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Estado de Minas Online ( Economia ) - MG - Brasil - 15-10-2015 - 11:34 -   Notícia original Link para notícia
Recessão derruba vendas no varejo

Comércio tem recuo de 0,9% em agosto em relação a julho, no sétimo tombo consecutivo, e deve fechar 2015 com perda pela primeira vez em 11 anos. Em Minas, retração foi de 2,8%


Pedro Rocha Franco e Antonio Temóteo


Publicação:15/10/2015 04:00



Depois de uma década de prosperidade, o comércio, tido como um dos pilares da economia na última década, caminha para encerrar o ano no vermelho. As vendas do setor voltaram a recuar em agosto, segundo número do IBGE. É a sétima retração consecutiva. No comparativo com julho, houve queda de 0,9% nas vendas do varejo. No ano, a retração é de 3%, e em 12 meses, de 1,5%. Quando são incluídos os segmentos de veículos e peças automotivas e material de construção (varejo ampliado), a retração acumulada no período alcança 5,2%. Caso se confirme a perspectiva de resultado negativo, será o primeiro recuo do setor desde 2004. Em Minas, o varejo teve queda de 2,8% em agosto ante julho, resultando em recuo de 0,3% no último ano.



No comparativo com igual período do ano passado, a redução de 6,9% nas vendas é o pior resultado para o mês em toda a série histórica da pesquisa, iniciada em 2000. Entre os 10 setores pesquisados, apenas um não apresentou retração nas vendas em agosto no país. Quatro apresentaram recuos acima de dois dígitos: tecidos, vestuário e calçados (-13,7%), móveis e eletrodomésticos (-18,6%), veículos e peças (-15,7%) e livros, jornais, revistas e papelaria (-15,6%).



Em Minas Gerais, o corte nas vendas do setor moveleiro foi de 22,5% em agosto. O presidente da Associação de Lojistas e Representantes de Móveis de Minas Gerais (Alomov), José Oscar Pinto, considera que os resultados da economia surtem efeito psicológico nos consumidores, que, com medo de desemprego e ante as incertezas econômicas, param de comprar. "O consumidor está inseguro com as nuances da crise política e econômica", afirma. No caso do grupamento móveis e eletrodomésticos, a maior restrição ao crédito dificulta o consumo. Para Pinto, a saída para sobreviver nesse período é investir em diferenciais. "Não basta esperar o cliente apenas com o trivial", diz ele. De investimentos na equipe a opções para o mostruário e a vitrine, a lista de diferenciais é extensa e precisa ser aproveita de acordo com o perfil do empreendimento.



A queda no setor de supermercados é a maior contribuição para o resultado global do varejo, segundo a gerente da Coordenação de Serviços e Comércio do IBGE, Isabella Nunes, devido ao peso atribuído ao grupamento. "Pela própria natureza da sua atividade, que é a venda de alimentos e bebidas, geralmente é um dos últimos setores a ter corte no orçamento. Porém, pressões inflacionárias que vem evoluindo acima da inflação geral, têm impacto negativo na venda dos supermercados", diz.

CRISE POLÍTICA A inflação em alta força os consumidores a direcionar os gastos para bens de primeira necessidade; os juros elevados dificultam o acesso ao crédito; e a desconfiança gerada pela crise política são componentes que reduzem o ímpeto do consumo, afirma a economista da de Belo Horizonte (-BH), Ana Paula Bastos. "Incerteza política gera incerteza econômica. Essa crise política gera evasão de capital, é um freio para a economia não alavancar", afirma.
A avaliação de Bastos é que a implementação do ajuste fiscal é essencial para a retomada da economia, principalmente com ações voltadas para o corte de despesas em vez de aumento de impostos para sustentar o custo da máquina pública. A partir de janeiro, a tendência é de queda no acumulado da inflação, o que dá brecha para o Banco Central voltar a reduzir a Selic. "Taxa de juros alta é inversamente proporcional a investimentos", afirma a economista.



Pelas contas da Confederação Nacional do Comércio (CNC), o varejo sofrerá retração de 3,6% neste ano. Em meio às seguidas retrações do setor, a entidade revisou a expectativa de queda do setor, antes em -2,9%. O diretor de Pesquisas e Estudos Econômicos do Bradesco, Octavio de Barros, afirma que o resultado veio em consonância com o projetado pelo mercado. O dado aponta para a continuidade do enfraquecimento do consumo das famílias no resultado do Produto Interno Bruto, segundo ele, que prevê queda de 1,5% nesse indicador específico no comparativo entre segundo e terceiro trimestres.


 


PIB VAI CAIR
A queda de 0,9% no volume de vendas do comércio em agosto reforçou as apostas do mercado de que o Produto Interno Bruto (PIB) encolherá no terceiro trimestre. Caso essa retração se confirme, será a primeira vez que o país registrará três trimestres seguidos de desempenho negativo, conforme a série histórica do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) iniciada em 1996. Entre os analistas, já há quem projete que a economia despencará por seis semestres consecutivos. O economista-chefe da Opus Investimentos, José Márcio Camargo, estimou que o PIB do terceiro trimestre diminuirá 1%. Para ele, a queda nas vendas do varejo superou as expectativas do mercado e reforçaram as apostas de que a recessão continuará nos próximos meses.


Palavras Chave Encontradas: Câmara de Dirigentes Lojistas, CDL
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