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O Globo Online (RJ) ( Economia ) - RJ - Brasil - 04-09-2015 - 09:11 -   Notícia original Link para notícia
Disparada nos juros futuros leva Tesouro a cancelar leilão de títulos

Medida, que não era adotada desde fevereiro de 2014, visa a conter a especulação


- SÃO PAULO E RIO- Em meio aos rumores sobre a saída de Joaquim Levy do cargo de ministro da Fazenda, o Tesouro Nacional cancelou um leilão de títulos ontem. Para especialistas, isso pode ser um sinal de que a rolagem da dívida começa a enfrentar turbulência. Foi a primeira vez que o Tesouro cancelou uma oferta de papéis prefixados desde fevereiro de 2014.


Em comunicado divulgado ao mercado, o Tesouro Nacional informou que cancelou o leilão de venda de Letras do Tesouro Nacional ( LTN) e de Notas do Tesouro Nacional do Tesouro Nacional Série F ( NTN- F). O juro futuro superava 15% em alguns contratos.


"O Tesouro Nacional acompanha de perto as condições de mercado, podendo alterar a estratégia de emissões de modo a minimizar a volatilidade no mercado de títulos públicos e assegurar um adequado equilíbrio entre custos e riscos para a dívida pública federal", informa a nota. Procurada, a assessoria do Tesouro não deu informações adicionais sobre o motivo do cancelamento.


Para Alexandre Póvoa, sócio da Canepa Asset Management, em momentos de tensão o mercado acaba perdendo o parâmetro de preços - o que poderia ter levado o Tesouro a cancelar o leilão para não estimular a especulação e o aumento das taxas. Póvoa avalia que a subida dos juros futuros reflete as más notícias oriundas do governo, como a fragilidade fiscal e política, a possibilidade cada vez mais real de perda do grau de investimento e, agora, uma possível troca no Ministério da Fazenda.


- A situação toda é muito ruim. Isso leva o dólar cada vez mais próximo de R$ 4. E as Notas do Tesouro Nacional ( NTN- B) com vencimento em 2050 já estão pagando juro real de 7,5%, que é uma taxa de países com problemas. Se o ministro Levy sair, será muito ruim. Ele é a ponta de esperança de que a atual situação mude - diz Póvoa.


A decisão do Copom de manter a Selic em 14,25% ao ano, embora esperada pela maior parte dos analistas, também ajudou a pressionar os juros futuros.


RISCO- PAÍS EM ALTA


A turbulência no mercado fez o risco- país do Brasil, medido pelo Credit Default Swap ( CDS, uma espécie de seguro contra calote), disparar ontem. O CDS de cinco anos registrou a máxima de 388 pontos centesimais, mas, no fechamento, recuou para 369 pontos - ainda assim um patamar considerado muito elevado para um país com grau de investimento. O fator Levy impulsionou a alta, mas o indicador já vinha subindo desde que o governo entregou o Orçamento de 2016 com previsão de déficit.


- Na semana passada, o CDS do Brasil estava em torno de 320 pontos. Depois que o governo entregou o Orçamento de 2016 com previsão de déficit, o indicador pulou a 370, e hoje ( ontem) passou de 380. Estamos quase no mesmo nível da Rússia e acima de outros emergentes, como África do Sul, Turquia e Indonésia - explica Silvio Campos Neto, economista da consultoria Tendências.


O CDS ainda é superior à média de quatro países da América Latina ( Colômbia, Chile, Peru e México), de 170 pontos. Equipe econômica não pretende usar reservas, na página 20   


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