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O Globo Online (RJ) ( Economia ) - RJ - Brasil - 22-08-2015 - 10:14 -   Notícia original Link para notícia
A derrocada vem da China

Dado ruim da indústria chinesa derruba Bolsas de todo o mundo, que perdem US$ 1,76 tri


A piora na indústria chinesa detonou uma queda nas Bolsas globais. Nos EUA e na Europa, o recuo chegou a 3,5%. Em São Paulo, a Bolsa caiu 1,99%. As perdas globais somaram US$ 1,76 trilhão, o triplo do valor de mercado de todas as empresas do Ibovespa. Uma má notícia vinda das fábricas chinesas serviu ontem de centelha para reacender de vez os temores dos investidores, resultando na pior semana em quatro anos para os mercados globais. A preocupação com o crescimento mundial fez com que as Bolsas em Wall Street e na Europa despencassem mais de 3%, o que não se via desde 2011 em alguns dos principais índices. A Bolsa de Xangai, que vem gerando ansiedade nos mercados no último mês, voltou a cair mais de 4%. O petróleo chegou a ser negociado abaixo dos US$ 40 em Nova York, menor cotação registrada desde 2009, no auge da crise. O Brasil acompanhou o mau humor, e a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) encerrou com queda de 1,99% no Ibovespa, aos 45.719 pontos. Desde março de 2014 o índice de referência não operava abaixo dos 46 mil pontos. Na semana, a queda acumulada foi de 3,77%.


A Bolsa de Xangai caiu 4,27%, e a de Shenzhen, segunda maior da China continental, perdeu 4,6%. Na Europa, o índice de referência Euro Stoxx recuou 3,17%, enquanto a Bolsa de Londres registrou baixa de 2,83%. Em Paris, o recuo foi de 3,19% e em Frankfurt, de 2,95%. Em Wall Street, o índice S&P 500 desvalorizou-se em 3,19%, maior tombo desde novembro de 2011. Já o Dow Jones teve baixa de 3,12%, chegando aos 16.459 - 10% abaixo do seu recorde histórico, registrado em maio passado.


Só ontem, os mercados acionários perderam US$ 1,76 trilhão em valor de mercado - o equivalente a mais de três vezes o valor da Bovespa. Em uma semana, o tombo foi de US$ 3,98 trilhões.


DÓLAR AVANÇA 0,98%, A R$ 3,495


O dado chinês que desencadeou essa reação foi o Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) preliminar do Caixin/Markit, que mostrou que a atividade no setor industrial da China recuou, com fraqueza na demanda doméstica e por exportações. O PMI ficou em 47,1 em agosto, a pior leitura desde março de 2009, contra 47,8 pontos em julho. Uma leitura abaixo de 50 pontos indica retração. O dado reforçou as suspeitas de que a desaceleração da segunda maior economia do mundo é mais forte do que se previa.


- A venda de ativos esta semana começou com a desvalorização do yuan, o que gerou especulações sobre a real situação da economia da China. O PMI muito fraco só acrescentou combustível ao pessimismo - afirmou Hertta Alava, chefe para mercados emergentes na FIM Asset Management, em Helsinque.


- Os investidores estão percebendo que está cada vez mais difícil para a China crescer os 7% que o governo planeja para este ano. Como muitas medidas de estímulo tomadas pelo governo chinês não tiveram o efeito esperado, o crescimento pode surpreender para baixo. Além disso, seu movimento de desvalorização cambial levou volatilidade às outras moedas - observou Luís Gustavo Pereira, estrategista da Guide Investimentos.


No câmbio, o real seguiu ontem o comportamento de outras moedas emergentes e perdeu valor contra o dólar, após a divulgação dos dados da China. O dólar comercial subiu 0,98%, a R$ 3,495. A divisa americana só registrou desvalorização contra cinco de uma cesta de 24 moedas de países emergentes. O MSCI Emerging Markets Index, que monitora o comportamento de mercados emergentes, perdeu 2,2%.


Isso apesar de a moeda americana ter caído 0,40% frente às dez principais divisas do mundo, de acordo com o índice Dollar Spot. Esse recuo foi motivado pelo fortalecimento de moedas de países desenvolvidos, como o euro e o iene japonês. Essas divisas se valorizaram na semana, depois de a ata da última reunião do Federal Reserve (Fed, banco central do Estados Unidos) indicar que, dadas as dificuldades para um crescimento global sustentado, os juros americanos talvez não subam em setembro, como o mercado vinha estimando.


Na Bolsa brasileira, 58 das 66 ações do Ibovespa fecharam em queda. A Petrobras recuou 5,06% (ON, com direito a voto) e 4,93% (PN, sem voto). A estatal acompanhou o movimento de queda do petróleo: o barril do tipo Brent caiu 2,49%, a US$ 45,46, e o do WTI recuou 2,11%, a US$ 40,45. Durante o dia, o WTI chegou a ser negociado a US$ 39,86, ficando abaixo de US$ 40 pela primeira vez desde março de 2009.


MOVIMENTAÇÃO NO CONGRESSO AJUDA BANCOS


Em relatório, o economista Paulo Eduardo Nogueira Gomes, da AZ FuturaInvest, afirmou que os investidores vêm se desfazendo dos papéis da Petrobras porque os preços atuais do petróleo tornam o pré-sal economicamente inviável. Outra produtora de commodities, a Vale, também caiu com força: 2,74% nas ações ON e 2,61% nas PNs. Recuaram ainda JBS (4,12%), BRF (3,17%) e CSN (3,48%).


- O Ibovespa já vinha sofrendo com a incerteza política, mas hoje (ontem) sua queda teve razão internacional. Para piorar, os dados do Caged, sobre mercado de trabalho, mostraram um corte de vagas bem maior que o esperado - disse Raphael Figueredo, analista da Clear Corretora. - A Bolsa só não caiu com mais força devido a notícias sobre uma articulação no Congresso para derrubar o aumento de impostos dos bancos. Isso atenuou a baixa do setor bancário, o de maior peso na Bolsa.


Parlamentares da base aliada no Congresso se articulam para incluir emenda ao relatório da medida provisória (MP) 675 para derrubar a proposta de aumentar a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) das instituições financeiras de 15% para 23%. O plano é manter a proposta original do governo, de elevação para 20%. A informação foi noticiada à tarde por agências de notícias, refletindo nas ações. À noite, o presidente da comissão mista que analisa o projeto confirmou a notícia à agência Reuters.


- Ouvi de membros da comissão da base do governo que eles estariam considerando a possibilidade de votar na terça-feira, desde que fosse para aprovar a alíquota de 20% que o governo colocou - contou o deputado Domingos Sávio (PSDB-MG).


As ações do Banco do Brasil caíram 0,22%, enquanto as do Bradesco recuaram 0,56%. O Itaú Unibanco teve alta de 0,23%, mas o Santander perdeu 1,12%.



- Abaixo do ponto de sustentação de 46 mil pontos, o comportamento futuro da Bolsa vai depender dos estrangeiros. Eles estão "comprados" (investidos) em R$ 19 bilhões este ano, mas os meses de julho e agosto têm registrado saída de investimentos. Se os EUA adiarem mesmo o aumento de juros, será algo positivo para a Bovespa, pois vai conter um pouco da fuga de capitais - afirmou Luiz Roberto Monteiro, operador da corretora Renascença.


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