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O Globo Online (RJ) ( Economia ) - RJ - Brasil - 08-08-2015 - 11:20 -   Notícia original Link para notícia
Bolsa de Valores cai 2,87% com crise política

Ação do Banco Central interrompe sequência de seis altas do dólar. Divisa recua 0,70%, para R$ 3,51


A incerteza no ambiente político fez com que os mercados financeiros tivessem mais um pregão de forte volatilidade - embora a atuação maior do Banco Central ( BC) no mercado de câmbio tenha interrompido uma sequência de seis altas consecutivas no dólar. A moeda americana encerrou o dia cotada a R$ 3,510, um recuo de 0,70% ante o real. Na semana, no entanto, a alta foi de 2,5%. Já a Bolsa de Valores de São Paulo ( Bovespa) recuou 2,87%, no índice Ibovespa, chegando aos 48.577 pontos, com a maior aversão ao risco - na semana, a queda foi de 4,5%.


Segundo Ari Santos, gerente de renda variável da corretora H.Commcor, a aversão ao risco está maior devido ao cenário de instabilidade política. Os agentes do mercado financeiro temem que o enfraquecimento da relação entre a presidente Dilma Rousseff e o Congresso acabe por agravar ainda mais a recessão da economia.


- A queda na Bolsa é por instabilidade política, que agrava a falta de perspectiva para o crescimento da economia. É um clima propício para aversão ao risco, porque ainda tem o temor da perda do grau de investimento e do aumento dos juros nos Estados Unidos - afirmou Santos.


O recuo do dólar ocorreu após o BC elevar o volume da rolagem de contratos de swap, que equivalem à venda de dólares no mercado futuro, sinalizando a insatisfação com a escalada da moeda americana nos últimos pregões. Apesar do alívio na cotação, a volatilidade foi elevada, com a divisa variando entre a mínima de R$ 3,493 e a máxima de R$ 3,569. E, para analistas, essa pressão vai continuar.


APÓS BALANÇO, AÇÕES DA PETROBRAS CAEM 7,41%


Na Bolsa, um dos destaques de queda foi a Petrobras, que divulgara na véspera o resultado do segundo trimestre abaixo do esperado pelo mercado. As ações preferenciais (PN, sem direito a voto) caíram 6,10%, cotadas a R$ 9,69, e as ordinárias (ON, com direito a voto) tiveram desvalorização de 7,41%, a R$ 10,61.


- O resultado da Petrobras não foi de todo ruim. Há um esforço grande para corte de gastos, mas ainda há a investigação da Lava-Jato e uma política pouco clara sobre o reajuste dos derivados. Tudo isso, adicionado à queda do preço do petróleo, ajuda a pressionar o papel - afirmou Eduardo Velho, economista-chefe da INVX Global Capital Asset.


Também registraram forte queda as ações da Vale, que devolveram parte dos ganhos dos últimos pregões. Os papéis preferenciais da mineradora recuaram 4,85%, e os ordinários, 5,92%. O pessimismo generalizado contaminou também o setor bancário, que tem o maior peso na composição do índice Ibovespa. Encerraram o pregão em terreno negativo os papéis do Itaú e do Bradesco, que registraram desvalorizações de, respectivamente, 2,92% e 2,76%. As ações do Banco do Brasil caíram 2,93%.


Para os agentes do mercado de câmbio, a intervenção do BC anunciada na quinta-feira à noite sinalizou que a autoridade monetária está insatisfeita com a escalada recente do dólar. Desde ontem, a rolagem de contratos de swap cambial que vencem em 1º de setembro foi elevada de 6 mil contratos para 11 mil contratos por dia, que equivalem a uma oferta de moeda ao mercado. Na prática, isso aumenta a liquidez e, em tese, reduz a demanda pela moeda americana. Com a decisão, a rolagem passou de cerca de 60% para aproximadamente 100% dos vencimentos. O leilão ocorreu no fim da manhã e teve um giro financeiro de US$ 528,6 milhões. A volatilidade do câmbio, no entanto, não cedeu.


- A ação do BC ajudou a segurar um pouco a cotação, mas o que mais está influenciando é a incerteza no ambiente político. Se fosse só a questão dos juros americanos, a volatilidade não seria tão alta. Ninguém quer peitar o BC em condições normais. Mas hoje não se vê uma liderança política, e isso aumenta a incerteza. O viés vai continuar sendo de alta - avaliou Hideaki Iha, operador de câmbio Fair Corretora.


O aumento da rolagem vai na direção contrária à que o governo vinha sinalizando, que era reduzir a exposição cambial por meio desse tipo de contrato. Atualmente, o estoque de swaps é de pouco mais de US$ 100 bilhões. Uma outra forma de intervir no câmbio, já adotada no passado, seria a venda direta de moeda, uma vez que as reservas internacio-


À ESPERA DO FED, NOS EUA


nais do país estão hoje em US$ 370,6 bilhões.


Velho, da INVX , lembra que essa atuação do BC já era esperada, principalmente após as declarações do diretor de Política Monetária, Aldo Mendes, sobre a "esticada" da cotação, ou seja, da forte alta observada em um curto espaço de tempo.


- Mas ainda temos um cenário difícil para o governo e algumas votações de projetos importantes podem não ter êxito. Isso deve manter a pressão sobre o dólar. Além disso, há a expectativa de aumento de juros nos Estados Unidos e a queda do preço das commodities por causa da desaceleração da China - explicou Velho. Ontem, o dólar chegou a subir até R$ 3,569 logo após a divulgação de dados do mercado de trabalho nos EUA, cujo resultado veio melhor do que o previsto em julho. Isso elevou as apostas de um aumento na taxa básica de juros nos Estados Unidos, já que os indicadores de emprego são acompanhados com lupa pelo Federal Reserve (Fed, o BC americano).


Na avaliação de analistas, essa alta pode ocorrer já no mês que vem. O juro maior nos EUA tende a retirar recursos de mercados emergentes, uma vez que os investidores vão buscar papéis considerados mais seguros, como os títulos americanos, que estarão pagando uma remuneração maior. No exterior, o dollar index recuava 0,23% no momento do encerramento dos negócios no Brasil. Esse indicador é calculado pela Bloomberg e leva em conta o comportamento do dólar frente a uma cesta de dez moedas.


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