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Portal Hoje em Dia (MG) ( Economia ) - MG - Brasil - 29-08-2015 - 10:29 -   Notícia original Link para notícia
Resultado negativo de 1,9% no segundo trimestre é o pior desde 2009 - 09h52

Raul Mariano - Hoje em Dia

Samuel Costa 18/05/2012



TEMPOS DIFÍCEIS - Com a retração do consumo, muitas lojas têm fechado as portas
A percepção generalizada de que o Brasil empobreceu e está menos capaz de produzir riqueza foi confirmada, nesta sexta-feira (28), com a queda de 1,9% do Produto Interno Bruto (PIB). O resultado do segundo trimestre do ano frente ao trimestre imediatamente anterior - que também registrou queda de 0,7% - oficializa a recessão, já prevista por especialistas. A retração é a maior desde o primeiro trimestre de 2009, quando a queda foi de 2,2%. No entanto, as perdas agora estão ainda mais disseminadas. Pelo lado da demanda, as despesas de consumo das famílias, grande motor da economia na última década, caíram pelo segundo trimestre seguido (-2,1%). Para especialistas, o resultado é um reflexo claro de uma soma de fatores como inflação elevada, crédito escasso, diminuição de renda e deterioração do mercado de trabalho.


 Insegurança Com a recessão oficializada, a insegurança em relação ao desempenho futuro da economia é, na avaliação de especialistas, o elemento mais preocupante para o setor privado. Se as projeções negativas para 2016 se confirmarem, será a segunda vez na história em que o país terá dois anos consecutivos de recessão. A primeira aconteceu nos anos de 1930 (-2,1%) e 1931 (-3,3%), como efeito colateral da quebra da Bolsa de Valores de Nova York, em 1929. Para o presidente do Conselho de Política Econômica da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Lincoln Fernandes, as soluções para reverter o quadro econômico brasileiro estão nas mãos do poder público e não da sociedade civil. "Uma aceleração muito forte das concessões seria o primeiro grande passo. O segundo seria uma ação forte do governo em parceria com a indústria para ganho de produtividade e preços competitivos. O terceiro fato é mexer na conta de custeio em todos os aspectos, inclusive na Previdência. É lamentável que o governo queira uma solução por meio do aumento de impostos", critica Fernandes, referindo-se à proposta de retorno da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF). Comércio Para o setor de comércio e serviços também não há boas perspectivas. Na comparação com o mesmo trimestre do ano anterior, o comércio teve a terceira maior perda (-7,2%), depois da indústria de transformação e construção civil. Em Belo Horizonte, o desaquecimento do mercado consumidor já levou a (/BH) a admitir que a retração para 2015 pode ser maior do que os 0,8% previstos inicialmente. O presidente da entidade, , ressalta que não é possível voltar a crescer se não houver corte nos gastos públicos, investimento produtivo, responsabilidade fiscal e reformas estruturais. "O governo precisa reduzir despesas, cortar na própria carne e parar de gastar mais do que arrecada. A economia brasileira não pode entrar em uma recessão ainda maior do que a vivida até o momento", opina. 


Cenário externo turbulento dificulta retomada da economia alavancada por exportações Pela ótica da demanda, o únco resultado positivo no trimestre foi o de gastos do governo (0,7%). Para o professor de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV/IBS) Mauro Rochlin, o indicador demonstra mudanças profundas de cenário. "A ideia dominante era de que, se o governo fosse um grande gastador, ajudaria a impulsionar o crescimento, levando o setor privado a investir mais. Hoje está provado que isso não funciona porque o investimento (privado) caiu drasticamente. Falta ao governo apontar claramente que as políticas adotadas serão favoráveis ao setor privado", avalia. Como se não bastasse, empresários também estão investindo menos. A Formação Bruta de Capital Fixo, que mede o quanto as empresas estão investindo em bens de capital (aqueles utilizados para produzir outros bens), caiu pelo oitavo trimestre consecutivo (-8,1%). No contexto da economia mundial, a desaceleração da economia chinesa - maior destino das exportações brasileiras - pode empurrar o Brasil ladeira abaixo dada a sua importância para a balança comercial. "Os parceiros comerciais acabavam balanceando a economia brasileira, mas agora, mesmo com o câmbio elevado, as exportações estão abaixo do esperado. A China é uma bomba relógio", opina o economista do Ibmec Felipe Leroy. Indústria Na indústria, a construção civil foi destaque, com queda de 8,4%. O setor, que liderou as demissões no primeiro semestre do ano, passa por uma profunda crise de expectativas, como aponta o Índice de Confiança do Empresário da Indústria da Construção, elaborado pelo Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais (Sinduscon-MG). O indicador chegou ao patamar de 29,4 pontos no mês de agosto, sendo que a média de referência são 50 pontos. "O Brasil não fez a lição quando passou pelas crises anteriores. Temos uma inflação alta e um PIB derretendo. Precisamos preparar o ambiente para investimentos, algo que não está sendo feito e posterga decisões", analisa o economista do Sinduscon-MG, Daniel Furletti. 


No campo No setor agropecuário (-2,7%), a queda aconteceu mesmo depois de leve crescimento nos primeiros três meses de 2015. No acumulado de quatro trimestres terminados em junho, a retração é de 1,2% em relação ao acumulado dos quatro trimestres imediatamente anteriores. Já no primeiro semestre de 2015, o recuo foi de 2,1% em relação a igual período de 2014.


 O resultado do primeiro trimestre foi revisado em queda pelo IBGE de -0,2% para -0,7%


Palavras Chave Encontradas: Bruno Falci, Câmara de Dirigentes Lojistas, CDL
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