Leitura de notícia
Estado de Minas Online ( Gerais ) - MG - Brasil - 01-11-2015 - 10:31 -   Notícia original Link para notícia
Protesto colorido e perfumado

Moradores vão enfeitar praça com flores, em ato contra os fiscais da PBH



Carlos Geraldo só quer autorização para vender as suas flores na Região Leste


Moradores do Bairro Santa Tereza, na Região Leste de Belo Horizonte, fazem um protesto diferente hoje de manhã na Praça Duque de Caxias, que será enfeitada com muitas flores. A manifestação é contra uma ação da fiscalização da Prefeitura de Belo Horizonte que, em junho, apreendeu todas as flores de Carlos Geraldo Ferreira, de 54 anos, que trabalhava como florista no bairro há 24 anos, e o proibiu de continuar exercendo a atividade com a qual ele sustentava a família. A apreensão ocorreu na antevéspera do Dia dos Namorados, e Carlos teve todo o estoque de flores que carregava em um carrinho confiscado pela PBH, sob o argumento de que a venda de rosas, violetas e outras espécies é uma atividade que não é passível de licenciamento nas ruas da cidade.
Desde então, o florista conta que está sem o sustento de cerca de R$ 2 mil por mês. Dinheiro que garantiu a criação de cinco filhos. "Eu morava em Ribeirão das Neves e construí a minha vida vendendo flores. Comprei um lote no Bairro Paulo VI (Nordeste de BH) e construí minha casa. Fiz amizade e clientes fiéis no Santa Tereza, mas desanimei depois que a prefeitura levou minhas flores. Eu tinha cerca de R$ 2 mil de mercadoria", conta o florista. Carlos diz que atualmente tem feito trabalhos esporádicos de jardinagem e chegou até a conseguir um emprego de servente de pedreiro, mas não teve condições de continuar por causa de uma dor na coluna. "É a segunda vez que eu perco minhas flores. Há 10 anos, a prefeitura também tomou meu carrinho. Desta vez, como fiz um carrinho maior, eles não conseguiram levá-lo. Ele agora está na casa de um conhecido em Santa Tereza, onde minha mulher está trabalhando", revela.

PATRIMÔNIO DO BAIRRO Preocupado com o futuro de Carlos, o produtor cultural Pedro Martins, de 45, nascido e criado em Santa Tereza, organizou pelo Facebook a manifestação programada para hoje na Praça Duque de Caxias. "O Carlos era conhecido da minha avó e já vendia flores para ela. Ele virou praticamente um patrimônio do bairro, porque muita gente o conhece, não faz mal para ninguém e também não obstrui a passagem de ninguém. Queremos recolher 2 mil assinaturas para pedir o ressarcimento das flores apreendidas e também que ele seja autorizado a trabalhar", diz Pedro. Até ontem à tarde, o evento contava com 1,3 mil pessoas convidadas. "Dentro da democracia, foi a forma que encontramos para manifestar nossa indignação. Na semana que vem, o abaixo-assinado será entregue à Regional Leste da prefeitura", completa Pedro.
Em nota, a Regional Leste informa que, segundo o Código de Posturas de BH, a atividade de vendedor de flores não é passível de licenciamento e considerada ilegal, portanto, sujeita a apreensão. "Ressaltamos que a ação de apreensão das flores foi rotineira, sendo apreendidos diversos produtos como CDs, DVDs e demais irregularidades constatadas pelos fiscais. No caso das flores, é possível reaver o material e para isso é necessário ir à sede da Regional Leste, localizada na Rua Lauro Jaques, 20, Bairro Floresta, e pagar a multa, que varia de R$ 671,86 a R$ 1.612,50", diz o texto encaminhado pela regional.


Nenhuma palavra chave encontrada.
O conteúdo acima foi reproduzido conforme o original, com informações e opiniões de responsabilidade da fonte (veículo especificado acima).
© Copyright. Interclip - Monitoramento de Notícias. Todos os direitos reservados, 2013.