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O Globo Online (RJ) ( Economia ) - RJ - Brasil - 26-11-2015 - 11:16 -   Notícia original Link para notícia
Papéis do BTG perdem R$ 6 bi na Bolsa

Prisão de banqueiro desperta temor de investidores e leva a tombo de 21% no preço das ações


A prisão de André Esteves assustou o mercado financeiro. As ações do BTG chegaram a cair 38,9% na Bolsa, para depois fechar em queda de 21%. Segundo relatos de operadores, investidores, sobretudo estrangeiros, resgataram aplicações que tinham no banco, mas não há preocupação no mercado sobre a solidez do BTG para enfrentar a crise. Com R$ 154,6 bilhões em ativos, o BTG é o oitavo maior do Brasil e o maior banco independente de investimentos da América Latina. Com Esteves preso, executivos de empresas de diferentes setores demonstraram preocupação com o rumo de negócios que estavam sendo intermediados pelo banqueiro, como a fusão entre Oi e TIM e a renegociação entre a Sete Brasil, de sondas de petróleo, e a Petrobras. -RIO E SÃO PAULO- A prisão de André Esteves provocou, ontem, tensão aos investidores do BTG Pactual, do qual é o principal sócio e diretor executivo. As ações do banco de investimentos chegaram a despencar 38,9% durante a tarde na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) mas acabaram fechando com tombo de 21%, a R$ 24,40. Foi a maior queda já registrada pelo banco desde que estreou na Bolsa, em 2012, e também sua menor cotação. A desvalorização fez evaporar R$ 6,09 bilhões do valor de mercado da empresa, para R$ 22,9 bilhões. Mas o nervosismo contaminou o mercado como um todo: o índice Ibovespa recuou 2,94%, enquanto o dólar avançou 1,24%, a R$ 3,749.



- Os investidores estão perplexos com a prisão de uma pessoa de tamanha expressão, que já esteve no Fórum de Davos. Em um momento como esse, o primeiro a pular fora é o estrangeiro, que não tolera esse tipo de risco no portfólio - afirmou Ricardo Zeno, da AZ Investimentos.


Após o fechamento do mercado, o BTG anunciou um programa de recompra de 23 milhões de ações do próprio banco, a ser feito em 18 meses. Na avaliação de José Eduardo de Toledo Abreu Filho, economista-chefe da Plena Consultoria, a operação é usada por empresas que avaliam que o valor da ação não está adequado. Para ele, a escolha de Persio Arida para a presidência interina do BTG é um sinal de que a gestão profissional continuará e outra investida para "minimizar o estrago".


- O BTG viu que a desvalorização das ações foi exagerada, uma vez que não é o banco que enfrenta um problema, mas o André Esteves. As ações ficaram baratas e o banco aproveitou para comprar, uma forma de preservar seu valor e enviar uma mensagem ao mercado - explicou Alexandre Espírito Santo, economista da Órama. SAQUE DE RECURSO Além do programa de recompra de ações, para conter a sangria dos papéis o BTG foi atuar com força na compra de suas próprias ações por meio de sua corretora ao longo do pregão de ontem. Arida também usou seminário com 400 investidores que já estava marcado no Rio para tentar acalmar a situação. De acordo com o relato de investidores que participaram do evento fechado do BTG Pactual, Arida usou a expressão business as usual, um jargão para expressar que o negócio seguirá e nada muda. Disse ainda que o banco não é feito somente de um sócio e que o BTG é um banco firme.


Gestores de recursos relataram que investidores tomaram a decisão de sacar os recursos do banco e de seus fundos.


- Os fundos de pensão já estavam com o pé atrás de um mês para cá, preocupados com o impacto da indefinição sobre o futuro da Sete Brasil no BTG - disse essa fonte, que preferiu não ser identificada.


Nos fundos administrados pelo BTG ou que têm papéis do banco, o efeito de possíveis resgates só vai aparecer nos próximos dias, já que diversas carteiras têm prazos para a saída efetiva do dinheiro. Ontem, gestores foram cautelosos com relação ao temor dos clientes, e muitos tiveram recomendação das chefias para não comentar a prisão de Esteves.


Também está difícil encontrar ações do BTG para alugar, o que mostra que a aposta do mercado é que o banco vai perder ainda mais na Bolsa. Ações alugadas são vendidas no mercado à vista na esperança de que a cotação caia. Depois de um tempo, o locatário compra aqueles mesmos papéis por um valor menor e os devolve ao locador, embolsando a diferença.


- Não tem mais papel do BTG para alugar. E só quem está comprando ações do BTG é a própria tesouraria do banco ou fundos por ele administrados - ressaltou o profissional de uma corretora.


Na tentativa de dissipar o medo, a BTG Serviços Financeiros, que administra seus fundos, chegou a enviar comunicado a clientes lembrando que, pelas regras da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), os recursos dos cotistas são aplicados em contas específicas, não tendo relação com o patrimônio do banco. R$ 16 BI EM TÍTULOS EMITIDOS Um total de 412 fundos de investimentos têm R$ 16,059 bilhões em títulos bancários emitidos pelo BTG Pactual, segundo levantamento da consultoria Economática. São carteiras com Certificados de Depósitos Bancários (CDBs) e Depósito a Prazo com Garantia Especial (DPGEs) do banco ou da BTG Serviços Financeiros.


A maior exposição está nos fundos da Bradesco Asset Management (Bram), que tem R$ 6,7 bilhões nos dois instrumentos distribuídos por 71 carteiras de investimento. Na sequência aparece a BB DTVM, com R$ 3,5 bilhões em 42 fundos de investimentos.


Os dois títulos têm garantia do Fundo de Garantidor de Crédito (FGC), que garante até R$ 250 mil investidos em papéis de uma única instituição. No entanto, um fundo é considerado como um investidor, mesmo que possua vários cotistas. Segundo o Banco Central, o BTG é o oitavo maior banco do país e tinha ativos totais de R$ 154,6 bilhões no fim de 2014. É também o maior banco independente de investimentos da América Latina.


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