Os negócios do comércio varejista da capital mineira vão de mal a pior. No acumulado do ano, de janeiro a outubro, queda de 3,48% das vendas se comparado com igual período do ano passado. Trata-se do pior desempenho desde o início da série histórica em 2007, com mesma base de comparação. É o revela o termômetro de vendas da Câmara de Dirigentes LojistasCâmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDLCDL-BH). Já na análise de outubro de 2015 com mesmo mês do ano passado, a retração foi de 3,12%.
 
"Infelizmente, esses resultados já eram esperados e são decorrentes de uma política macroeconômica equivocada praticada ao longo dos últimos anos. Em decorrência disso, sabíamos que o quadro seria o que é hoje. O Brasil sempre gastou mais do que gera de caixa. Então, um dia a coisa iria explodir e explodiu mesmo", lamenta o presidente da CDLCDL/BH, Bruno FalciBruno Falci.
 
O dirigente acrescenta que os resultados negativos são atribuídos a diversos fatores como a desaceleração da atividade econômica, com destaque para alta da inflação, da taxa real de juros e do desemprego. Todos esses fatores, segundo ele, contribuem na mudança de comportamento do consumidor, que passou a ser mais cauteloso antes de ir às compras e fazer gastos. "O consumidor está com menos renda disponível, que tem sido corroída pela inflação. Então, ele pensa duas vezes antes de gastar, principalmente se estiver endividado".
 
Falci ressalta que muitas pessoas foram demitidas ao longo de 2015, o que influi diretamente nas vendas do comércio. "Em Betim, por exemplo, a Fiat Automóveis cortou vários postos de trabalho e o impacto no comércio local foi grande".
 
Crises - Segundo Falci, o Brasil que estava vivendo crises de caráter, financeira, econômica e política, agora tem a de credibilidade. "Estamos sendo massacrados pela política. Hoje, os três presidentes da República, do Senado e Câmara dos Deputados estão sendo questionados e investigados. O que esperar? É hora dos políticos do bem caírem fora do cenário".
 
O levantamento da CDLCDL/BH também mostrou que na análise de outubro deste ano com o mês anterior, as vendas do setor apresentaram redução de 0,78%. Falci explica que mesmo com o Dia das Crianças não foi possível alavancar os negócios. E no acumulado dos últimos 12 meses, a queda chegou a 3,65%
 
Diante da trajetória sucessiva de quedas de vendas, as perspectivas futuras não são otimistas. O presidente da CDLCDL/BH acredita que o comércio varejista belo-horizontino deve encerrar o ano com queda de 5,7% em negócios. "O Natal não será suficiente para recuperar as vendas perdidas do ano".
 
Em relação a 2016, o presidente da CDLCDL/BH diz que ainda não pode fazer previsão do desempenho do comércio, pois ainda é uma "incógnita" os rumos que serão dados em relação às crises moral, política e econômica. "Estamos vivendo um período de crise econômica de natureza estrutural, com entraves políticos e sem um plano consistente por parte do governo federal de crescimento a empresários e consumidores", afirma Falci.