3G coisa do passado, em 2016, outros 20 milhões de usuários devem fazer o mesmo, segundo previsões da GSMA, a associação internacional do setor. Assim, passando ao largo da crise econômica, as projeções indicam que o total de clientes deve passar dos atuais 23 milhões para 43 milhões no fim deste ano. Apesar do crescimento recorde, o segmento ainda representa apenas 8,3% das 274 milhões de linhas em uso no Brasil. E o crescimento tão rápido da quarta geração preocupa especialistas. Segundo eles, os investimentos não avançam na mesma proporção, e parte dos clientes se queixa da qualidade do serviço.





Para ter acesso ao 4G, o cliente precisa comprar chip e aparelho habilitados para operar na frequência. Por isso, as operadoras têm estimulado a oferta de celulares de quarta geração que, apesar de serem mais caros que as versões 3G, tiveram queda média de preço de quase 20% no ano passado. Em média, um celular de quarta geração sai por R$ 1.300 sem desconto - quase o dobro de um similar 3G, diz a consultoria IDC. Mas, com a política de subsídio praticada pelas teles, um telefone "moderno" pode sair por um valor muito menor ou até de graça, de acordo com o plano pós-pago escolhido.



A tentativa de seduzir os clientes vai além dos aparelhos. Em um período de queda nas receitas, motivada pela crise econômica, Vivo, TIM, Claro, Oi e Nextel estão reduzindo os preços dos planos 4G e aumentando o volume de dados para os clientes. Isso porque, atestam as companhias e especialistas, o usuário 4G consome mais dados, o que, consequentemente, aumenta a rentabilidade das companhias. Segundo as empresas, um cliente de quarta geração consome cerca de 1,1 gigabyte (GB) por mês, mais que o dobro dos 400 megabytes (MB) mensais de um usuário 3G.



NO VAREJO, APARELHOS MAIS CAROS AVANÇAM



Segundo previsão da GSMA, o 4G chegará a 2020 com uma fatia de 41% de mercado. Por isso, os investimentos aparecem no radar das preocupações dos especialistas. Com base nos dados do SindiTelebrasil, a associação do setor, as teles fecharam o ano de 2015 com investimentos de R$ 30 bilhões, mesmo patamar de 2014. Para 2016, a tendência é ficar no mesmo nível, dizem analistas e empresas.



Sem dúvida, o desafio é manter o investimento alto em um ambiente de retração de demanda, mas com a perspectiva de alta de consumo de dados móveis. O Brasil não tem mais interesse em telefonia fixa. O negócio é investir em dados. Já vemos clientes 2G indo direto para o 4G - cita Eduardo Levy, diretor executivo do SindiTelebrasil.



E na era dos aplicativos de vídeos e mensagens, o usuário se depara com uma oferta maior de 4G no varejo. Os números impressionam: em 2015, foram homologados 71 modelos de aparelhos 4G, pouco menos que os 77 de 3G. Para especialistas, essa proporção deve se inverter neste ano. O número de cidades com a tecnologia também surpreende: subiu de 99 para 410 desde 2014. A maior parte delas tem mais de 200 mil habitantes. Apesar do incremento, o número ainda é distante dos 4.398 municípios com cobertura de tecnologia 3G.



Assim, em 2016, a expectativa é que 70% dos aparelhos vendidos sejam 4G, contra 40% no ano passado, diz Leonardo Munin, analista de celulares do IDC. Segundo ele, o Brasil neste ano vai passar pelo mesmo movimento que ocorreu na China no ano passado, quando os aparelhos 4G passaram de 20% para 90% das vendas ao longo do ano.



Como os aparelhos e a rede de infraestrutura vêm da China, veremos o mesmo movimento no Brasil. Por isso, vender mais aparelhos e planos 4G em um cenário de crise é bom, pois aumenta os ganhos para o setor  diz Munin, destacando que o preço do celular 4G caiu de R$ 2.700 no fim de 2012 para R$ 1.300 no fim de 2015.



E com aparelhos mais potentes na mão, o brasileiro não sai da internet. Na Claro, o avanço no tráfego de dados foi de 52% em 2015. Para reforçar mais esses números, a companhia acaba de reformular seus planos, aumentando a quantidade de dados em suas franquias e reduzindo os preços de alguns planos em boa parte do país. Ricardo Cesar, diretor executivo de Unidades Regionais da operadora, lembra que o foco da companhia é o 4G, hoje presente em 186 cidades no país:



Em razão da competição, reduzimos os preços em algumas cidades. Para massificar o serviço, temos que dar condições para isso, com mais dados e menos preço. No Natal de 2015, 90% das vendas de aparelhos foram de 4G. O ano de 2016 será o ano do tráfego de dados.



A Vivo segue estratégia semelhante. A companhia hoje só vende planos 4G, diz Christian Gebara, vice-presidente executivo de Marketing e Vendas da Telefônica Vivo. Ele explica que os planos de quarta geração funcionam em 3G e no já "obsoleto" 2G, mas neste caso o usuário não aproveita integralmente os benefícios. Para estimular o avanço, a empresa aumentou o volume de dados para os usuários pré-pago, dobrando a quantidade de internet.



Lançamos ainda o Vivo Bis, que permite ao cliente usar os dados não consumidos em um mês no mês seguinte, assim como era com a voz. E, para incentivar, temos subsídios para os aparelhos com ofertas agressivas  disse Gebara, destacando que os dados já somam quase 49% da receita total.



Na Oi, o cliente 4G consome, em média, 60% mais dados que o usuário 3G. Segundo Roberto Guenzburger, diretor de Produtos e Mobilidade da empresa, o volume de linhas 4G subiu de 1% para 7% da base total em 2015. A tele fechou o ano com operação em 133 cidades. E está lançando programa de compra de aparelhos usados para incentivar a troca por um novo celular, o que pode gerar desconto de até R$ 1,6 mil.



 Um cliente 4G é mais rentável porque usa mais dados. A rede é mais eficiente, o que permite um custo menor. Além dos preços menores dos aparelhos, aumentamos os planos, passando de uma franquia de 100 MB para a partir de 3GB. Hoje, o pré-pago já tem planos com até 1,6 GB ao mês.



'DÓLAR ALTO É DESAFIO PARA APARELHOS 4G'



Para Eduardo Aspesi, vice-presidente de Marketing e Vendas da Nextel, o crescimento de 4G foi acima do esperado em 2015, após o lançamento de planos com mais dados (até 10 GB) no mercado.



 O cliente quer mais dados. E vai usar. Esse é o futuro. Mas o dólar alto é um desafio para os aparelhos 4G, embora o aumento da escala compense em parte os preços maiores.





Mas tem mais. Ao longo de 2016, as operadoras já prometem nova tecnologia: a 4,5 G.


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