Leitura de notícia
Estado de Minas Online ( Economia ) - MG - Brasil - 25-10-2015 - 11:00 -   Notícia original Link para notícia
Dos gramados para o campo dos negócios

Com salários altos, mas carreira curta, atletas investem em projetos como espaços para ginástica, sites, locação de carros de luxo e construção para garantir a aposentadoria


Em campo, Fábio e Lucas Pratto duelam nos jogos entre Cruzeiro e Atlético. Fora dos gramados, a concorrência dos dois se dá no âmbito dos negócios. O goleiro cruzeirense e o atacante argentino são donos de academias de ginástica em Belo Horizonte. Detalhe: a disputa é ainda maior se considerada a localização das empresas, a distância entre as duas é de menos de dois quilômetros. Assim como os dois jogadores, muitos outros aproveitam os salários estrelares para pôr em prática o lado empreendedor. Os investimentos vão desde imóveis até o aluguel de limusines.




A academia F1 Fitness, marca associada ao nome do goleiro e ao número de sua camisa, foi aberta em abril do ano passado, o que dá vantagem ao goleiro. A unidade, no Bairro Cidade Nova, já tem 1 mil alunos. E o goleiro já planeja abrir outras duas. "Sempre tive o sonho de investir em uma coisa de que eu gostasse. Fiquei com esse pensamento e Deus foi direcionando", afirma Fábio. Além da academia, o jogador tem outros negócios, como uma fazenda de eucalipto e um apart-hotel. "Sempre observo coisas concretas, não só aventuras no mercado", diz.



Perto dali, no Bairro Cachoeirinha, o atacante atleticano dá nome a um empreendimento criado em parceria com outros sócios. Na cerimônia de inauguração da academia, 10 dias atrás, o argentino disse ser preciso diversificar os negócios por causa da curta duração da carreira de atleta.  Não sabemos o que pode acontecer amanhã. Ainda tenho quatro anos de contrato. O importante é que estamos felizes", disse na ocasião. O atleta investiu R$ 3 milhões na primeira das unidades e já projeta outras. O investimento em academias de musculação por jogadores remete ao goleiro Dida, que, ainda no Cruzeiro, montou uma unidade em um shopping de BH na década de 1990.



A proximidade da hora da aposentadoria instiga muitos jogadores a empreender para ter uma ocupação com o fim da carreira futebolística. O volante Leandro Guerreiro, ex-Cruzeiro e, atualmente, no América, reconhece a curta duração da carreira de jogador de futebol. "Nós paramos no auge. É a idade que um médico está começando a ter reconhecimento", diz ele, aos 37 anos. De olho nisso, ele e a esposa enxergam uma possível oportunidade de investimento no mercado de aluguel de limusines. Os carrões já circulavam por outras capitais brasileiras, mas Belo Horizonte, onde ele mora há cinco anos, não havia ninguém explorando o nicho. "Minha filha tinha visto os carros rodando no Rio. Quando viemos para BH, pediu uma festa em uma limusine. Aí nos perguntamos por que aqui não tinha e começamos a pesquisar", recorda o jogador.



Inicialmente, o casal, em parceria com um amigo dos tempos de Rio de Janeiro, adquiriu dois carros. Mas, como o maior deles era rosa, o aluguel para meninos ficava restrito. Isso somado à demanda crescente fez com que ampliassem os investimentos, comprando um terceiro carro para a BH Limousines. "Não tinha mais agenda", diz Leandro. Hoje, quase dois anos depois do começo do serviço, dois terços dos passeios são encomendados para festas infantis. O restante é destinado a público diversificado, de casamentos a festas para senhoras com mais de 80 anos. Por enquanto, o negócio é tocado principalmente pela mulher e o sócio, mas o atleta já projeta maior participação com a aposentadoria. "Penso nisso. E a empresa caiu como uma luva. Qual homem não gosta de mexer com carro?", afirma.



O lado empreendedor do atacante Rafael Moura também falou mais alto ao associar-se com amigos nerds de infância para montar uma empresa desenvolvedora de sites que vendem produtos. O carro-chefe é o site Futebolaria, no qual são vendidos produtos voltados para torcidas de futebol. Exemplo: são elaboradas camisas com frases cantaroladas nas arquibancadas. E mais: os próprios clientes têm a possibilidade de criar estampas e os produtos ficam à venda no site. Em troca, ele recebe 5% pela autoria. "Teve um torcedor que ganhou R$ 2 mil em três dias. Ele vendeu 10 mil produtos com a frase que ele criou", afirma.



"Estou curtindo essa diversificação dos investimentos", afirma o jogador, formado nas categorias de base do Atlético e hoje no Internacional. Ele ainda tem outros negócios mais tradicionais (imóveis, lojas etc.). "Tudo é bem diferente do meu meio. Em outras coisas está só meu dinheiro. Isso eu gosto de trabalhar", afirma. Morando em Porto Alegre, Moura dá seus pitacos nos negócios da empresa pela internet e às vezes participa de reuniões em BH.

Imóveis Apesar de a maioria dos atletas-empresários buscar temáticas ligadas ao esporte, o jogador Gilberto Silva, com passagens por América e Atlético e campeão do mundo com a Seleção Brasileira, decidiu abrir uma construtora. De tanto ouvir que era um dos investimentos mais seguros, inicialmente o dinheiro que recebia era investido em imóveis, até que, em 2011, abriu a empresa. De lá para cá, sete prédios já foram construídos. Hoje, com o mercado em baixa, busca outras oportunidades dentro do setor. "Fui bem autodidata ao buscar conhecimento e em querer empreender", afirma.



Assim como outros jogadores, Gilberto vem de família mais pobre e o futebol foi uma saída para a falta de oportunidades. Com os primeiros salários no Galo ele pôde juntar uma parte dos rendimentos até um dia conseguir realizar o sonho de comprar uma casa melhor para os pais. Com a construtora, diz ter se emocionado ao entregar as chaves para um casal de garis. "Foi superemocionante. Remete ao meu passado, ao primeiro imóvel que meu pai conseguiu comprar depois que foi mandado embora da empresa onde trabalhava", afirma.



E é da infância e da adolescência, quando trabalhou como servente de pedreiro e em uma fábrica de caramelos, que aprendeu a lidar com o dinheiro. "Essas experiências me deram consciência, zelo na hora de administrar as questões financeiras", diz o jogador, recuperado de uma lesão no joelho, mas ainda sem clube.


Nenhuma palavra chave encontrada.
O conteúdo acima foi reproduzido conforme o original, com informações e opiniões de responsabilidade da fonte (veículo especificado acima).
© Copyright. Interclip - Monitoramento de Notícias. Todos os direitos reservados, 2013.