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O Globo Online (RJ) ( Economia ) - RJ - Brasil - 27-08-2015 - 09:29 -   Notícia original Link para notícia
Brasileiro atrasa 4,8% das contas, o maior percentual em dois anos

No rotativo do cartão, inadimplência vai a 37%. Nem casa própria escapa


- BRASÍLIA- Com o agravamento da crise econômica e a alta do desemprego, a inadimplência de famílias e empresas aumentou em julho. De acordo com o Banco Central (BC), o calote em empréstimos com recursos livres - aqueles que não são direcionados a determinado setor - aumentou 0,2 ponto percentual e chegou a 4,8%. É o patamar mais alto em dois anos.



Pequenas empresas estão com dificuldade para pagar os empréstimos de capital de giro. E mesmo o crédito direcionado a financiamentos específicos, considerado de menor risco, registra alta da inadimplência. O brasileiro já tem deixado de pagar até as prestações da casa própria. Nos empréstimos imobiliários, os atrasos superiores a três meses subiram de 1,8% para 1,9%.


CRÉDITO DESACELERA


O chefe do departamento econômico do Banco Central, Túlio Maciel minimizou o crescimento da inadimplência.


- Foi um aumento muito modesto de uma inadimplência que já foi maior. Não é uma tendência - disse.


No entanto, o relatório sobre o comportamento do crédito, divulgado ontem pelo Banco Central, mostra que os efeitos da crise no orçamento das famílias são crescentes. Elas têm comprometido sua renda com os piores tipos de empréstimo. A inadimplência do rotativo do cartão de crédito, linha com os juros mais altos do mercado, subiu 1,5 ponto percentual somente no mês passado e chegou a nada menos que 37%. É o pior índice deste ano. Outras modalidades também registraram aumento de calote. Empréstimos para aquisição de bens, crédito pessoal e cheque especial também estão com mais parcelas em aberto.


No segmento de recursos livres, o crescimento da inadimplência em julho foi maior entre as empresas, com o índice passando a 4,1%, contra 3,9% em junho. Entre pessoas físicas, o avanço no período foi de 5,3% para 5,4%.


Com este cenário, os bancos estão mais reticentes em emprestar, e o crédito desacelerou. O saldo total financiado chegou a R$ 3,1 trilhões em julho, com expansões de 0,3% no mês e 9,9% em doze meses - contra aumentos de 0,6% e 9,8% em junho. A relação entre o crédito e o Produto Interno Bruto ( PIB) recuou de 54,6% para 54,5% no mês passado. O setor varejista é o que mais tem se retraído, segundo o BC.


Para o economista Carlos Thadeu de Freitas, ex-diretor do Banco Central e economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio (CNC), a inadimplência ainda não é problema.


- Ela vai aumentar, mas acho que numa trajetória que não chegará no descontrole - previu.


Com a elevação da taxa básica de juros (a Selic), os custos aumentaram em todas as modalidades de crédito. A taxa do rotativo do cartão de crédito quebrou mais um recorde e chegou a 395,3% ao ano. Quem está no cheque especial tem de arcar com juros de 246,9% ao ano.


A taxa média de juros das operações de crédito do sistema financeiro aumentou 0,8 ponto percentual no mês passado e chegou a 28,4% ao ano. Para pessoas físicas, o custo médio subiu 0,9 ponto percentual e está em 36,3% ao ano.


Se forem considerados apenas os recursos livres, os juros pagos, em média, pelas famílias são ainda maiores: chegaram a 59,5% ao ano: alta de 1,1 ponto percentual em apenas um mês e recorde da série histórica, iniciada em 2011.      


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