Associação de lojistas revela que, descontada a inflação, faturamento nos centros de compras caíram 1% no Natal deste ano. Além disso, gasto com presentes foi 10% menor

Publicação: 27/12/2015 04:00

Dólar perto de R$ 4, inflação alta e crédito caro frearam os gastos dos consumidores nas lojas dos empreendimentos comerciais

São Paulo - As vendas de Natal nos shoppings tiveram queda de 1%, descontada a inflação do período, e tiveram o pior resultado dos últimos dez anos. Os dados foram divulgados ontem pela Associação Brasileira de Lojistas de Shopping (Alshop), após pesquisa realizada com cerca de 150 empresas de varejos associadas à entidade. Juntas essas redes somam 7.500 lojas em todo o país. A queda constatada nas vendas deste ano consideram os produtos comercializados nos shoppings no mês de dezembro. Em 2014, as vendas desse período tiveram crescimento real de 3% em relação ao Natal do ano anterior.

"Com crédito mais escasso, juros mais altos, dólar ao redor R$ 4 e inflação elevada não tem como obter resultado positivo nas vendas de Natal. O desemprego maior e as incertezas da economia e da política contribuíram para que o consumidor não gastasse", diz Nabil Sahyoun. Os lojistas esperavam gasto médio de R$ 110 por presente neste ano, mas o consumidor ainda gastou menos. "Foi 10% a menos do que prevíamos, o que mostra a retenção mesmo do consumo", afirma o executivo. No ano passado, a intenção de gasto médio superava R$ 120. "O setor varejista é muito sensível à atividade econômica. Com a atual conjuntura, já poderíamos prever que não seria possível ver as vendas crescerem", explicou Sahyoun

O faturamento dos shoppings chegou a R$ 145,0 bilhões. No ano, as vendas dos shoppings registraram queda de 2,8%, também já descontada a inflação do período, sem contabilizar o resultado dos 19 shopping abertos neste ano. Incluindo as lojas abertas nos 12 meses de 2015 eleva para 3,8% o tombo das vendas acumuladas. Dos oito segmentos do comércio pesquisados, seis tiveram desempenho negativo. Somente perfumaria e cosméticos (3,70%) e joias e relógios (3,20%) tiveram resultados positivos nas vendas.

Já o segmento de vestuário teve retração de 5,80%. Os produtos eletroeletrônicos, que têm componentes importados, "sofreram com a alta do dólar durante o ano e também com a redução do incentivo fiscal, principalmente na linha branca, e tiveram seus preços elevados e apresentaram queda real de 2,0% sobre 2014", explicou a Alshop. Entre os meios de pagamento, as vendas natalinas nos shoppings foram realizadas: 55% com cartões de crédito e débito; 25% com cartão próprio ou carnês das lojas; 10% com cheques e 10% em dinheiro.

Empregos Acompanhando os dados ruins de vendas, as contratações de empregados temporários também caiu neste ano em relação a 2014: foram 96 mil colaboradores contratados em 2015 contra 138 mil do ano passado, redução de 30%. "Nessa massa de contratações temporárias, o mercado varejista excepcionalmente neste ano, deverá absorver 15% ou 14 mil desses temporários em contratações definitivas para suprir futuras expansões e substituição de funcionários que tenham apresentado desenvolvimento insatisfatório", informou a entidade, em nota.

Enquanto isso...

...Redes na web festejam

Longe do pessimismo do varejo em geral, as lojas online registraram vendas de R$ 7,4 bilhões no Natal deste ano, com aumento de 26% em relação ao ano passado, segundo pesquisa do E-bit, especializado em informações do comércio eletrônico. O desempenho no período de 15 de novembro a 24 de dezembro superou as expectativas das empresas, que projetavam alta de 22%, com receita de R$ 7,2 bilhões. A Black Friday deu um empurrãozinho no resultado.