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O Globo Online (RJ) ( Economia ) - RJ - Brasil - 31-12-2015 - 10:35 -   Notícia original Link para notícia
Dólar teve a maior alta desde eleição de Lula

Cotação subiu 48,4% em 2015, levando os fundos cambiais a serem o melhor investimento no ano


Com a forte valorização, os fundos cambiais foram a melhor aplicação financeira dos últimos 12 meses



O dólar comercial fechou ontem a R$ 3,95, encerrando 2015 com valorização de 48,4%. Foi a maior alta da moeda americana desde os 53,2% de 2002, quando o mercado viveu o estresse da primeira eleição do ex-presidente Lula. Agora, pesaram as crises econômica e política domésticas e mudanças no cenário externo. A disparada da cotação fez dos fundos cambiais a melhor aplicação em 12 meses. -SÃO PAULO- O dólar comercial disparou em 2015 e registrou a maior alta em 13 anos. O ganho foi de 48,4%, o maior em um ano desde os 53,2% registrados em 2002, quando ocorreu a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência da República, gerando forte desconfiança no mercado financeiro. Com isso, não teve para ninguém, os fundos cambiais alcançaram facilmente o posto de melhor aplicação de 2015, com uma rentabilidade acumulada de 50,8%, bem acima do desempenho das demais categorias mais populares de investimento. Já as carteiras atreladas a índices de ações ficaram na lanterna, com perdas de 9,4%, enquanto a poupança rendeu apenas 8,07%, perdendo para a inflação.


Este ano, a alta da moeda americana esteve atrelada a fatores externos e internos. A divisa ganhou força globalmente, uma vez que a economia americana voltou a crescer e havia grande expectativa em relação à alta de juros nos Estados Unidos, que ocorreu apenas em dezembro. O crescimento menor da China também jogou para baixo o preço das commodities, como minério de ferro e petróleo, afetando as moedas dos países produtores dessas matérias-primas. Internamente, a retração econômica, o déficit nas contas públicas, a crise política e a perda do grau de investimento pelo Brasil fizeram o investidor buscar refúgio na moeda americana.


- O Brasil, neste momento, passa por uma das piores crises de sua história, com total incapacidade do governo de implementar medidas necessárias, quer seja por falta de apoio parlamentar, bem como por falta de convicção ideológica. Desse modo, os ativos mais favorecidos foram o dólar, o ouro e as aplicações a juros; e a prejudicada foi a Bolsa - avaliou Fabio Colombo, administrador de investimentos. BOLSA FECHA O TERCEIRO ANO EM QUEDA Entre as aplicações mais acessíveis, destaque para os fundos multimercados livres, que acumulam ganhos de 18,4% e os da categoria renda fixa simples, com rentabilidade de 13,7%, segundo dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) e que consideram o desempenho até 24 de dezembro.


Na avaliação de Eduardo Velho, economistachefe da INVX Global Capital Asset, o dólar deverá continuar subindo no próximo ano, mas dificilmente repetirá o desempenho de 2015. Por essa razão, ele vê como opção mais vantajosa, e menos arriscada, aplicar em instrumentos atrelados aos juros.


- Não vamos ter o overshooting (disparada forte) de 2015. A maior parte do ajuste foi feita e o Brasil já perdeu o grau de investimento. Por isso, acho que os juros, os investimentos pós-fixados, vão ser a melhor aplicação - afirmou.


Para Velho, esse tipo de investimento deverá apresentar bons ganhos durante quase todo o primeiro semestre, ainda mais porque há a expectativa do início de novo ciclo de alta de juros para conter a inflação, que deve fechar este ano perto de 11%. A próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) ocorre em 19 e 20 de janeiro. A taxa básica de juros, a Selic, está em 14,25% ao ano.


Já o investimento em ações fica em segundo plano. Com juros em alta e recessão, conseguir retorno bom com renda variável é mais difícil.


- Com esse nível de taxa de juros, fica realmente difícil justificar o risco da renda variável. Com essa Selic, a renda fixa fica absurdamente atraente - afirmou Alexandre Wolwacz, diretor da Escola de Investimentos Leandro & Stormer.


O Ibovespa, índice de referência da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), fechou 2015 com queda de 13,3%, o terceiro ano consecutivo de perdas. Enquanto os fundos que seguem índices da Bolsa caíram 9,38%, a categoria chamada ações livres recuou menos, 2,98%. Com mais flexibilidade, os fundos puderam alocar mais recursos nos papéis de melhor desempenho - os fundos Ibovespa devem seguir a composição do índice.


Wolwacz lembra que, mesmo com um ano ruim para a Bolsa, algumas empresas tiveram ganhos expressivos, como as exportadoras. Para ele, essa tendência deve ser mantida para 2016:


- A nossa perspectiva é continuar apostando nos setores exportadores, incluindo os de alimentação. As empresas farmacêuticas também devem ter bom desempenho. É um setor que sofre menos em momento de retração.      


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