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Diário do Comércio online - BH (MG) ( Finanças ) - MG - Brasil - 21-10-2015 - 10:45 -   Notícia original Link para notícia
Juro elevado penaliza economia brasileira

A possível manutenção da taxa básica desagrada entidades econômicas e empresariais de Minas ouvidas pelo DC


A provável manutenção da taxa básica de juros (Selic) pelo Banco Central (BC) em 14,25% ao ano, a ser anunciada hoje pelo Comitê de Política Monetária (Copom), não agrada a maioria dos economistas e representantes dos setores produtivos de Minas Gerais. Embora o governo justifique a medida como forma de evitar um aumento ainda maior da inflação, as fontes consultadas argumentam que a política econômica do governo corrói o poder de compra da população e inviabiliza os investimentos por parte das empresas, além de elevar a dívida pública do Brasil.

O presidente do Instituto Mineiro de Mercado de Capitais (IMMC), Paulo ngelo Souza, afirma que a manutenção da taxa vai penalizar mais uma vez o setor produtivo, que já vem sendo prejudicado pelo grande volume de impostos. "Mas a verdade é que o governo não tem outra proposta como política econômica e enxerga a solução para alta dos preços apenas no aumento dos juros. Enquanto isso, as empresas não investem, o desemprego começa a aumentar e a inflação continua subindo", diz.

O ideal, segundo Souza, seria que o governo realizasse uma reforma econômica e tributária, o que, conforme ele, não vai ocorrer. "De maneira complementar era necessário ainda a redução das taxas de juros como forma de incentivar a economia. Mas tudo tem sido feito no sentido oposto, castigando as empresas e as pessoas", lamenta.

O próprio BC já afirmou que a queda da inflação depende de uma melhora no resultado das contas públicas, o que além de segurar a demanda contribuiria para reduzir incertezas que travam os investimentos e conter a alta do dólar. Neste sentido, a economista da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) Daniela Brito ressalta que a entidade vê dificuldade nessa retomada no curto prazo.

"Acreditamos, inclusive, que o ciclo de aperto possa ser retomado, porque há dificuldade em voltar à meta de 4,5% ao ano. Mesmo porque, o aumento de juros tem outros efeitos colaterais para a economia, como a elevação da dívida pública, o encarecimento do crédito e a inibição de investimentos", avalia.

Assim, conforme Daniela Brito, embora o aumento da taxa básica de juros seja a receita tradicional para contenção da inflação, que a seu ver é o principal papel do Banco Central neste momento, a medida já não se torna mais a melhor opção.


Picos - Já a economista da de Belo Horizonte (-BH), Ana Paula Bastos, ressalta que a manutenção da Selic por parte do Copom se justifica pelo fato de a inflação seguir alta, porém sem picos. Para ela, a eficácia da estratégia já ocorreu, e qualquer aumento daqui para frente prejudicaria ainda mais o setor produtivo, que gera emprego e renda no País.

"No curto prazo o efeito já está sendo sentido, porque as pessoas não estão consumindo. No longo, as conseqüências só serão conhecidas a partir do momento que as taxas começarem a cair", afirma.

Segundo a economista, o patamar de 14,25% já está prejudicando os investimentos, que são inversamente proporcionais à taxa de juros. Como conseqüência, de acordo com ela, é cada vez maior a retração da atividade econômica.

"A medida mais adequada para o momento é manter. Abaixar ainda não é viável, porque a inflação está bem acima do teto da meta. Além disso, não temos um pacote de medidas econômicas eficiente, que seria a grande solução", pondera.

Por fim, o diretor regional da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Marcelo Luiz Veneroso, destaca que a inflação vivida hoje pelo País não é decorrente de consumo, mas dos preços administrados, como da energia, combustíveis e até mesmo dos juros.

"O mercado e a própria Abimaq acreditam na manutenção. O ideal seria redução, porque o País e o setor industrial precisam respirar. Os juros no patamar que estão são altamente recessivos. Com isso, a arrecadação vai continuar caindo, já que a política adotada está sufocando o setor produtivo, que é quem contribui", diz.

De qualquer maneira, Veneroso afirmou que a manutenção vai continuar provocando mais malefícios do que benefícios à economia brasileira. Isso porque, segundo ele, o nível já é está bastante elevado. "Mas, subir seria pior", ameniza.


Palavras Chave Encontradas: Câmara de Dirigentes Lojistas, CDL
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