Leitura de notícia
O Globo Online (RJ) ( Economia ) - RJ - Brasil - 10-01-2016 - 10:54 -   Notícia original Link para notícia
Na crise, hora do ajuste entre o sonho e o tamanho do bolso

Planejar é chave para casar, viajar ou estudar no exterior durante a recessão


"Grandes eventos não são acidentes. Você tem tempo para planejar. É preciso orçar o sonho pessoal em valores atuais e avaliar se o preço cabe no bolso" Mauro Calil Fundador da Academia do Dinheiro


Na alegria e na tristeza. Na bonança e... na crise econômica. No início do ano, quem planeja fazer uma festa de casamento em tempos de arroxo no orçamento deve jurar fidelidade ao controle de gastos. Vale o mesmo para tirar da gaveta um projeto de grande viagem ou um intercâmbio cultural. A receita é fazer escolhas acertadas, que garantam o melhor custo-benefício e, principalmente, caibam no bolso. A favor do consumidor pesa o fato de os segmentos de eventos e viagens terem vivido um boom nos últimos anos. Com a grande oferta de profissionais, produtos e serviços, há maior oportunidade de se chegar a um valor do tamanho do orçamento.




MÔNICA IMBUZEIROOlho na planilha. Carolina Rodriguez segue à risca orçamento do casamento


É preciso orçar o sonho pessoal em valores atuais e avaliar se o preço cabe no bolso, considerando o prazo para arcar com o custo. O segredo é separar uma caixinha e colocar as economias numa aplicação financeira  ensina o professor Mauro Calil, fundador da Academia do Dinheiro.


Não é o momento de inverter prioridades, alerta:


Na crise é preciso avaliar cada gasto. Com a insegurança no emprego ninguém pode prescindir de um "colchão financeiro".


A regra é não mexer nessas economias, que podem ser usadas como socorro. No dia a dia, pequenos cortes de gastos, como abrir mão da sobremesa no restaurante, podem virar ajuda de peso em um ano. Ele descarta aplicar na caderneta, que tem rendimento abaixo da inflação, e sugere aplicações conservadoras de melhor rentabilidade, como opções de fundos DI. Para Daniel Sousa, especialista em finanças e professor do IbmecRJ, em eventos que vão mudar a vida, como casamento, é preciso considerar os gastos que vêm depois.


1 MILHÃO DE CASAMENTOS NO ANO Em 2014, o mercado de festas movimentou R$ 16,8 bilhões no país, contra R$ 14,8 bilhões dois anos antes. O Brasil bateu a marca de 1 milhão de casamentos ao ano. A previsão para 2015 era de 1,094 milhão.


 Desde agosto, foram menos eventos e menores. Os clientes elegem prioridades para ajustar o custo ao orçamento diz Ricardo Dias, presidente da Associação Brasileira de Eventos Sociais (Abrafesta)  Percebemos um freio de ao menos 20% em eventos, mas cada vez mais pessoas se casam.


Para festas, a lista de convidados é ponto de partida: vai nortear o custo do evento. O gasto médio por convidado, para um casamento na Zona Sul do Rio, é de R$ 550, diz a cerimonialista carioca Vanessa Aune:


 Com a crise, as pessoas estão fazendo festas menores para manter o patamar desejado.


Negociar com fornecedores, cortar brindes, contratar cerimonialista só para o dia da festa, pegar leve na decoração, usar flores da estação, escolher um lugar que ofereça um pacote completo de serviços são algumas formas de economizar.


 Quanto maior a antecedência, melhor para pesquisar preços e negociar aconselha Manoela Cesar, do blog Colher de Chá Noivas.


A engenheira Carolina Rodriguez prepara o casamento para dezembro:


Calculamos o quanto vamos gastar e seguimos isso cegamente. Minha prioridade era o local da festa. E optei por ter cerimonialista que, apesar do custo, facilita em orçamentos e orientações.


A jornalista Cláudia Rodrigues, que se casa em março, preferiu uma casa de festas que oferece todos os serviços.


Já a advogada Paula Machado, que se casou em junho numa casa em Santa Teresa, focou em música, bebida e fotos.


Para embarcar numa grande viagem a regra também é calcular gastos na ponta do lápis. Só em 2015, a valorização do dólar frente ao real beirou 50%. Agora, a tributação de 25% sobre remessas de pagamentos para o exterior, válida desde o dia 1º, torna o investimento maior.


Não há como fugir da tributação. Esperamos que a atual cobrança de 25% seja revista para 6,38%. Alertamos os passageiros do imposto. A crise não impede as viagens, basta adequar o custo do roteiro  diz Edmar Bull, presidente da Associação Brasileira de Agências de Viagens (Abav).


Esta semana, a Receita publica um ato disciplinando o assunto.


Bull recomenda a escolha do destino mais competitivo  trocar os EUA pelo Canadá, por exemplo, em razão do câmbio mais favorável , encurtar a estada, pesquisar preços, aproveitar promoções.


A crise levou o farmacêutico carioca Fabio Espínola, que trabalha numa multinacional americana no Rio, a realizar o sonho antigo de estudar inglês fora:


 Com dois filhos, crise e alta do dólar, este sonho parecia distante. Para superar minha deficiência com o idioma e garantir minha empregabilidade, decidi investir. Escolhi viajar para o Canadá na baixa temporada. Tomamos um empréstimo e usei milhas para a passagem.


A busca por qualificação profissional é crescente e persiste na crise como aposta em empregabilidade, conta Marcelo Melo, presidente da Belta, que reúne as agências de viagens educacionais. Mas, com inflação e dólar caro, o segmento está desaquecendo:


Em 2014, as viagens educacionais para o exterior cresceram 15%. Ano passado, na melhor hipótese, ficou estável. Com o dólar alto, os programas estão mais caros. A tributação vai pesar mais. Isso pode limitar as viagens apenas aos mais ricos.


Um programa de estudos no exterior de US$ 3 mil saía a R$ 7.800 em dezembro de 2014. Mês passado, custava R$ 11.500. Com a tributação, subirá para ao menos R$ 12.127 - alta de 55% em pouco mais de um ano. A estudante Bruna Valle, de 16 anos, passou dois meses estudando inglês na Califórnia, ano passado:



 Foi muito planejado. Passei dois anos economizando. Se fosse hoje, teria de viajar com bem menos dinheiro do que levei.


Nenhuma palavra chave encontrada.
O conteúdo acima foi reproduzido conforme o original, com informações e opiniões de responsabilidade da fonte (veículo especificado acima).
© Copyright. Interclip - Monitoramento de Notícias. Todos os direitos reservados, 2013.