O agravamento da crise econômica, com aumento do desemprego e queda do poder de compra da população, já reflete em um maior índice de inadimplência no Estado. � o que aponta o último levantamento do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) junto às Câmaras de Dirigentes Lojistas (CDLs) de Minas Gerais. Em setembro, o número de dívidas em atraso apresentou crescimento de 6,24% na comparação com o mesmo mês do ano anterior (5,99%). O pior resultado dos últimos três anos.

"Só não está ainda pior porque os consumidores estão comprando menos e, com isso, as dívidas também diminuem. Não gostaria de jogar um balde de água fria nos comerciantes, mas tudo indica que, diante da atual situação do País, teremos o pior Natal da última década", destaca o presidente da CDLCDL/BH, Bruno FalciBruno Falci.

Ele explica que o crescimento das dívidas é reflexo de um conjunto de fatores, entre eles o aumento da inflação, que corrói a renda do consumidor e, principalmente, da falta de dinheiro circulando na economia.

"Hoje vemos claramente que o custo de vida das famílias aumentou, as pessoas estão ganhando menos ou estão desempregadas. Ainda têm os juros elevados, que dificultam o pagamento das contas, pois o valor da dívida cresce a cada dia", explica.

Por outro lado, na comparação com o mês anterior (agosto de 2015), o número de dívidas em atraso caiu 0,22%. Para Falci, isso é explicado pela entrada de capital extra na economia por meio do pagamento da primeira parcela do 13º salário para os aposentados e pensionistas.

Na comparação entre setembro e o mesmo mês do ano passado, a maioria das dívidas registradas no SPC das CDLs de Minas Gerais foi registrada entre os consumidores com idade entre 50 e 64 anos (9,89%). No entanto, entre os mais jovens (18 a 24 anos), os registros de inadimplência apresentaram queda de -8,49%.

Brasil - No Brasil, o índice de inadimplência também cresceu. Somente no mês de setembro, o número de consumidores com contas atrasadas aumentou 5,45% em relação ao mesmo período de 2014. Em agosto, a variação anual já havia sido significativa, de 4,86%.

Dados da Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL) mostram que, até setembro, 38,9% da população adulta do País (na faixa entre 18 e 94 anos) estava com o nome registrado no cadastro de devedores, o equivalente a 57 milhões de pessoas. Só nos nove primeiros meses do ano, houve um aumento líqüido de 2,4 milhões de CPFs negativados em todo o território nacional.

A quantidade de dívidas individualmente não pagas também subiu 6,63% no mês passado na comparação anual. Quando considerado o mês imediatamente anterior, contudo, o número de débitos não quitados caiu 0,91%.

Na divisão por região, o Sudeste lidera a participação no número de inadimplentes, mas foi no Nordeste e no Sul que a quantidade de devedores cresceu mais: 7,85% e 6,84%, respectivamente. No Centro-Oeste, Norte e Sudeste as variações também foram positivas: 6,28%, 4,03% e 3,18%, respectivamente.