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Estado de Minas Online ( Feminino e Masculino ) - MG - Brasil - 06-12-2015 - 11:23 -   Notícia original Link para notícia
O império de Petitjean

O cenário é a França dos anos 1930, pré-emancipação feminina, pré-Segunda Guerra Mundial, momento de disputa entre as estilistas do momento: Coco Chanel e Elsa Schiaparelli. Mas em uma fábrica de perfumes próxima a Paris, a cabeça de Armand Petitjean, um viajado senhor de 50 anos que já havia tarbalhado em diversos continentes, estava tomada por um só pensamento, o de deixar de ser empregado na fábrica de perfumes de seu mentor, François Coty, e abrir o próprio negócio. Ao contrário daquele com quem havia aprendido a manipular a química das fragrâncias, ele queria fundar uma empresa baseada em conceitos caros aos nascidos sob a bandeira francesa: luxo, beleza, elegância. A descrição remete à fundação da Lâncome, em 1935. À época, Petitjean afirmou: "duas marcas americanas estão tomando o controle da indústria da beleza. A marca francesa deve ir pra cima delas".




Hoje, aos 80 anos, a empresa não só faz parte da história da cosmética mundial como é um bom exemplo de que muitas vezes a oportunidade pode surgir nas adversidades. Imagine que aquele empreendedor apostou todas as fichas em uma ideia. Elegeu como diretor criativo Georges Delhomme, decidiu lançar cinco perfumes de uma só vez - Tendre Nuits, Conquête, Kypre, Bocages e Tropiques-, todos em frascos luxuosíssimo (objetos desejo em leilões atuais) e idealizados para agradar às mulheres de diferentes continentes. Para apresentar os produtos, ele não economizou em pompa e circunstância e entrou pela porta principal da indústria naquela época, a feira de Bruxelas, na Bélgica. No entanto, pouco depois, a Grande Guerra estourou para dificultar tudo, desde a aquisição de matéria-prima até a distribuição dos produtos no mercado.



Frente aos problemas, Petitjean optou por inovar no lugar de desistir. Ali, buscou a ciência para criar também produtos de skincare. O primeiro deles, Nutrix (famoso até os dias atuais), foi um precursor em pesquisa biomimética, um creme nutritivo que continha não só soro natural, mas também ingredientes ativos com base em proteínas e vitaminas. E ele fez mais. Neste mesmo período, fundou a Ecole Lâncome, escola para formar embaixadoras da marca, numa antecipação dos representantes contemporâneos, porém com expertise baseada em formação científica e artística. Lá, as jovens tinham aulas de anatomia, fisiologia, tecnologia de produtos e técnicas de venda, massagem facial, desenho e modelagem na maquiagem, e de perfumaria - ministradas pelo próprio Petitjean. "A força de Lancôme vem da abordagem de antecipar constantemente as necessidades das mulheres. Não seguimos tendências só por fazê-lo: o nosso objetivo é sempre o de oferecer inovações que atendem a expectativas muito reais, não a fantasias", declara Ana Carolina Jacôme, gerente de Lancôme no Brasil.

Inovação Apoiada na inovação científica de cuidados para a pele e na propaganda boca a boca espalhada mundialmente pelas embaixadoras da marca, Lâncome tornou-se um fenômeno em produção e vendas não só de produtos cosméticos, mas do lifestyle francês.



Exemplo vem de um outro grande momento, o lançamento do batom Rose de France. Enquanto outras fábricas investiam em produtos de cor marcante e que ressecavam os lábios, Lâncome ofereceu um produto "capaz de deixar os lábios macios e brilhantes, como os de um bebê". Em 1939, a empresa já havia conquistado muitos mercados e eleito os seus símbolos: uma rosa para a perfumaria, um querubim para a maquiagem e uma flor de lótus para os dermocosméticos. "No século 18, a visão de beleza defendida por Lancôme era chamada de je ne sais quoi ( expressão idiomática que significa um algo a mais) que as revistas agora chamam de effortless chic (chique sem esforço). A força motriz por trás da marca sempre foi fazer a diferença na vida das mulheres. A empresa sempre acreditou que a beleza anda de mãos dadas com a felicidade. Assim, sua missão sempre foi fazer com que a vida das mulheres fosse mais bela e mais feliz", aponta Jacôme.



Essa história revelou ainda muitos lançamentos de sucesso, algumas controvérsias - Petitjean nunca aceitou a inovação dos batons em tubos de plástico no lugar das luxuosas embalagens da Lâncome, banhadas a ouro e finamente esculpidas - , e também crises, familiares e financeiras. Por fim, a Lâncome foi vendida para a L'oreal pouco antes da morte do fundador, em 1970, mas se estivesse vivo é bem provável que festejasse os rumos do negócio. "Lâncome é uma casa incrivelmente dinâmica, que tem se reinventado continuamente ao longo de 80 anos, ao mesmo tempo em que manteve os valores e a visão de seu fundador, Armand Petitjean. Ela pulsa com o mesmo desejo de transmitir os valores da excelência francesa, cada vez mais admiridos no mundo todo, seja em termos de perfumes, maquiagem ou skincare".



Atualmente presente em 130 países, a Lâncome traz entre os lançamentos mais recentes o Genifique advanced (ativador da juventude), Visionniare (corretor de rugas, poros e texturas), as máscaras de cílios Hypnose e Gradiôse (a primeira com patente no seu aplicador em formato de pescoço de cisne), além de Teint miracle (linha de bases que proporciona luminosidade e uma cobertura natural). Entre os perfumes, La vie est belle, L'Eau de toilette, além dos clássicos Trésor, Bocages, Tropiques. "O fundador lutou para elevar esta ciência ao nível de um ofício artístico e foi bem-sucedido ao fazê-lo. Hoje, os laboratórios Lancôme se beneficiam do trabalho de algumas das equipes de pesquisa mais avançadas do mundo em termos de alta tecnologia e as realizações são reconhecidas pela comunidade científica internacional, até mesmo além de suas aplicações no setor de cosméticos."


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