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Valor Online ( Empresa ) - SP - Brasil - 07-08-2015 - 09:49 -   Notícia original Link para notícia
Varejo vai comprar mais produto nacional

Por Cibelle Bouças | De São Paulo


As varejistas de moda decidiram reforçar promoções neste terceiro trimestre e substituir parte dos produtos importados pela produção local, como parte das estratégias para reduzir gastos e baixar o nível de estoques.


O plano de parte das companhias inclui reduzir a meta de abertura de lojas e investimentos para diminuir a alavancagem - um processo que pode ser favorável no curto prazo mas traz riscos para a expansão de longo prazo.




Juntos, os estoques das empresas Arezzo, Grendene, Cia. Hering, Marisa Lojas Riachuelo (Guararapes) e Renner somaram R$ 2,2 bilhões no fim do segundo trimestre, um aumento de R$ 393 milhões em relação a junho de 2014. A conta de estoques aumentou 22% em relação ao segundo trimestre do ano passado - período no qual o desempenho dos lojistas foi mais fraco devido aos feriados da Copa do Mundo da Fifa.


A Marisa foi a única que teve redução na conta de estoques, de 5,3%, ante igual período e 2014. A companhia associou o resultado ao trabalho feito desde o ano passado para baixar estoques.


As demais tiveram aumento. A Arezzo teve alta de 2,5% na conta de estoques. Os aumentos foram maiores na Hering (13%), Grendene (15,1%) e Riachuelo (49,6%). Mesmo a Renner, que teve o melhor desempenho entre as varejistas de moda, com alta no lucro líquido de 33,5% no segundo trimestre, fechou o período com alta de 21,1% na conta de estoques.


De acordo com dados da Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit), as vendas do varejo de vestuário caíram 5% no primeiro semestre e tendem a fechar o ano com queda de 4%, com uma pequena melhora no quarto trimestre. No primeiro semestre, o setor reduziu a produção em 13% e aumentou as importações em 13%. Para o ano, a Abit estima queda de 7,5% nas importações, devido à alta do dólar. Para a produção, a previsão é de queda de 10%.


A Hering e a Riachuelo, que têm operação fabril e de varejo, anunciaram que pretendem reduzir as importações, como parte do esforço para encolher estoques e baixar custos com o dólar. Sem citar números, as duas companhias informaram que vão reforçar a produção local de peças de vestuário em substituição a produtos importados principalmente da China e vão reduzir as compras no exterior.


A Grendene, que também opera no varejo com 187 lojas Clube Melissa, ampliou os estoques no segundo trimestre porque antecipou a produção de linhas voltadas para o alto verão. Segundo Francisco Schmitt, diretor financeiro e de relações com investidores da Grendene, a antecipação foi feita para aproveitar a capacidade ociosa e reduzir o pagamento de horas extras no fim do ano.


A Renner informou que os estoques da companhia estão ajustados, tendo em vista a perspectiva de vendas para os próximos trimestres. Laurence Gomes, diretor financeiro e de relações com investidores da Renner, disse ver pouca necessidade de baixar preços no terceiro trimestre para reduzir estoques. A varejista tem uma operação direta na China o que, segundo a companhia, tem facilitado a importação de produtos a custos mais favoráveis, principalmente de itens para a rede Camicado.


Às vésperas da entrada das coleções de alto verão - as linhas de primavera-verão já chegaram à maioria das lojas - as varejistas têm urgência em se desfazer dos estoques das linhas de inverno e de coleções mais antigas. E essa desova terá que ser feita com novas reduções em preços.


"O consumidor está mais sensível a preço do que o usual. Mesmo nas faixas mais altas, ele quer promoção. A remarcação de preços tem sido relevante no setor e a expectativa é de contração na margem de lucro no terceiro trimestre por conta disso", afirmou Frederico Oldani, diretor financeiro e de relações com investidores da Hering. A Riachuelo também informou nesta semana que vai fazer novas reduções nos preços de coleções antigas para tentar normalizar o nível de estoques, e o efeito será sentido na margem de lucro.


No segundo trimestre, apenas Renner e Grendene tiveram melhora nas margens de lucro. A margem da Renner cresceu 1 ponto percentual, para 11,7%, enquanto a margem da Grendene aumentou 4,6 pontos percentuais, para 22,8%. A Riachuelo teve queda de 5,4% na margem de lucro, para 5,6%; a Hering teve queda de 2,3 pontos percentuais, para 15,4%; e a Arezzo teve redução de 1,3 ponto percentual, para 11,2%.


Companhias abrem menos lojas


Por Cibelle Bouças | De São Paulo


07/08/2015 às 05h00


Após resultados mais fracos apresentados pela maioria das varejistas de moda no segundo trimestre, algumas companhias anunciaram redução nas metas de investimentos e abertura de lojas, como mecanismo para melhorar a gestão de caixa no curto prazo.


Ontem, a Arezzo reduziu a meta de abertura de lojas neste ano de 62 unidades para 30 a 40 lojas. A Riachuelo (varejista do grupo Guararapes) também reduziu sua meta para o ano de 40 para 30 unidades. A Cia. Hering não divulgou meta de abertura de lojas para o ano, mas informou que espera fechar o ano com "alguma adição líquida de lojas". A Marisa Lojas já havia informado que previa fazer alguns "cortes cirúrgicos" na sua rede de lojas. Até junho, a varejista manteve suas 413 lojas.


No conjunto, as empresas reduziram em 12% a meta de abertura de unidades para 2015. A redução na abertura de lojas dificulta o processo de elevação das vendas das companhias no futuro, porque as vendas em unidades abertas há mais de um ano são crescem em taxas mais baixas. Na Arezzo, as vendas em mesmas lojas cresceu 1,4% e a receita líquida total, 12,5%. Essa diferença se repete na Renner (14,5% e 21,9%, respectivamente) e Riachuelo (17,9% e 2,6%).


A perspectiva de ganhos futuros menores também influenciou o desempenho das ações das varejistas de moda. De acordo com cálculo do Valor Data, no acumulado do ano até ontem, a ação da Renner tem alta de 37,07% e Grendene valorizou 20,5%. As demais registram queda: Riachuelo (31,5%), Marisa (47,5%), Hering (41,4%) e Arezzo (22,4%).


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