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Valor Online ( Brasil ) - SP - Brasil - 13-08-2015 - 09:22 -   Notícia original Link para notícia
Recuo no comércio se intensifica e reforça tendência de PIB negativo

Por Robson Sales e Tainara Machado | Do Rio e de São Paulo


A queda do comércio está mais acentuada e generalizada entre os segmentos do varejo, indicam os dados da Pesquisa Mensal do Comércio (PMC). Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no primeiro trimestre, o varejo restrito havia recuado 0,8%, na comparação com o mesmo período do ano passado; entre abril e junho o tombo foi maior: 3,5%, marcando o pior trimestre do comércio em 15 anos.


O recuo nas vendas do varejo também reforçou a avaliação de que o segundo trimestre foi de forte contração da atividade. Para o Bradesco, a retração nas vendas no período foi um pouco mais forte do que a previsão. Na avaliação do banco, a perda dá maior peso à projeção de contração de 1,4% do Produto Interno Bruto (PIB) entre abril e junho, na comparação com os primeiros três meses do ano.




"O movimento está em linha com a eliminação de postos de trabalho observada neste ano, a elevação da taxa de desemprego e a desaceleração dos rendimentos nominais dos trabalhadores", de acordo com análise do Bradesco.


O banco acredita que esses fatores vão manter a atividade em baixa. Relatório do Banco Fator também destaca a percepção de significativa contração da atividade no segundo trimestre do ano.


Na passagem de maio para junho, as vendas caíram 0,4%, a quinta perda consecutiva e a maior sequência de tombos da série histórica iniciada em 2000. O recorde é reflexo "de uma conjunção de fatores muito ruins", afirmou o economista da consultoria Tendências Rodrigo Baggi. "O brasileiro tem sido obrigado a adaptar o ritmo de consumo à piora dos fundamentos da economia", completou.


O economista, no entanto, vê uma recuperação do comércio mais difícil agora do que há 12 anos. Naquela ocasião, diz, havia um potencial muito maior para o crescimento: a China se expandia mais, o preço das commodities estava em alta e o fluxo de capitais favorecia o país.


Baggi aponta para o segmento de bens de consumo duráveis como o mais frágil em meio à crise da economia. "Crédito e confiança são importantes, ainda mais para motos e veículos, móveis e eletrodomésticos", disse. "O cenário está tao nebuloso que as famílias estão evitando comprar e nos próximos meses não vemos nenhuma capacidade de melhora", acrescentou.


Para a gerente da coordenação de serviços e comércio do IBGE, Isabela Nunes Pereira, o atual momento do comércio é reflexo da crise econômica interna. Na avaliação dela, dois segmentos refletem a conjuntura mais difícil: as vendas nos supermercados acumulam perda de 1,2% no ano e a de veículos e motos, partes e peças registra tombo de 13% no primeiro semestre.


O segmento de super e hipermercados, avalia Pereira, está "intimamente" ligado à renda. "Esse é um grupo que normalmente resiste, mas está sucumbindo à queda da renda".


O varejo ampliado, que inclui veículos e material de construção, registrou o quinto trimestre com taxas negativas, além de também acentuar o ritmo de retração entre o primeiro e o segundo trimestre de 2015, passando de -5,3% para -7,5%.


Embora o recuo do comércio ainda não esteja se refletindo na redução dos preços, na avaliação da Rosenberg Associados, a queda do setor começará, em breve, a forçar a inflação para baixo. "Os dados corroboram a estratégia de manutenção dos juros por um período prolongado, mesmo considerando a demora do deflator em mostrar um arrefecimento mais contundente".


Os únicos segmentos com números positivos em junho, segundo o IBGE, foram os de artigos farmacêuticos e de perfumaria, que reverteu parcialmente a queda de 0,4% no mês anterior e avançou 0,3% em junho, e material de construção (5,5%), que interrompeu em junho uma sequência de cinco meses em queda, período em que acumulou perda de 9,4% no volume de vendas, de acordo com a PMC.


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