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Pampulha Online - BH (MG) ( Reportagens ) - MG - Brasil - 22-08-2015 - 10:18 -   Notícia original Link para notícia
Varanda urbana

Parklets - Novidade em BH, minipracinhas agradam e também despertam curiosidadeFonte NormalMais Notícias


Parklet da rua Curitiba será inaugurado neste sábado (22)



Parklet da rua Sapucaí, no bairro Floresta



Na rua Orenoco, parklet tem toques de street art



Arte - O artista plástico Rogério Fernandes quer disseminar os art parklets, como o da rua Orenoco%u2039%u203APUBLICADO EM 22/08/15 - 03h00PRISCILA BRITO


ESPECIAL PARA O PAMPULHA


Ambiente convidativo, com jeito de varanda de casa. Na beiradinha da rua, na porta de restaurantes e galerias. Pode mesmo usar? Há quem chegue, entre e sente. Há quem passe e olhe meio de lado, desconfiado. Como novidades que são na cidade, os parklets que ocupam as ruas de Belo Horizonte há apenas dois meses provocam reações que vão da curiosidade ao estranhamento. Atualmente são cinco nas ruas da cidade, e o mais novo deles será inaugurado neste sábado (22), a partir das 14h, na rua Curitiba, 2.227, em Lourdes. Até o fim do ano eles podem chegar a 20. 


Primeiro parklet fixo será inaugurado neste fim de semana na SavassiFechar a varanda com vidro pode dar multa de mais de R$ 5 milUrbana LegionTRIBUTO LEGIÃO URBANAIdoso é amordaçado e espancado em assalto no TupiBNDES recebe R$ 1 bi de banco alemão para projetos de transporteTambém chamados de varandas urbanas, os parklets são estruturas instaladas como extensões da calçada no lugar de vagas de estacionamento. São "minipracinhas" equipadas com bancos, mesas, guarda-sóis e quaisquer outros elementos que tenham a finalidade de promover o lazer e a convivência em espaços públicos. Recentes na capital mineira, os primeiros parklets foram instalados na cidade californiana de San Francisco, nos EUA, em 2003. Desde então, têm se espalhado pelo mundo e podem ser encontrados hoje nos cinco continentes, em cidades do Canadá, França, Tailândia, Irã, Peru, África do Sul e, finalmente, Brasil - São Paulo foi a pioneira, e tem parklets desde o ano passado, e Rio, Goiânia e Recife também já entraram na onda.  


Oásis


Em pleno centro da cidade, em meio ao fluxo intenso de pedestres e o barulho do trânsito, o parklet da Goitacazes é quase uma ilha de tranquilidade que mudou a paisagem da agitada rua e a rotina das amigas Franciele de Souza e Luana de Souza. Até poucas semanas atrás, uma saía da aula e voltava direto para casa; a outra almoçava no próprio trabalho. Agora, se encontram para bater papo na hora do almoço. "Paramos todos os dias aqui para conversar. Não era de se esperar um lugar como esse aqui na cidade", comenta Franciele. Ao saber que este não é o único parklet em Belo Horizonte, ela se empolga. "Tem mais? Vamos procurar!", diz, convocando a amiga. Foi neste mesmo parklet que uma cena quase impossível de se imaginar foi flagrada. Um menino brincando de carrinho em um dos pontos mais movimentados da cidade. Quem viu e registrou o episódio foi Marcos Inneco, vice-presidente da -BH, responsável pela instalação do equipamento na Goitacazes e outro na avenida Bandeirantes, com previsão para ainda este mês. "Dia desses eu vi crianças correndo enquanto os pais estavam sentados batendo papo. Já vi idosos que vão pra lá para conversar com os vizinhos, gente que descansa na hora do almoço".  Não muito longe dali, na rua Orenoco, próximo à avenida do Contorno, o publicitário Daniel Melo caminha em direção ao parklet com detalhes de street art para fazer uma pausa no trabalho, o que tem feito nas últimas duas semanas, desde que o equipamento foi instalado na rua. Porém, não percebe a mesma liberdade diante da novidade por parte de outros pedestres. "Noto que as pessoas não entendem muito bem ainda a proposta. Pensam que é privado. Também já me perguntaram se era uma estrutura fixa", relata. Ao seu lado, estava o empresário Jardel Alves, que tinha acabado de se deparar com o parklet. "Eu achei que fosse um ponto de ônibus. Cheguei mais perto e vi o que era. É um espaço confortável para quem está na rua", comenta. 


 De todos


Em outro canto da cidade, na rua Sapucaí, o problema não é o estranhamento. "Nosso medo era que as pessoas vinculassem o uso a um espaço privado, mas a gente tem sentido que elas estão se sentindo livres para usar o lugar. Hoje cedo, passei por lá e vi gente lendo jornal", afirma Jordana Menezes, integrante da Benfeitoria, o galpão cultural que se juntou a outras quatro empresas para instalar o parklet no bairro Floresta. O obstáculo por lá é outro. "No segundo dia de funcionamento, ele apareceu pichado e com o piso danificado. Passamos verniz e, uma semana depois, foi pichado outra vez, teve algumas plantas roubadas. Estamos sujeitos a isso, mas temos tentado cada vez mais mostrar que o espaço é de todo mundo e que, por isso, todo mundo precisa cuidar".  Há também quem confunda a proposta do parklet. "Me disseram que ele está tirando o lugar das pessoas, mas, na verdade, ele está tomando o lugar do carro para dar lugar às pessoas. Aqui não tem Faixa Azul e quem para o carro aqui usa a rua como garagem, não contribui com nada", conta o artista plástico Rogério Fernandes, autor dos grafites que decoram o parklet da rua Orenoco. Para ele, propagar os parklets é uma maneira de fazer a população se envolver mais com o cuidado da cidade. "A ideia é que seja algo para a comunidade usufruir, uma coisa de vizinhança. O quarteirão pode se juntar, fazer uma vaquinha e instalar um parklet. É um exercício de cidadania". Ciclo parklets e pocket parks


Belo Horizonte vai terminar 2015 com pelo menos 20 parklets espalhados pelas ruas. A estimativa é da prefeitura, responsável por conceder a autorização para instalação das varandas urbanas. Se a projeção se confirmar, os parklets da cidade vão mais que dobrar: hoje já são cinco em funcionamento e outros quatro já autorizados pelo poder público e em processo de instalação (veja o mapa nesta página). Todos funcionarão por pelo menos dois anos, com possibilidade de renovação da licença.


Além do crescimento das chamadas varandas urbanas, é provável que a cidade assista ainda a uma diversificação dos modelos. O art parklet é um deles. Um desdobramento dos parklets, ele também oferece à população espaços para descanso e lazer, mas se propõe também a ser uma intervenção artística na rua.


A varanda instalada na rua Orenoco, no Sion, é a primeira a lançar essa proposta. Todo o mobiliário é envolto por um contêiner que forma uma espécie de abrigo decorado com street art. Os desenhos são de autoria do artista plástico Rogério Fernandes, que se inspirou em parklets vistos em Toronto, no Canadá. "Ele foi pensado para ser uma espécie de escultura, uma intervenção urbana, e a street art ajuda muito nisso", explica o artista.


Em parceria com uma empresa especializada em reaproveitamento de contêineres, Rogério vai decorar outros futuros art parklets da cidade. O próximo deles deve ser instalado na avenida do Contorno, na altura do bairro Santo Antônio, mas ainda precisa passar pelo trâmite burocrático junto à prefeitura. Até o ano que vem, o objetivo é que sejam instalados mais dez art parklets em Belo Horizonte. "Estamos em busca de parceiros e outros lugares. Uma das nossas propostas é instalar um na frente de Inhotim, por exemplo. Mas por enquanto é um projeto em estudo", revela Camila Collete, arquiteta da Edificare, empresa que firmou a parceria com o artista.


Novas intervenções


O engenheiro agrônomo Luamã Lacerda, da empresa BH Parklets, que instalou as primeiras varandas urbanas em Belo Horizonte, diz que o grupo também estuda outros formatos de intervenção nas ruas. "A gente precisa discutir melhor com o poder público e a comunidade, mas as ideias são muitas, tanto no que diz respeito a questões arquitetônicas nos parklets, quanto de outras propostas de intervenções", antecipa. Dentre as novas propostas, os ciclo parklets, dedicados exclusivamente ao estacionamento de bicicletas, e os pocket parks (parques de bolso em tradução livre), pequenos espaços com vegetação rodeados pelo concreto das cidades. O conceito, que nasceu em Nova York na década de 1960, tem sido aplicado em outras cidades pelo mundo, como Copenhague, na Dinamarca, e já chegou ao Brasil, em São Paulo.


Fora a diversificação, fica também o desafio de ampliar geograficamente o alcance desses espaços. Com exceção de um parklet que funcionará temporariamente entre setembro e outubro na região da Pampulha, os demais se concentram na região centro-sul da capital. "É natural que isso comece numa região mais central da cidade, porque é onde as novidades chegam antes, mas a intenção é extrapolar os limites, levando esse equipamento para locais com mais demanda de mobiliário desse tipo", diz Luamã.


Manual do Parklet


 


Quem pode - Pessoas físicas ou jurídicas podem requerer autorização para instalação de um parklet Como fazer - O requerimento, juntamente com o projeto detalhado, deve ser apresentado à Secretaria Municipal Adjunta de Regulação Urbana Onde instalar - Em vagas de estacionamento (exceto as reservadas para idosos e portadores de deficiência) em áreas com maior fluxo de pedestres, presença significativa de comércio ou grande densidade de moradias  Recursos - O custo é de total responsabilidade do proponente e pode variar de R$ 20 mil a R$ 40 mil, incluídos a realização do projeto, os materiais utilizados e a instalação do mobiliário. A manutenção também fica a cargo de quem propôs o projeto. A prefeitura apenas concede autorização Uso - O uso dos parklets é público, sendo vedado por decreto municipal o uso comercial ou exclusivo dos parklets Mais informações. Consulte o site da prefeitura: www.pbh.gov.br


Palavras Chave Encontradas: CDL, Criança
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