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O Globo Online (RJ) ( Economia ) - RJ - Brasil - 07-08-2015 - 09:34 -   Notícia original Link para notícia
Após sexta alta seguida do dólar, BC ampliará ação no mercado

Moeda avança 1,28%, a R$ 3,535. Diretor diz que cotação está ' esticada'


O dólar comercial voltou a subir com força, para R$ 3,535, levando o Banco Central a anunciar que a partir de hoje ampliará sua atuação no câmbio. Para analistas, a dificuldade no ajuste fiscal assusta investidores, e a crise política pode aprofundar a recessão. - SÃO PAULO E BRASÍLIA- Primeiro, o Banco Central ( BC) sinalizou. Depois agiu, deixando claro que está incomodado com a recente escalada do dólar. A partir de hoje, será renovado um volume maior de contratos de swap - o que, na prática, equivale a uma venda de moeda americana no mercado futuro. A decisão foi tomada após o dólar regsitrar a sexta alta consecutiva, fechando a R$ 3,535, avanço de 1,28%. É a maior cotação desde os R$ 3,554 de 5 de março de 2003. Já a Bolsa de Valores de São Paulo recuou 0,55%, aos 50.011 pontos.


Na máxima do dia, o dólar chegou a R$ 3,571. A desaceleração veio logo após o diretor de Política Monetária do BC, Aldo Mendes, declarar, em entrevista ao jornal "Valor Econômico" - com o mercado ainda em funcionamento -, que a cotação estava "claramente esticada". Isso foi interpretado por agentes do mercado como um alerta de que o BC estava atento ao nível de volatilidade. Nos bastidores do BC, o dia foi de estresse. O efeito da fala de Mendes foi menor que o pretendido. Às 18h30m, a autoridade monetária anunciou sua decisão sobre o swap.


- Para o Banco Central, o nível atual da taxa de câmbio está muito além ou muito acima do que seria explicado pelos fundamentos econômicos do Brasil, mesmo considerando o delicado momento político do país. Isto é, o preço do dólar está claramente esticado. Entendo que os agentes estão agindo aparentemente com pouca racionalidade. Comprar moeda nesse nível pode representar perda a médio prazo - disse Mendes ao GLOBO.


A partir de hoje, o BC eleva de 6 mil para 11 mil o número de contratos de swap com vencimento em 1 º de setembro que serão rolados. Com isso, o volume dessa renovação deve passar de cerca de 60% para 100% dos vencimentos. A medida vai na direção contrária do que o governo vinha sinalizando, que era reduzir a exposição cambial por meio desse tipo de contrato. Atualmente o estoque de swaps é de pouco mais de US$ 100 bilhões. A outra forma, adotada em 2012, seria a venda direta de moeda, uma vez que as reservas internacionais estão em US$ 370,6 bilhões.


Hoje será o teste da queda de braço entre o BC e o mercado. Embora o ambiente político seja um fator importante para a alta do dólar, já que a demora em fazer o ajuste fiscal deixa o país mais perto de perder o grau de investimento, há uma pressão externa para esse movimento: a possibilidade de o Federal Reserve ( Fed, o BC americano) elevar os juros. Se os dados do mercado de trabalho dos Estados Unidos, que serão divulgados hoje, forem positivos, crescerá a aposta de alta nos juros já no mês que vem.


- O BC tem até reserva de gordura, das reservas, para queimar, mas não acho que entraria em uma queda de braço com o mercado. Isso me surpreenderia, dado o discurso da instituição - diz Marcelo Castello Branco, da Saga Investimentos.


ANALISTA: ' BC VIU ESPECULAÇÃO'


Para Bernard Gonin, analista econômico da Bozano Investimentos, a atuação do BC difere de intervenções do passado, como em 2012, quando os leilões de compra e venda de dólar e a oferta de swaps visavam a arbitrar um teto ou um piso para a divisa. Agora, argumenta ele, o objetivo maior é reduzir a volatilidade. Desde a redução da meta de superávit fiscal de 1,1% para 0,15% do PIB, em 22 de julho, até ontem, o dólar já subiu 11,4%.


- As moedas de emergentes todas desvalorizaram, mas o movimento com o real é muito mais forte por conta da incerteza política. Ninguém sabe como vai ser a governança do país nos próximos meses, o que causa essa aversão ao risco. Essa velocidade da alta do dólar não é boa porque traz problemas econômicos, como a inflação e o aumento da dívida das empresas - diz Gonin.


O BC também deve considerar que, além da aversão ao risco e da deterioração dos fundamentos da economia, há um forte componente de especulação no câmbio. Em julho, a posição vendida dos bancos, que é quando essas instituições apostam que a cotação vai subir, passou para US$ 21,7 bilhões, contra US$ 17,5 bilhões em junho.


- O BC deve ter percebido que o mercado está mais especulativo. Por isso, decidiu aumentar a rolagem. É preciso saber como o mercado vai reagir - afirma Reginaldo Galhardo, gerente de câmbio da Treviso Corretora.


Para Alexandre Wolwacz, diretor da Escola de Investimentos Leandro& Stormer, a principal razão para essa alta do dólar é a instabilidade política:



- A principal preocupação para o investidor, principalmente o estrangeiro, é o ajuste fiscal. Quando o ajuste perde força, o investidor começa a ver que é maior a probabilidade de perder o grau de investimento.      


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