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Estado de Minas Online ( Economia ) - MG - Brasil - 29-08-2015 - 11:40 -   Notícia original Link para notícia
O desastre anunciado

PIB recua 1,9% no segundo trimestre com menos consumo e investimento


O recuo de 1,9% do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre em relação ao anterior não é só o pior resultado da economia brasileira desde o primeiro semestre de 2009 (pico da crise internacional). É, definitivamente, o fim de uma festa do consumo, que nada tinha de sustentável e que agora bate de frente com a realidade.



É também a incontestável confirmação de um desastre anunciado, provocado pela equivocada política econômica baseada no intervencionismo, no gasto público irresponsável e no estímulo eleitoreiro ao consumo. O Brasil, com mais esse lamentável resultado, entra em recessão técnica, já que no primeiro trimestre também houve retração - de 0,7%, depois da correção feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).



Mas isso não ocorreu de repente. Embora a presidente Dilma e seu primeiro governo, conforme suas próprias palavras, só tenham percebido depois das eleições, a atividade econômica já vinha desacelerando desde 2014, quando se esgotou o modelo insustentável do chamado "novo marco da economia brasileira".
Depois da perigosa euforia bancada pela explosão dos preços das commodities minerais e agropecuárias que o país exportava, vieram intervenções no mercado interno, com expressivos cortes nos impostos sobre bens duráveis (móveis, automóveis e linha branca), farta oferta de crédito a perder  de vista e correção da massa salarial acima da inflação e dos índices de produtividade da economia.



É a clássica receita de compra da felicidade dos menos informados e desejosos de consumir algo cuja posse lhes dá a falsa ideia de ascensão social. Em economia, todo atalho é ilusório e passageiro. Sem avançar nas reformas estruturais, na educação de qualidade e na construção da infraestrutura, não há conquistas sociais duradouras.



Infelizmente, a realidade volta primeiro para os mais pobres. O desemprego (parte mais perversa da recessão) e a inflação (resultado do descontrole fiscal) já foram porta adentro das famílias. E esse é um dos pontos mais agudos da retração do PIB divulgada ontem. O consumo das famílias, tão irresponsavelmente estimulado e festejado pelos governos Lula e Dilma, deixou de ser motor do PIB e, agora, ajuda a derrubá-lo. Segundo o IBGE, esse item despencou 2,7% em relação ao segundo trimestre de 2014.



Do lado da oferta, claramente deixada em plano inferior pelo tal novo marco da economia com a perda de fôlego da produção nacional, em boa parte incapaz de competir com o tsunami de importados pelo real valorizado, o resultado apurado pelo IBGE no segundo trimestre é desolador. A indústria teve mais uma retração, desta vez de 4,3%. A agropecuária, que vinha salvando a pátria nos últimos anos, recuou 2,7% e até os serviços, setor com maior peso na economia brasileira, foram mal: -0,7% no trimestre.



Desta vez, nem o velho discurso do ex-ministro Guido Mantega, de que o PIB é passado e que os próximos meses serão melhores, será possível. É que a taxa de investimento do país caiu de 19,5% para 17,8% do PIB, na comparação com o mesmo período de 2014. Quando se sabe que essa taxa anual deveria ser de pelo menos 25%, para o Brasil manter crescimento saudável, a conclusão é que tão cedo não vamos sair da enrascada em que nos meteram.


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