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O Globo Online (RJ) ( Economia ) - RJ - Brasil - 05-09-2015 - 11:04 -   Notícia original Link para notícia
EUA e crise interna levam dólar a R$ 3,859

Desemprego americano cai para 5,1% e pode apressar alta de juros pelo Fed. Incerteza política no Brasil preocupa


Foi a cotação do dólar ontem, a mais alta desde outubro de 2002. Só nesta semana, a moeda americana ficou 7,6% mais cara e deve continuar a subir, dizem analistas A incerteza em relação à permanência no cargo do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, a frágil situação das contas públicas no Brasil e ainda os dados que indicam a recuperação da economia americana levaram o dólar comercial a romper ontem novas barreiras. A moeda fechou em alta de 2,63% frente o real, cotada a R$ 3,857 na compraea R$ 3,859 na venda. Na semana, a divisa acumulou ganho de 7,6%, maior valorização desde novembro de 2008. Essa cotação também é a maior desde os R$ 3,91 de 23 de outubro de 2002. A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) registrou queda de 1,83%, aos 46.497 pontos em seu índice de referência Ibovespa. Na semana, o recuo é de 1,4%.


Parte do dia ruim no pregão brasileiro foi reflexo do mau humor que se espalhou pelos mercados internacionais, após a divulgação de dados do mercado de trabalho nos EUA. Em agosto, a taxa de desemprego na maior economia do mundo caiu a 5,1%, menor nível desde abril de 2008. Mas a criação de 173 mil vagas no mês passado decepcionou analistas, que esperavam abertura de 245 mil postos de trabalho.


BOLSAS CAEM NOS EUA E EUROPA


Os dados desanimaram investidores no mundo todo. Em Nova York, o índice Dow Jones recuou 1,66%. Já a Bolsa de Paris encerrou os negócios em queda de 2,81%, enquanto a de Frankfurt recuou 2,71%.


Os números do mercado de trabalho americano são observados com atenção por analistas, pois podem indicar como agirá o Federal Reserve (Fed, banco central americano) em relação aos juros. Desde a crise de 2008, a autoridade monetária mantém a taxa básica próxima a zero e já disse que só a elevará quando a economia mostrar sinais mais sólidos de recuperação.


Por aqui, a escalada do dólar ficou mais forte no início da tarde e refletiu, principalmente, o ambiente político e econômico do país. Embora o governo tenha afirmado que Levy não deixará o cargo, há dúvidas sobre quanto tempo ele vai permanecer. Além disso, o cenário político continua travando o avanço do ajuste fiscal, sem um consenso sobre o que deve ser cortado para que a trajetória de elevação da relação entre dívida e PIB seja contida - um dos itens examinados pelas agências de avaliação de risco para determinar se um país é um bom pagador ou não.


- O motivo para a alta do dólar é que não há nada que mostre que ele já pode parar de subir. Não há nada de concreto sobre o ajuste fiscal e se vão parar de "fritar" o Levy. Por tudo isso, o dólar sobe. Mesmo que o BC faça uma intervenção, o lado político continuará atrapalhando - avaliou Jankiel Santos, economistachefe do BES Investimento (do grupo Espírito Santo).


BC FARÁ LEILÃO DE US$ 3 BI


Apesar de parte dos agentes do mercado financeiro acreditar que uma maior atuação do BC vai fazer pouco efeito, a autoridade monetária anunciou ontem um leilão com compromisso de recompra que pode chegar a US$ 3 bilhões. Na última segunda-feira, já havia ofertado US$ 2,4 bilhões nessa mesma modalidade. Por ser uma operação "casada" (o BC vende para recomprar em uma data pré-definida), não há um aumento efetivo de liquidez, mas pode pontualmente ajudar instituições financeiras que não estão conseguindo moeda para fechar operações de comércio exterior.


A oferta será dividida em dois lotes. Uma com vencimento em novembro e outra em dezembro. No leilão de segunda-feira, as taxas foram de R$ 3,721 e R$ 3,756. Esses leilões, no entanto, não afetam as reservas internacionais, que estão em US$ 370,4 bilhões.


Na Bolsa brasileira, o setor bancário - o mais importante do Ibovespa - foi o maior responsável pela queda de ontem. O Banco do Brasil teve baixa de 4,43%, enquanto o Bradesco recuou 4,23%. A Petrobras também fechou em terreno negativo, com desvalorização de 3,32% nas ações ordinárias (ON, com voto) e de 2,85% nas preferenciais (PN, sem voto).      


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