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Isto é Dinheiro online ( Notícias ) - SP - Brasil - 03-10-2015 - 13:20 -   Notícia original Link para notícia
A startup mais quente do Brasil

A Nubank já atraiu US$ 46,3 milhões de investimentos. Saiba por que há uma fila de 700 mil consumidores para ter o  seu cartão de crédito roxo



Pela beirada: em apenas um ano, a novata  criada por David Vélez  alcançou um valor estimado de US$ 200 milhões ( foto: Gustavo Epifanio)


Um burburinho de diferentes sotaques é a trilha sonora do prédio em uma área nobre de São Paulo. A manhã quente de um fim de inverno paulista abre espaço para o vaivém de funcionários de bermudas, camisetas e até mesmo chinelos, que dividem espaço com as paredes grafitadas e a mesa de pingue-pongue colocada logo na entrada. Não há nada mais clichê para abrigar a startup brasileira mais quente do momento. Trata-se da Nubank, uma novata que oferece um cartão de crédito MasterCard Platinum, gerenciado por um aplicativo de smartphone, com informações em tempo real sobre os gastos do portador.


Lançada há um ano, a Nubank captou US$ 46,3 milhões em três rodadas de investimentos. Os aportes vieram de fundos icônicos do Vale do Silício, como a Sequoia Capital, que já investiu em companhias como Google, PayPal e WhatsApp. Segundo fontes ouvidas pela DINHEIRO, o valor da novata está entre US$ 150 milhões e US$ 200 milhões -no câmbio atual, algo entre R$ 600 milhões e R$ 800 milhões. Só o Hotel Urbano e a Netshoes, entre startups de internet, contam com um valor maior, na visão de um gestor de um fundo americano de capital de risco. O termômetro também está aquecido entre os consumidores.


A Nubank tem uma fila de 700 mil usuários interessados em seu cartão roxo. Apesar de brasileira, a startup foi criada por David Vélez, um colombiano de Medellín, a terra de Pablo Escobar. Com a insegurança dos tempos em que o famoso traficante aterrorizava a Colômbia, ele e a família se mudaram para a Costa Rica, na década de 1990. Anos depois, Vélez candidatou-se a uma vaga na Stanford University, na Califórnia, celeiro do Yahoo e do Google, entre outras pontocom. Foi aceito em 2001, logo após o estouro da bolha da internet.


"Tive acesso a uma visão mais realista desse mercado", diz Vélez, hoje com 33 anos. Em 2010, voltou à Stanford para cursar um MBA. Antes, passou pelo banco de investimento Morgan Stanley e pelo fundo americano de private equity General Atlantic, cuja abertura de um escritório no Brasil foi feita por ele. Contratado pela Sequoia Capital, Vélez voltou ao País para avaliar aportes em startups locais, em 2012. Porém, entendeu que boa parte delas não se encaixava no perfil criterioso do fundo.


E percebeu que havia muita oportunidade para empreender e atrair capital. "Sempre quis empreender, não investir", diz. A experiência frustrante com os serviços bancários - ele diz ter levado nove meses para abrir uma conta no País -foi um dos fatores que motivaram a criação da startup do cartão roxo. O modelo da Nubank é inspirado em empresas como a americana Capital One. Na década de 1990, a companhia revolucionou o mercado de cartões de crédito nos Estados Unidos ao investir na segmentação da oferta.


Seu cofundador, Nigel Morris, é sócio da QED Investors, um dos fundos que apostaram na Nubank. Hoje, Morris integra o conselho da startup. A novata do cartão roxo baseia toda sua operação em tecnologia, o que permite oferecer um serviço mais acessível. Os cartões não exigem renda mínima e não há cobrança de anuidade. A receita está restrita às taxas cobradas dos estabelecimentos a cada transação e aos juros das faturas parceladas. Vélez diz que a taxa máxima é de 7,75%.


O serviço chamou a atenção de Caio Leal, de 26 anos, dono de um restaurante em São José dos Pinhais (PR). Ele conheceu a Nubank pelo Facebook, quando um amigo comparou a empresa ao Uber. "Eles simplificam os processos para não repassar os custos aos clientes", diz Leal, que cancelou os três cartões de outras bandeiras que usava até então. A personalização é um dos diferenciais da Nubank, que usa diversos algoritmos para precificar melhor o risco. Um dos focos é contratar matemáticos e especialistas em big data para reforçar essa capacidade.


Hoje, o time de 150 funcionários conta com profissionais oriundos dos EUA, Chile, Austrália e Cingapura. Vélez não descarta a oferta de um pacote completo de serviços bancários no futuro. Pela regulação, nada impede que a startup dê esse salto, pois mantém uma parceria com dois bancos de menor porte, cujos nomes não são revelados. Ele não considera, no entanto, que a novata seja uma ameaça aos bancos. "Somos apenas mais uma alternativa", diz. "Uma pequena porcentagem do setor já é suficiente para construir uma grande empresa."


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