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Diário do Comércio online - BH (MG) ( Economia ) - MG - Brasil - 11-09-2015 - 10:46 -   Notícia original Link para notícia
Consumidor demora mais para pagar dívidas em BH

Thaíne Belissa                           


Com a renda comprometida por causa da inflação, o consumidor de Belo Horizonte está demorando mais tempo para pagar suas dívidas. Dados do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) divulgados ontem pela de Belo Horizonte (-BH) mostram que, em agosto, as dívidas de três a cinco anos cresceram 12,53% em relação ao mesmo mês em 2014. O índice é o maior dos últimos quatro anos, considerando a mesma base de comparação.

O vice-presidente da -BH, Marco Antônio Gaspar, afirma que esse prolongamento da inadimplência é um reflexo do boom de consumo ocorrido entre 2010 e 2012. Segundo ele, nesses anos, os consumidores foram às compras estimulados pelo governo, que oferecia condições especiais, como a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) em diferentes setores. "O consumidor comprou muito, mas agora ele não está conseguindo pagar. A renda diminuiu, o desemprego aumentou e ele está ficando mais tempo inadimplente", afirma.

Gaspar destaca que a inflação é um dos principais vilões desse cenário, pois ela diminui o poder de compra do consumidor, que passa a priorizar os produtos básicos, como alimentação, deixando as dívidas em segundo plano. "Com o dinheiro que o consumidor comprava dois sacos de arroz, agora ele compra um e meio. Mas ele não vai deixar de comprar arroz, mas de pagar a dívida sim. E é por isso que essas dívidas antigas vão ficando em aberto", destaca.

A pesquisa também traz os dados gerais de dívidas em atraso na capital mineira. Os dados mostram que elas cresceram 1,71% em agosto deste ano em relação ao mês imediatamente anterior, sendo a maior para o período desde 2011. Na comparação com agosto de 2014, o número de dívidas em atraso cresceu 1,06%. Além disso, o número médio de dívidas por consumidor foi de 2,24% em agosto deste ano, superando julho do mesmo ano, quando esse índice foi de 2,22%.

Os dados do SPC também apresentamm um contraste interessante: se por um lado as dívidas de três a cinco anos estão crescendo, por outro o atraso do pagamento das dívidas mais recentes registraram queda em agosto deste ano em relação ao mesmo mês de 2014. As dívidas de 91 a 180 dias tiveram recuo de 9,06%; as de 90 dias caíram 7,16%; as de 181 a 360 dias diminuíram 5,79% e as de 361 dias a três anos tiveram queda de 0,77%.

De acordo com Gaspar, ao contrário do que parece, esses números são, na verdade, negativos. Isso porque eles não significam, necessariamente, que os consumidores estão pagando as dívidas mais recentes, mas que eles não estão fazendo dívidas novas. "A questão é que as dívidas não estão acontecendo porque o consumo diminuiu. Com menor renda, desemprego e inflação alta sobra menos dinheiro para fazer dívidas mesmo de curto prazo", analisa.


Medo - A mesma explicação o vice-presidente dá para o dado que mostra redução de 0,57% no número de pessoas inadimplentes em agosto em relação ao mesmo mês no ano passado. "Quando a economia não está boa, o consumidor paga mais à vista. Ele tem medo de perder o emprego e de não conseguir pagar as parcelas, então ele não faz dívida e o número de inadimplentes tende a cair", observa.

Gaspar acredita que até mesmo as dívidas mais antigas e que estão em alta neste mês devem diminuir nos próximos meses. Isso porque no fim do ano há a fase de grandes feirões para limpar o nome. "Não interessa para o banco ou para o tomador de crédito ficar com um consumidor inadimplente. Então eles flexibilizam o pagamento para que a pessoa volte a consumir", justifica.

A pesquisa do SPC ainda destacou qual faixa etária foi a mais inadimplente em agosto deste ano, em relação ao mesmo mês em 2014. Pessoas entre 50 e 64 anos foram as que menos pagaram suas dívidas, registrando um crescimento de 3,06%. "Isso se explica pela avalanche de empréstimos consignados para aposentados realizados entre 2010 e 2012. O problema é que agora eles não estão conseguindo pagar", alerta.

Já a inadimplência na faixa etária de 18 a 24 anos teve queda de 17,65%. Para Gaspar, isso é reflexo da maior incidência de desemprego nessa faixa etária, o que leva à diminuição de renda do consumidor, que, automaticamente, faz menos dívidas e fica menos inadimplente.


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