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Diário do Comércio online - BH (MG) ( Economia ) - MG - Brasil - 04-08-2015 - 09:55 -   Notícia original Link para notícia
Empresários de Minas Gerais condenam nova alta da Selic

Para eles, existem outras ferramentas para conter o avanço da inflação


No palco da retração da economia, o aumento da Selic para 14,25% ao ano, promovido pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, é um dos figurantes em cena mais criticados pela plateia, composta pela população e pelo empresariado. Para o superintendente da Associação Mineira de Supermercados (Amis), Adilson Rodrigues, trata-se de um "tiro pela culatra", uma vez que a alta dos juros para controlar a inflação aumenta os custos das empresas e o preço dos produtos. "Acham que é salvação, mas é um remédio para extrema unção que não resolve", compara.

De modo geral, os empresários estão "baixando a bola" em termos de previsão de crescimento em 2016, haja vista que ainda não há sinalizações para o próximo ano, segundo Rodrigues. "Eles querem resposta sobre os rumos da economia. Qual será a cotação do dólar e as taxas de inflação e de juros?", diz Rodrigues.

O superintendente ressalta que 2015 está sendo um ano ruim. Tanto que a meta prevista de crescimento do setor supermercadista, que era de 2,5% para este ano, baixou para 1,5%. Apesar disso, ele lembra que o segmento está em expansão. Nos sete primeiros meses deste ano foram inauguradas 40 lojas, mediante investimento de R$ 175 milhões, e a previsão é de abertura de mais 30 unidades até dezembro. O dirigente relembra ainda que o comportamento do consumidor mudou, está trocando marcas mais caras por baratas, o que é normal diante do cenário adverso.

Na visão de Rodrigues, o pessimismo está contaminando os empresários. "A crise é um fato real, mas não se pode ficar de braços cruzados. Então, é preciso fazer a leitura da crise e pensar em como obter melhor desempenho em termos de administração da empresa e buscar a criatividade. O consumidor continua cobrando eficiência", diz.

Prejuízos - Já para o presidente da de Belo Horizonte (/BH), , o aumento da Selic é uma das ferramentas para conter a inflação, mas não é a única. "Se fosse assim, o Brasil teria as menores taxas de inflação e de juros do mundo. Não temos inflação por demanda", explica. Conforme ele, nos últimos anos, a gestão do governo federal tem prejudicado a população brasileira, ou seja: empresas, lojistas e consumidores.

" uma gestão equivocada. Perderam a chance de fazer reformas estruturais importantes, como a tributária e a trabalhista", enfatiza Falci, acrescentando que o governo tem de criar condições para o investimento e não ficar somente em cima de medidas recessivas. "Se com juros mais baixos já existe dificuldade em obter empréstimos, com juros mais altos fica mais difícil ainda", pondera.

O dirigente diz que o ambiente econômico é preocupante. E lembra que nos cinco primeiros meses deste ano, as vendas do setor em Belo Horizonte caíram 2,97% na comparação com o mesmo período de 2014, primeira retração nos últimos nove anos. A expectativa da /BH é que o comércio da Capital continue amargando prejuízos e encerre 2015 com queda entre 0,5% e 0,8% nas vendas. "Isso é negativo. As empresas não têm receita, cortam custos e reveem o quadro de funcionários, que são os possíveis clientes, os compradores. Então, a atitude do governo complica os setores produtivos", afirma Falci.


Caráter - Na avaliação do presidente da /BH, o Brasil passa por uma crise de caráter, porque não tem ética, não tem leis. "Com certeza, o governo não teria segurado o preço do combustível e da energia para só agora liberar após eleito. Trata-se de jogada política. Usou dinheiro do povo para ganhar a eleição", critica o empresário.

Para o diretor-executivo da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel-MG), Lucas Pêgo, o aumento da Selic não tem efeito imediato, mas em cascata e influencia principalmente quem se alimenta fora de casa. "O próprio IPCA mostra isso. O grupo Alimentação puxa o indicador para cima. Os reflexos da alta em relação ao consumo nos preocupa, pois os preços estão altos".

Pelo levantamento da Abrasel, em parceria com a Fispal, no primeiro trimestre de 2015, a média nacional de faturamento do setor teve redução de 8,39% em relação ao último trimestre de 2014. Considerando-se a sazonalidade, a queda real foi da ordem de 2,39%. Os restaurantes com tíquete médio acima de R$ 30,00 perderam público e os com abaixo de R$ 15,00 ganharam.

Pêgo explica que, em função da conjuntura econômica, bares e restaurantes estão abusando de promoções, prato do dia, ingredientes sazonais e adaptação de cardápios. "Isso é um problema e os custos das empresas só vêm aumentando. Em meio à instabilidade do mercado, as empresas reduzem custos e quadro de pessoal", afirma.


Palavras Chave Encontradas: Bruno Falci, Câmara de Dirigentes Lojistas, CDL
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