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O Globo Online (RJ) ( Economia ) - RJ - Brasil - 10-09-2015 - 09:11 -   Notícia original Link para notícia
Quase metade dos brasileiros faz ' bico' ou tem 2 º emprego

Pesquisa da CNI mostra que dobrou número de trabalhadores nessa situação desde 2013


"Tenho uma filha de dez anos e fazia festinhas para ela e as amigas. Vi uma oportunidade aí e investi. É uma renda a mais. Dá trabalho? Dá, me consome muito no fim de semana, mas está valendo a pena" Vania Pereira Gerente financeira


- BRASÍLIA- A crise econômica altera a rotina da maior parte das famílias no país com mais força que na crise financeira global de 2008. Mais da metade dos brasileiros, 57%, já mudou hábitos de consumo para adaptar o orçamento à perda de renda. E quase a metade, 48%, já faz "bicos" ou tem um segundo emprego para completar a renda, de acordo com levantamento feito pela Confederação Nacional da Indústria ( CNI) e pelo Ibope, divulgado ontem.



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A parcela de trabalhadores com mais de uma atividade praticamente dobrou de setembro de 2013 para cá. O percentual de entrevistados que procura aumentar a renda de alguma forma era bem menor: 25%. Entre os mais pobres, com renda de até um salário mínimo, um segundo trabalho é realidade para 58% dos entrevistados. Já para os que ganham mais que cinco salários, o índice é de 36%. Em 40% das casas, aqueles que não trabalhavam procuraram ocupação para ajudar a família. E 24% das pessoas voltaram a estudar para driblar o desemprego.


Para o gerente- executivo de Pesquisa e Competitividade da CNI, Renato da Fonseca, a crise de 2008/ 2009 afetou particularmente a indústria, mas o consumo ainda estava em crescimento e ajudou na recuperação.


"Já a crise atual atinge toda a economia e vem afetando o emprego e a renda da população bem mais significativamente. Tanto o investimento como o consumo das famílias estão diminuindo. Além disso, a crise política, que não existia na crise anterior, tem aumentado a incerteza com relação à recuperação", disse o economista em comunicado divulgado pela entidade.


Vania Pereira é gerente financeira de uma empresa de comunicação digital, mas, desde maio, criou a "Bagunçando com Arte", pela qual organiza festas do pijama infantis. Ela confecciona materiais para os eventos, como pijamas, barracas, kits com colchonete, travesseiro e edredom e pode incluir café da manhã no pacote. Vania também elabora ateliês para que as crianças personalizem camisetas, blusas e sandálias.


Ela conta que fez aulas de costura para dimensionar o tempo e o gasto para elaborar os itens de festa. Um evento para 15 crianças tem um custo médio de cerca de R$ 3.300, o que pode variar de acordo com o número de convidados e as especificações do cliente. Por festa, ela afirma que obtém, em média, 30% de lucro líquido sobre o investimento.


- Tenho uma filha de dez anos e fazia festinhas para ela e as amigas. Vi uma oportunidade aí e investi. É uma renda a mais. Dá trabalho? Dá, me consome muito no fim de semana, mas está valendo a pena - avalia. Para 86% dos mais de 2 mil entrevistados em 141 municípios, o Brasil vive uma crise econômica e 66% consideram a situação ruim ou péssima. Mais da metade das pessoas ( 59%) percebeu perda de poder de compra nos últimos 12 meses. E, para reduzir custos, os brasileiros chegaram até a mudar de residência ( 16%) e a trocar os filhos de escola privada para escola pública nos últimos 12 meses ( 13%).


O pessimismo em relação à situação econômica do país aumenta porque o desemprego atinge conhecidos e, principalmente, parentes. Dos entrevistados, 44% disseram que alguém da família foi demitido nos últimos 12 meses. E 76% estão preocupados ou muito preocupados em ficar sem emprego ou ter que fechar o negócio.


Segundo a entidade, na crise de 2008, apenas 30% das pessoas ajustaram hábitos de consumo. De acordo com a pesquisa da CNI, 90% das pessoas passaram a pesquisar mais os preços, 77% mudaram os locais de consumo, 72% trocaram produtos por similares mais baratos, 63% adiaram grandes compras e 74% reduziram as despesas da casa.


Ao todo, 37% afirmaram que se endividaram para pagar despesas pessoais e 48% consideram difícil ou muito difícil pagar seus empréstimos com sua renda atual. Mais da metade ( 53%) se endividou sem planejamento. A dificuldade para pagar aluguel ou prestação da casa própria, por exemplo, passou de 19%, em 2012, para 29%, em 2015.      


Palavras Chave Encontradas: Criança
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