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O Globo Online (RJ) ( Economia ) - RJ - Brasil - 15-10-2015 - 09:29 -   Notícia original Link para notícia
Vendas pioram no varejo, e recuperação só deve vir em 2017

Em agosto, retração foi de 6,9% frente a igual período do ano passado


As vendas do comércio aprofundaram as perdas em agosto e ainda não são vistos a curto prazo nem sinais de reação. Com a piora no mercado de trabalho, queda da renda e encarecimento do crédito - aspectos que afetam diretamente o varejo - economistas esperam novas quedas nos próximos meses e recuo este ano e em 2016. Assim, o setor deve registrar em 2015 a primeira queda anual desde 2003.



As vendas do comércio varejista caiu 0,9% no país em agosto, frente a julho, a sétima baixa seguida, segundo a Pesquisa Mensal de Comércio ( PMC) do IBGE, divulgada ontem. De fevereiro a agosto, as vendas acumulam queda de 6,4%. Na comparação com agosto de 2014, o tombo foi de 6,9%, o mais alto na comparação anual desde março de 2003, quando foi de 11,4%. Apenas em 2015, a queda acumulada do varejo é de 3%.


RECUO ATÉ EM SUPERMERCADOS


A queda nas vendas foi disseminada entre os setores, desde segmentos de consumo considerados passíveis de adiamento, como automóveis, móveis e eletrodomésticos, até o que é mais essencial para as famílias: as compras de supermercado. Na comparação anual, o único segmento com taxa positiva foi o de artigos farmacêuticos ( 1,1%). Mas o setor vinha apresentando altas de mais de dois dígitos desde 2014.


- Vivemos uma situação em que o fundo do poço não parece ter sido atingido. Conforme o mercado de trabalho piora, a inflação pressiona o custo de vida das famílias e se deterioram os indicadores de confiança e a situação do crédito - afirma o técnico do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada ( Ipea) Leonardo Carvalho.


Os números de agosto levaram a uma piora das projeções para o varejo. A LCA Consultores ampliou a queda prevista em 2015 de 3% para 3,5%. Assim como a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo ( CNC), que passou de - 2,9% para - 3,6% a projeção. O Bradesco prevê que as vendas vão cair 4%, enquanto a consultoria Tendências pretende baixar mais ainda sua previsão de queda de 4,1%. Para chegar a esse resultado, seria necessário que as vendas parassem de cair já a partir dos dados de setembro, o que a consultoria não acredita ser possível.


ÚLTIMO A COMEÇAR A DEMITIR


Para 2016, as projeções vão de leve recuo, de 0,2%, segundo a LCA Consultores, até queda de 2%, de acordo com o Bradesco, passando pela estimativa de perda de 1,5% da Tendências. O recuo em 2015 será o primeiro desde 2003, quando o comércio caiu 3,7%. Entre 2004 e 2014, as vendas só cresceram.


- O quadro do varejo é depressivo e recessivo, sem reversão até o ano que vem. O que se vê é um esfriamento generalizado - diz o economista da LCA Consultores Paulo Neves.


Cauteloso com os rumos da economia, o consumidor se retrai. Moradoras de Porto Alegre, as amigas Rachel Vaccari Vassão, Maria Gladis Barros Coelho e Gilda Espírito passeavam no Rio e só compraram algumas roupas porque a loja oferecia descontos acima de três peças.


- Com a crise, a gente pensa duas vezes antes de comprar - afirma Maria Gladis.



As seguidas perdas têm levado o varejo a demitir. O setor foi um dos últimos a começar a cortar vagas, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados ( Caged), do Ministério do Trabalho. Entre janeiro e agosto de 2015, o setor cortou 238,7 mil postos, ante perda de 75 mil em igual período de 2014. No mercado como um todo, são 633 mil vagas a menos este ano. No ano passado, criaram- se 504 mil.      


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