Restaurantes de BH se unem em encomendas conjuntas e conseguem economia de 4% nos custos

Barganha. Fernando Júnior afirma que, em um mês usando o software de compras coletivas, o Porcão conseguiu reduzir custos em 4%

Queila Ariadne

Comprar alguns quilos de arroz tem um custo. Já comprar toneladas, tem outro. Partindo dessa máxima, 15 bares e restaurantes de Belo Horizonte se uniram no sistema SuperBuy, um software que agrega os pedidos de todos e consegue negociar preços bem menores na quantidade. Aqui na capital, a ideia foi implementada pelo dono do Los Mariachis, Humberto Machado, que virou sócio do programa e apresentou a solução para a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel-MG), onde é diretor.

"Já temos cerca de 50 fornecedores. Toda quinta-feira, recebemos os pedidos até as 10h. Eles são reunidos e vamos ao mercado ver quem oferece o custo mais baixo. Negociamos até a segunda-feira e na terça-feira as mercadorias já começam a ser entregues", explica Machado.

Segundo o presidente da Abrasel-MG e dono do Porcão, Fernando Júnior, o modelo de clube de compras chegou em ótima hora, quando o setor tem enfrentado queda de 10% no movimento.

"Comprar volumes maiores aumenta o poder de barganha e ajuda a melhorar a margem de lucro. É uma estratégia inteligente, que vai forçar os fornecedores a baixarem os preços", explica. Só no Porcão, em menos de 30 dias usando o SuperBuy, o restaurante conseguiu reduzir os custos em 4%", afirma o dono da churrascaria.

Poder de persuasão. O professor de gestão financeira da Fumec, Leonardo Teixeira, afirma que, embora a situação esteja difícil para todos, inclusive para os fornecedores, o momento favorece a negociação. "Tem que tentar desconto para reduzir custo, se o fornecedor tiver uma gordura no faturamento, ele vai melhorar as condições para não perder os clientes", avalia Teixeira.

Correr atrás dos fornecedores é exatamente a estratégia que a dona da Let'Sports, Letícia Barbosa Novais, tem adotado. "Estou negociando prazos para parcelar o pagamento em mais vezes e conversei muito com o dono da loja para conseguir um aumento menor no valor do aluguel. Nesse momento atual, a habilidade de negociar e o poder de persuasão fazem muita diferença", afirma Letícia.

SuperBuy

Força coletiva. Qualquer bar ou restaurante pode aderir ao software que oferece oportunidade de compras coletivas, mas, para os associados da Abrasel, as condições são especiais.


Alternativas simples podem evitar demissões

Trocar lâmpadas por LED, caçar vazamentos, reduzir desperdício. Segundo o professor de finanças do Ibmec, Ricardo Couto, alternativas simples como essas podem evitar demissões. "Na crise, o holofote fica na redução das despesas. Mas a última coisa que uma empresa quer é fazer um desligamento, pois além de gerar custos pela rescisão contratual, também há a questão do treinamento, pois, após a crise, quando for preciso recontratar, esse investimento tem que ser feito de novo", destaca.
Na Forno de Minas, uma estratégia usada para preencher vagas é a promoção de um funcionário. "É uma forma de valorizar quem já trabalha na empresa e também gera economia no treinamento", destaca a gerente de RH e comunicação Juliana Oliveira. 


Economizar demanda investimento

Para economizar, às vezes é preciso gastar antes. Mas, de acordo com o vice-presidente da Câmara de Dirigentes LojistasCâmara de Dirigentes Lojistas (CDLCDL-BH), Marco Antônio Gaspar, o investimento vale a pena, principalmente em tempos de crise. "É necessário pensar que, o valor investido trará um retorno que vai permanecer. Por exemplo, trocar as lâmpadas por LED gera economia de até 30% na conta de luz. Na minha loja, eu troquei as máquinas de cartão de crédito por modelos sem fio. O aluguel é mais caro, mas em compensação cortei linhas telefônicas, que custavam mais ainda", exemplifica Gaspar. 
  O dono da Usina Choperia, em Betim, na região metropolitana de BH, Augusto Freitas, investiu R$ 5.000 em adaptações no consumo de água e energia. "Em cinco meses meu investimento já estava pago. Reduzi o custo e consigo melhorar minha margem de lucro, sem repassar todos os aumentos que tenho para os clientes", explica.

Persuasão. Para aumentar margem, Letícia Novais 'chora' prazo maior e desconto com fornecedores