O forte crescimento populacional e econômico faz do Barreiro o segundo polo empresarial, industrial e comercial da capital mineira,atrás somente do Centro

Carolina Cotta

Publicação: 17/10/2015 04:00

Ruas têm construções modernas, entre casas e edifícios, tranquilas e arborizadas

Lucas Lacerda diz que diferencial do J-San Japa Lounge é a personalização do atendimentoA Regional Barreiro tem números de cidade grande. Se fosse um município, seria o oitavo mais populoso de Minas Gerais: por lá há mais moradores que em Governador Valadares, Ipatinga, Sete Lagoas e Divinópolis. Das regionais da capital, também é a maior em área, fazendo os limites de BH com Contagem, Ibirité, Nova Lima e Brumadinho. Isso deu ao Barreiro uma dinâmica própria e uma posição de independência em relação ao conjunto da cidade.

A história do lugar se mistura com a de BH. O povoamento surgiu para suprir a nova capital de alimentos e se concentrava ao redor dos córregos da antiga Fazenda do Barreiro, que deu nome ao lugar. Em 1948, o desenvolvimento da cidade chegou à colônia agrícola, transformada na primeira cidade-satélite de Belo Horizonte. A construção da Estrada de Ferro Central do Brasil, onde hoje está a Estação BHBus Barreiro, impulsionou a vinda de novos moradores. Hoje, uma das maiores expectativas da população é a chegada do metrô.

O Barreiro se desenvolveu com a migração de algumas empresas para o entorno da Região Central da capital, e com o aumento do potencial de consumo promovido por isso. O crescimento da população expandiu as bases comerciais pela cidade, contribuindo para a inserção da indústria e ampliação dos serviços e fazendo parte da população conjugar proximidade do trabalho com a residência. Esse novo perfil do consumidor e essa mudança social levaram à abertura de novas empresas e à construção de um importante polo comercial para o município.

Mas foi a chegada da antiga Mannesman, em 1952, hoje Vallourec, que mudou a cara do lugar. Belo Horizonte ganhou, naquele momento, um importante núcleo industrial. A instalação da siderúrgica impulsionou o crescimento dos bairros vizinhos e atraiu outras fábricas, hoje cerca de 400. Os mais de 5 mil estabelecimentos comerciais e 4,5 mil prestadores de serviço foram responsáveis, no passado, pela instalação de uma seção da Câmara de Dirigentes LojistasCâmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDLCDL-BH) exclusiva para a regional.

Segundo Gustavo Mansur, diretor da Mansur Imóveis, com quase 40 anos de atuação na regional, o comércio é bem desenvolvido. "Há pouca oferta de imóveis para venda e muita procura. O Barreiro é uma região comercial complexa e completa. Quem vive ou trabalha aqui tem toda a oferta de serviço e comércio da qual precisa. Por isso, o Barreiro tem essa característica de parecer uma cidade à parte, como se fosse uma cidade do interior colada à capital", explica. A regional atrai, principalmente, investidores em função da rentabilidade. "É certeza de que o imóvel comercial estará sempre alugado. Apesar do ViaShopping, atrelado à Estação BH Bus, segundo Gustavo o comércio ainda tem características bem populares.

ZONA INDUSTRIAL A arrecadação de alguns impostos municipais não surpreende: o Barreiro representa pouco mais de 4% do IPTU e outras taxas imobiliárias. Isso porque a renda per capita dos moradores do Barreiro não é muito alta em comparação a outras regiões administrativas, o que torna o preço dos imóveis mais baixos. Mas quando se fala em geração de riqueza, o Barreiro salta aos olhos. A regional tem uma dinâmica econômica menor que outras regiões da cidade em números de empresas, mas como é uma zona industrial seu valor agregado certamente contribui para a economia de forma expressiva.

Isso não quer dizer que não exista espaço para serviços direcionados ao público das classes A e B. O J-San Japa Lounge, aberto em 2009 na Avenida Sinfrônio Brochado, no reduto gastronômico da regional, é um exemplo. O empresário Lucas Lacerda, de 32 anos, nasceu e foi criado na região. Quando resolveu trocar de ramo e abrir um negócio, não teve dúvidas do potencial do lugar. Deu tão certo que ele hoje tem mais duas casas, mas no vizinho Buritis. "Parece cidade do interior. Todo mundo conhece todo mundo. Isso possibilita a diferenciação do serviço. Consegui espalhar o nome do restaurante bem rápido e ter clientes fiéis A grande diferença de estar no Barreiro é a pessoalidade do atendimento. A gente conhece quem vem aqui", comemora o empresário.

PULMÃO DA CIDADE 

O Hospital Eduardo de Menezes e o Hospital Júlia Kubitschek, da Fhemig, foram inaugurados no Barreiro na década de 1950 como sanatórios. Aos pés do Parque Estadual do Rola Moça, a região tinha as características necessárias às instituições, que, na época, se dedicavam ao tratamento de tuberculose: era afastado da cidade e ocupava uma área verde arborizada, fonte de ar puro, portanto. Com o tempo, o Eduardo de Menezes se transformou em uma unidade de referência no tratamento de doenças infecciosas.