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Portal EM ( Economia ) - MG - Brasil - 02-01-2016 - 13:02 -   Notícia original Link para notícia
Noel se foi, mas os aumentos não - 6h00

Pesquisa do EM mostra que, passado o Natal, o comércio eletrônico manteve remarcações sobre as tabelas antigas





Ivan Vieira se recusou a pagar os preços altos que pesquisou por um celular e decidiu adiar a compra (foto: Marcos Vieira/EM/D.A.Press)

Nem os indicadores negativos da economia em 2015 foram suficientes para o consumidor conquistar melhores descontos num comércio em crise. Apesar de o varejo ter amargado os piores resultados no Natal em uma década, bastou chegar próximo da data comemorativa para os preços decolarem. Levantamento feito pelo Estado de Minas nos sites de comparação de preços Zoom e Buscapé indica que mesmo depois de 25 de dezembro os preços estão mais altos que o verificado nos últimos seis meses. Uma das explicações do setor é o aumento do custo de produção associado à alta do dólar. Em parte dos casos, no entanto, o preço mais baixo verificado para os itens consultados foi registrado na primeira semana do mês passado, o que reforça a tese de que basta a chegada do Natal para os preços subirem.





Os principais sites de comparação de preços do país têm um mecanismo que permite ao consumidor conferir o preço atual em centenas de lojas Brasil afora e, em seguida, verificar o menor preço registrado para o mesmo produto nos últimos seis meses. Com isso, é possível observar se o preço praticado está muito acima da média. Dos itens pesquisados pelo EM, apenas um apresentou seu menor preço na semana seguinte ao Natal, um computador portátil (veja o quadro). Nos demais casos, o preço registrado nos últimos dias está acima do menor valor verificado em seis meses.

A geladeira duplex, por exemplo, cotada ao longo desta semana, custava R$ 2.659,05 na quinta-feira, enquanto em 1º de agosto era vendida por R$ 2.231,55, alta de 19,1%. A majoração de preços se dá mesmo num 2015 marcado por queda considerável de vendas. Segundo a Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros), as vendas de itens da linha branca (fogões, lavadoras e refrigeradores) devem recuar 20% em comparação com igual período do ano passado, ou seja, recuo mais acentuado que o acumulado nos três primeiros trimestres (13,69%).

A maior discrepância verificada na pesquisa do EM foi a de um monitor cardíaco para corredores: o preço dobrou entre 1º de outubro e 29 de dezembro, numa escalada com a aproximação do Natal. Em novembro, o item encareceu de R$ 299 para R$ 509 e atingiu o valor mais alto nos últimos dias. A alta de preços não se restringe a eletrônicos e eletrodomésticos. A lista incluiu um tênis para corrida. Em 1º de dezembro, o produto era comercializado em lojas virtuais das principais redes varejistas do país a partir de R$ 299,90, mas, com o Natal, ficou mais caro, passando a ser oferecido por R$ 439,90, elevação de 46,68%.

Na caçada por um celular para a sobrinha, o auxiliar de escritório Ivan Vieira terá que esperar até meados de janeiro para conseguir fechar a compra. Ele procura pelo aparelho há três meses. A expectativa era de que depois do Natal os preços finalmente recuassem, mas ao visitar lojas do Centro de BH na véspera da virada de ano, ele decidiu adiar o presente. "Não mudou nada. Os preços continuam os mesmos", reclama. Até mesmo na internet, segundo ele, os preços permanecem altos passada a data comemorativa. "A solução vai ser adiar a compra. Vou juntar o dinheiro para conseguir pagar à vista com desconto", afirma Vieira.

Situação semelhante foi enfrentada pela caseira Marta Neris. Ela procura um armário para o quarto. As propagandas anunciavam preço que caberia em seu bolso. Nas lojas, os cartazes anunciam descontos e mais descontos, mas, na prática, depois de visitar as lojas físicas das maiores redes varejistas do país, o que ela percebeu foram preços muito acima do esperado. "Se quiserem vender, vão ter que diminuir. Talvez depois do ano-novo os preços estejam mais baixos", diz Marta.

CUSTO DOLARIZADO

Para o vice-presidente da de Belo Horizonte (-BH), Marco Antônio Gaspar, a desvalorização do real ante o dólar significa aumento de despesas com a produção. "Vários custos são dolarizados e ainda existe a inflação embutida no período", afirma Gaspar. No segundo semestre de 2015, a valorização da moeda norte-americana foi de 25,47%. Ele argumenta, ainda, que em um período de seis meses as empresas podem ter feito promoções para desovar estoques, o que justificaria preços mais baixos em períodos anteriores ao Natal. "De repente, as empresas estavam com estoque alto e precisaram fazer queima com a margem [de lucro] reduzida ao máximo, e, agora, os estoques são feitos diante de um dólar em outro patamar, mais alto", afirma.

Gaspar acrescenta que a vigência a partir de 2016 da Emenda Constitucional 87, referente ao comércio eletrônico, pode ser um dos responsáveis pelo aumento de preços no e-commerce. A explicação é que parte do Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS) passou a ser destinado ao estado em que foi efetuada a compra. Como antes muitos estados desoneravam o imposto para atrair empresas, agora o ICMS será pago integralmente de acordo com a alíquota do estado de destino da mercadoria. Segundo ele, como a pesquisa do EM foi feita dias antes da virada do ano, as empresas já estariam precificando tal custo.


Palavras Chave Encontradas: Câmara de Dirigentes Lojistas, CDL
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