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Portal O Tempo ( Economia ) - MG - Brasil - 14-12-2015 - 10:52 -   Notícia original Link para notícia
Vendedores de Histórias

Economia na base da colaboração


Em tupi guarani, 'mo' significa faz, e 'oca' é casa. Daí o nome da Mooca, uma loja totalmente colaborativa, feita por várias mãos, onde tudo é compartilhado: idéias, experiências, custos e público. A publicitária Fabiana Soares, uma das idealizadoras, explica que é espaço de empoderamento da economia criativa, um programa de aceleração que começou com workshops de gestão e precificação e culminou na loja, que vai ter um caráter sazonal, sempre dando oportunidades para novos grupos de produtores.


"A intenção foi juntar todo mundo, de forma que um pudesse complementar o outro. Por exemplo, tem produtor que faz estampas e tinha dificuldade de encontrar designer. Tem filhas que revitalizaram o ateliê de porcelana da mãe e também firmaram parceria com uma produtora que criou uma marca de chá e agora, além de cada produto separado, formaram kits para vender", explica uma das idealizadoras da Mooca, Fabiana Soares.


Além do aluguel, todos os gastos de manutenção da loja são rateados. "Dessa forma, mesmo pequenos produtores que não produzem em grande escala têm a oportunidade de vender seus produtos em um ponto comercial forte, na Savassi, que é metro quadrado mais caro da cidade", explica Fabiana. São 49 produtores e, a cada R$ 100 de despesas, cada um deles paga apenas R$ 2,04.


Prato cheio de tradição


Abraçar a oportunidade e transformar em um bom negócio. Foi isso que a família da artesã Silvana Pinto Rodrigues de Paula fez há cerca de dois meses, quando o trio formado pela mãe e as duas filhas, Ana Carolina e Júlia, virou quarteto: a "Maria" entrou para a família. É assim, apenas Maria, como se fosse uma pessoa, que elas se referem à empresa recém-criada, a fábrica de peças em cerâmica 'Maria, a Louça'. A Maria chegou em um momento em que Silvana estava desanimada e queria desativar o ateliê, e Ana Carolina, designer de produtos, ficou desempregada.


"Os produtos da minha mãe tinham perdido a identidade e eu não tinha tempo de me dedicar. Foi a chance que faltava", conta Carolina. Em outubro, ela e a irmã, Júlia, designer gráfica, criaram a a marca - uma referência às origens portuguesas da família, à tradição de Portugal em fazer cerâmica e uma brincadeira com a rainha Maria, a Louca, soberana do país no século XVIII. A "cara" dos produtos foi criada a partir de parcerias com artistas que criaram frases e ilustrações exclusivas.


O resultado são pratos, xícaras e bowls cheios de personalidade e histórias. "Quem compra busca essa história. Não é um produto que se encontra em qualquer esquina", diz Júlia.


Histórias como a da família de Silvana e Carolina estão cada vez mais comuns no Brasil. Pesquisa da Global Entrepreneurship Monitor (GEM), mostra que em 2002, o empreendedorismo no Brasil era feito por necessidade. De cada dez empresas abertas naquele ano, seis foram fundadas porque seus proprietários não tinham outra alternativa de negócio. Desde então, cresceu o número de empreendedores por oportunidade - aqueles que se preparam para ser empresários, conhecem o mercado e buscam um bom nicho. Hoje, eles são a maioria: 70,6% das empresas são abertas por oportunidade.


Sentimentos emoldurados


No lugar de madeira, um ídolo. Ao invés de tecido, uma data marcante. Nem vidro, nem metal, mas lembranças. Essas são as matérias-primas usadas pelo designer e artista plástico Fernando Carvalho, que transforma momentos especiais em cartazes. O projeto 'Um Cartaz, uma história' começou há um ano e meio e é um dos produtos expostos na loja colaborativa Mooca. "Primeiro a gente bate um papo para extrair da pessoa a história que ela deseja contar. E aquela conversa vai dando os elementos que vão orientar o trabalho. Cada cartaz traz uma história com um significado particular", conta Fernando.


Segundo o artista, expor o projeto na Mooca é participar de uma grande vitrine. "Além de dividir o espaço, trabalhamos com uma constante troca, criando parcerias. E é muito bom compartilhar o público. A pessoa entra na loja para comprar uma granola e conhece nosso trabalho. É uma divulgação incrível", destaca.


Além do 'Um Cartaz, uma história', Fernando também tem trabalhos em coparticipação na Mooca. "Tem um produtor, o Marcelo, que fez uma mesa e eu criei a estamparia que fica debaixo do tampo de vidro. Também fiz as estampas para cadernos em parceria com a Libreto", conta.


O valor do seu dinheiro


Pela primeira vez na história do comércio de Belo Horizonte, as vendas do Natal devem ser menores do que a do ano anterior. Segundo pesquisa da (-BH), o varejo deve movimentar R$ 3,09 bilhões, 2,15% a menos em relação a dezembro de 2014. Sete a cada dez pessoas afirmam que vão gastar menos e, para 28,3% dos consumidores, o maior entrave às compras deste ano é a inflação, seguido pelo desemprego, apontado por 18%.


Diante do atual cenário, o presidente da , , ressalta que a hora é de investir em presentes não apenas úteis, mas com significado. Segundo ele, é hora de deixar a criatividade extrapolar. "Outro dia, eu ganhei de presente um porta-retrato com uma foto de uma viagem que fizemos. A foto não custou praticamente nada e o porta-retrato ganhou um valor enorme", revela Falci.


De acordo com a analista do Sebrae-MG Sabrina Campos, diante da atual situação econômica do Brasil - o PIB já encolheu 3,2% até o terceiro trimestre deste ano-, o artesanato tem conquistado um espaço especial. "Não é só um presente, é algo que traz identidade cultural, traz tradição passada de geração para geração. É algo singular, produzido de maneira limitada e valoriza a pessoa que ganha porque demonstra que quem comprou teve muita atenção e carinho ao escolher aquele presente particular", destaca Sabrina.


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* Data da publicação: 13/12/2015


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Mariela Guimarães
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Pedro Gontijo
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Pós-produção 
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Palavras Chave Encontradas: Bruno Falci, Câmara de Dirigentes Lojistas, CDL
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