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O Globo Online (RJ) ( Opinião ) - RJ - Brasil - 13-08-2015 - 09:11 -   Notícia original Link para notícia
Mudança no câmbio chinês afeta a economia mundial

País asiático tenta combater desaceleração econômica com desvalorização do yuan. Medida tem várias implicações e pode atingir países como o Brasil


Pelo segundo dia consecutivo o Banco Central da China permitiu, ontem, a desvalorização do yuan. Controlado pela autoridade monetária, o câmbio no país pode ter uma oscilação máxima de 2%, para cima ou para baixo. Quarta, a moeda chegou perto do piso, antes de se recuperar, fechando a 6,33 yuans por dólar, um recuo de 1,6% em relação à cotação da véspera. Foi a segunda maior queda diária desde 1994, quando o sistema de câmbio atual da China foi implementado. A primeira maior queda foi na terça- feira, quando o yuan perdeu quase 2%. A medida derrubou outras moedas asiáticas, inclusive o iene, e as Bolsas da região.


A desvalorização repercutiu entre investidores e economistas, que a veem como uma tentativa do governo de conter a desaceleração da segunda maior economia do mundo. O yuan mais barato torna os produtos chineses mais competitivos, favorecendo as exportações frente à concorrência de rivais como Brasil e EUA. Em julho, segundo o FMI, as exportações chinesas caíram 8,3% em relação ao mesmo mês de 2014. Ao mesmo tempo, confirma os sinais de que o gigante asiático vai mal, e o país aposta nas exportações para reequilibrar a economia.


Como as estatísticas chinesas não são confiáveis, e o governo, apesar das reformas liberalizantes do presidente Xi Jinping, mantém a economia sob rígido controle, os agentes dos mercados não sabem exatamente o nível de dificuldades do país, o que acaba alimentando movimentos especulativos toda vez que o país sinaliza uma mudança de rumo. O FMI estima que o PIB da China, que vinha crescendo a dois dígitos antes da crise global de 2008, vai cair para 6,8% este ano e 6,3%, em 2016. No ano passado, o país cresceu 7,4%.


As dificuldades da China podem levar o Federal Reserve ( Fed, o banco central americano) a adiar a elevação da taxa básica de juros do país. Isso seria uma boa notícia para emergentes como o Brasil, que, com juros mais altos, se mantêm atraentes para investidores estrangeiros. Ao mesmo tempo, se a recuperação chinesa se concretizar, os exportadores de commodities serão beneficiados. Mas a queda do yuan também traz o risco de estimular uma guerra cambial, afetando a estratégia brasileira de deixar o real mais barato.


A desvalorização da moeda chinesa reforça os sinais de mudanças no país. Desde que assumiu, Xi vem implementando profundas reformas e alguns analistas veem a oscilação do câmbio como um ensaio. Deixar a moeda flutuar mais livremente estaria, assim, em consonância com a ambição de Pequim de dar ao yuan o status de moeda de reserva mundial, como são hoje o dólar, o euro e o iene, e reforçar sua força política. O rígido controle do câmbio joga contra essa pretensão.


A queda do yuan tem efeitos complexos, mas acima de tudo mostra que a desaceleração da economia chinesa é um problema mundial. Mas, apesar da cantilena do Planalto, não justifica as atuais mazelas brasileiras.      


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