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O Globo Online (RJ) ( Economia ) - RJ - Brasil - 24-10-2015 - 12:57 -   Notícia original Link para notícia
Dólar alto ajuda, e déficit das contas externas cai 63%

Saldo de setembro fica negativo em US$ 3,1 bilhões


47% FOI A QUEDA
Dos gastos dos brasileiros com viagens em relação ao ano passado US$ 6 BILHÕES
Foi o total de investimento direto recebido pelo país em setembro


Em meio a indicadores cada vez piores por causa da recessão, as contas externas são o ponto forte da economia brasileira. Com o dólar valorizado, o Brasil conseguiu reduzir em 63% o déficit das contas externas em setembro. O resultado de todas as trocas de serviços e do comércio do Brasil com o resto do mundo ficou negativo em US$ 3,1 bilhões, o melhor desempenho para o mês nos últimos dois anos. Mesmo com a crise, o país continua a receber investimentos, que já financiam com folga o déficit externo.


No mês passado, o país recebeu US$ 6 bilhões em investimento direto, de acordo com dados divulgados ontem pelo Banco Central. Esse é considerado o melhor tipo de recurso que vem do exterior porque aumenta a capacidade de produção das fábricas. É foi mais que suficiente para cobrir o déficit.


FUGA DA RENDA FIXA


No ano, o rombo das contas externas é de US$ 49,4 bilhões: 33% menor que nos nove primeiros meses de 2014. É quase o que o Brasil já recebeu de investimento direto, US$ 48,2 bilhões. A projeção tanto para o déficit quanto para a entrada de recursos produtivos é a mesma: US$ 65 bilhões neste ano.


- Os investimentos diretos no país estão sendo capazes de financiar o déficit. Isso é importante porque é uma fonte de mais longo prazo e mais estável de financiamento - comentou Fernando Rocha, chefe-adjunto do Departamento Econômico do BC, que projeta a entrada de US$ 5,7 bilhões este mês em investimentos diretos.


De acordo com o Banco Central, a situação econômica também contribui para o ajuste das contas externas, já que o país exporta mais, importa menos e diminui os gastos com serviços. Com o dólar nas alturas, várias despesas são cortadas como as viagens para o exterior. Os desembolsos com turismo caíram quase pela metade.


No mês passado, os brasileiros gastaram US$ 1,3 bilhão com viagens: 47% a menos do que no mesmo mês do ano passado. É um reflexo direto da alta da moeda americana. Por isso, a cada mês, os gastos caem com mais força. No acumulado deste ano, as despesas com viagens internacionais somaram US$ 14,1 bilhão, 28% de queda.


- Teve uma queda geral. A gente pode ter um cenário ainda pior - previu o diretor da distribuidora de câmbio Cotação, Alexandre Filho.


Ele ressaltou que muitas das viagens feitas nos primeiros nove meses do ano foram fechadas com antecedência, ou seja, quando o dólar não estava tão caro.


Se, por um lado, a crise econômica ajuda as contas externas, a crise política tem impacto direto numa rubrica específica. Os investidores deixaram de aplicar em renda fixa no Brasil no mês passado. Houve uma saída de nada menos que US$ 3,6 bilhões em setembro, já descontado tudo o que foi investido. No mesmo mês do ano passado, o país registrou uma entrada de US$ 3,6 bilhões.


- O conjunto de avaliações da situação econômica atual é importante na avaliação dos investidores estrangeiros. A taxa de juros pode ser mais atrativa, mas a incerteza em relação ao câmbio pode diminuir o lucro do investidor. Além disso, a perspectiva em relação à situação econômica pode contribuir para a saída de renda fixa - explicou Rocha, que antecipou que, em outubro, deve haver uma nova saída líquida de R$ 1,5 bilhão.


- É claro que a situação brasileira é muito difícil e muito incerta, mas, se há saída de renda fixa, há entrada em ações - completou.


Para o BC, um dos fenômenos que podem explicar a entrada de US$ 611 milhões em ações e a saída de aplicações em renda fixa seria a migração de investidores. Ou seja, os estrangeiros querem manter a exposição ao país, que tem juros altos, mas sem o aporte nos fundos recheados de títulos do governo.      


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