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O Globo Online (RJ) ( Economia ) - RJ - Brasil - 05-09-2015 - 11:00 -   Notícia original Link para notícia
Menos dinheiro na poupança reduz crédito para casa própria

Alguns bancos já emprestam mais que o limite de 65%. Oferta deve cair


"Neste momento, a perspectiva é de piora para a oferta de crédito via SFH"
Flavio Prando
Vice-presidente do Secovi-SP


A queda continuada do saldo da caderneta de poupança - de janeiro a agosto, os saques superaram os depósitos em R$ 48,5 bilhões - deve ampliar ainda mais as restrições ao crédito para a compra da casa própria da classe média, que tem nos recursos do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo ( SBPE) as menores taxas do mercado.



DADO GALDIERI/BLOOMBERG/28-8-2015 Freio. Recursos da poupança são usados para financiar imóvel pelo SFH, que cobra juros de no máximo 12% ao ano


De acordo com o vice-presidente do Secovi- SP, Flavio Prando, com a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil já operando acima da exigibilidade de repassar 65% do dinheiro da poupança a financiamentos do SFH, a maior oferta dessas linhas hoje está nas mãos dos grandes bancos privados, como Itaú e Bradesco, que ainda têm esse funding disponível. Mas com o saldo dos depósitos encolhendo, tendem a chegar mais rapidamente os 65% de enquadramento, ficando desobrigados de emprestar mais a juros do SFH, de, no máximo, 12% ao ano.


- Neste momento, a perspectiva é de piora para a oferta de crédito via SFH - diz Prando, referindo-se ao fato de não haver perspectiva de queda na taxa Selic tão cedo a um patamar que devolvesse atratividade às cadernetas.


MUDANÇA NO FGTS


Cláudia Magalhães Eloy, pesquisadora do Laboratório de Habitação da Universidade de São Paulo ( USP), estima que nos bancos privados, que recebem 49% dos depósitos de poupança no país, estariam hoje apenas com cerca de 40% desse dinheiro aplicados em financiamentos para a compra de moradias pelo SFH. Segundo ela, pode até ser que os bancos privados estejam emprestando mais, mas o ambiente econômico não favorece isso, e o custo dos financiamentos subiu muito, restringindo o acesso das famílias.


- Desde o Plano Real, em 1994, com os altos e baixos da economia, o saldo da caderneta de poupança manteve- se em 7,6% do PIB em média. O pior ano foi 2005, quando a poupança caiu a 6% do PIB, e o melhor, 2014, quando atingiu 9,45% - observa, descartando o risco de um colapso dessa que é a principal fonte de recursos da habitação no país.


Segundo ela, o problema não é de fontes de recursos , mas dos custos desses fundos:


- Já temos um estoque considerável de recursos de outras fontes, mais caras, como as Letras de Crédito Imobiliário (LCI). E quem mais vai perder são as famílias que dependem de taxas mais baixas para ter acesso à moradia.


Nesse sentido, outro ponto que trará mais dificuldade de acesso ao crédito habitacional, observa Prando, é o projeto de lei que iguala a remuneração do FGTS à da poupança. O FGTS é a principal fonte de recursos dos financiamentos do Programa Minha Casa Minha Vida, a taxas que variam de 4% a 6,6%. O Fundo lastreia também empréstimos para a compra de imóveis de ate R$ 300 mil, a taxas de 8%.


- Se for aprovado o projeto, a remuneração do fundo sobe de 3% para 6%, e esses três pontos terão de ser repassados aos juros, o que vai tirar a possibilidade de tomada de crédito da classe média baixa - diz Prando, lembrando que o FGTS tem recursos suficientes para a demanda desses segmentos.     


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