Leitura de notícia
O Globo Online (RJ) ( Economia ) - RJ - Brasil - 03-09-2015 - 09:09 -   Notícia original Link para notícia
Dólar vai a R$ 3,762, nova máxima em 13 anos

Mercado financeiro já fala em câmbio a R$ 4 a curto prazo, devido à crise econômica e à incerteza política


Depois de alcançar a maior cotação desde dezembro de 2002, analistas acreditam que dólar comercial poderá chegar aR$ 4, diante da piora no quadro fiscal - SÃO PAULO- Com a atual escalada do dólar, os agentes do mercado financeiro já apostam que, a curtíssimo prazo, a moeda americana chegue aR$ 4, o que não ocorre desde outubro de 2002. Com o ritmo, há quem espere que essa marca seja atingida ainda este mês - os operadores mais pessimistas acreditam que isso ocorrerá já nos próximos pregões. Ontem, o dólar encerrou a R$ 3,762, alta de 2,06%, a maior cotação de fechamento desde os R$ 3,79 de 12 de dezembro de 2002. Nesta semana, a valorização é de 5,7%.



RICARDO MORAES/ REUTERS/ 31- 8- 2015 Trajetória ascendente. Homem deixa uma casa de câmbio no Rio: dólar turismo já supera R$ 4


Essa alta está atrelada ao desconforto do mercado com a atual situação fiscal do país, com gastos acima das receitas, e a instabilidade na área política, que dificulta a aprovação de medidas do ajuste fiscal que poderiam evitar a perda do grau de investimento. A avaliação de que o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, está isolado no governo aumentou a volatilidade do mercado.


-Éo lado político que está fazendo o dólar andar. O setor externo está contribuindo muito pouco para essa alta nesta semana - disse Italo Abucater, gerente de câmbio da corretora Icap do Brasil.


OPÇÕES PARA SEGURAR A MOEDA


O patamar atual do dólar já passou com folga as projeções das instituições financeiras para o fim do ano, que estão em R$ 3,50 - o que não significa que, até lá, as cotações não possam ceder. Mas, em levantamento da Correparti Corretora de Câmbio com 14 bancos e corretoras, apenas o Votorantim vê a moeda aR$ 4.


- Nossa projeção para o fim do ano é R$ 3,50, e isso não mudou. Mas, quando se fala no curtíssimo prazo, o dólar está subindo mais de 1% ao dia, então é de se esperar que chegue a R$ 4 se não houver alguma medida do Banco Central. Se o governo pretende, de alguma forma, conter esse viés inflacionário, tem de conter a desvalorização da moeda - afirmou Ricardo Gomes da Silva, superintendente da Correparti Corretora de Câmbio.


Silva não é o único que acredita que o BC terá de agir para mudar esse quadro. Entre as opções, além de manter os juros em um patamar elevado, estão a emissão de novos estoques de swap cambial ( que equivalem a uma venda futura de moeda), o uso das reservas cambiais ou algum tipo de tributação que encareça as operações no mercado futuro. Destas, a oferta de novos contratos de swap é praticamente descartada por agentes do mercado, já que o estoque desse instrumento já está em US$ 104 bilhões, e o governo já sinalizou que o ideal é reduzi- lo.


O uso das reservas cambiais, hoje em US$ 370,7 bilhões, divide opiniões. Quem defende o instrumento acredita que é possível conter a escalada da moeda com menos de 10% desse estoque. Outros argumentam que, enquanto Levy for ministro, isso não ocorrerá, já que, no fim de janeiro, ele deixou claro que o câmbio no Brasil era flutuante.


- Já não acho tão fora de cogitação o BC utilizar algo das reservas internacionais, que são grandes. Não tem como convergir para o centro da meta de inflação de 4,5% com esse câmbio - afirmou Cleber Alessie, operador da mesa de câmbio da corretora H. Commcor.


Alessie lembra que a busca por proteção ( hedge), que faz o dólar subir, está atrelada ao temor da perda do grau de investimento e que, neste momento, os fundamentos da economia contam pouco. Por isso, a alta ocorre apesar de a taxa básica de juros ( Selic) estar elevada e de haver fluxo positivo de moeda estrangeira.


- É uma questão de proteção contra o rebaixamento, contra o agravamento da questão política e uma economia que pode se depreciar. Além disso, o anúncio de déficit fiscal no ano que vem pegou muito mal. O governo tentou ser transparente, mas isso não ajudou - disse Alessie.


MAIS TRIBUTO AUMENTARIA DESCONFIANÇA


O Brasil está um grau acima do nível especulativo na Moody's e na Standard & Poor's e dois acima na Fitch, que deve fazer uma revisão da nota em breve.


A terceira opção para conter a alta do dólar seria algum tipo de tributação sobre operações de derivativos no mercado futuro. Isso atingiria não só quem quer fazer hedge, mas quem especula.


- A alternativa mais viável seria algo do ponto de vista fiscal, como a tributação dos derivativos. Isso reduziria o apetite pelo mercado futuro - disse Silva, da Correparti.


Quem é contra argumenta que a medida atingiria investidores estrangeiros, o que poderia aumentar a desconfiança em relação ao país.


- Sinalizar uma mudança da regra do jogo, como aumento de IOF ou restrição para a saída de recursos, poderia acelerar ainda mais a piora das expectativas em relação ao Brasil - disse Fernando Aldabalde, sócio da gestora Áquilla Asset.      


Nenhuma palavra chave encontrada.
O conteúdo acima foi reproduzido conforme o original, com informações e opiniões de responsabilidade da fonte (veículo especificado acima).
© Copyright. Interclip - Monitoramento de Notícias. Todos os direitos reservados, 2013.