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Valor Online ( Empresa ) - SP - Brasil - 03-08-2015 - 09:27 -   Notícia original Link para notícia
Mesmo na crise, receita cresce em ritmo de dois dígitos


José Galló, da Renner: renegociação de aluguéis em shoppings e novas lojas


Os desafios de um cenário macroeconômico recessivo e de política nacional turbulenta, que geralmente levam empresários a pôr o pé no freio da produção e dos investimentos, estão sendo superados por diversas companhias, de diferentes setores. Essas empresas registram crescimento de dois dígitos na receita líquida, mesmo diante das adversidades.


Para as companhias que exportam, o câmbio e uma demanda mais aquecida em alguns mercados no exterior ajudaram a aumentar as vendas. No campo doméstico, algumas empresas fizeram aquisições para obter extensão geográfica e maior participação de mercado, outras equilibraram estoques para evitar a redução de preços, abriram mais lojas. Agradar a classe C, com poder de compra reduzido, se mostrou boa estratégia. E o envelhecimento da população é fator positivo para varejistas de medicamentos.


Na contramão da indústria de bens de capital mecânicos, que caminha para encerrar o terceiro ano consecutivo com queda no faturamento, a multinacional brasileira WEG registrou alta de 29% na receita líquida do segundo trimestre deste ano, para R$ 2,35 bilhões. O lucro cresceu 14,4%, para R$ 260,9 milhões. A WEG conseguiu sustentar seu avanço por meio do mercado externo e da demanda de energia eólica. O exterior respondeu por R$ 1,3 bilhão da receita, aumento de 40,9%, e o mercado nacional por R$ 1,05 bilhão, alta de 16,8%. Andre Luis Rodrigues, diretor administrativo e financeiro, disse que a expectativa para os próximos anos é que o mercado local represente 40% da receita.


Mesmo com a demanda por veículos no patamar mais baixo em oito anos, as vendas de automóveis da Honda crescem 19% neste ano, a maior taxa entre as montadoras instaladas no país. Como a maioria das fabricantes, a Honda não publica balanço financeiro no Brasil. Mas estimativa da consultoria Oikonomia, com base nos volumes vendidos e preços praticados pela marca, indica que a filial do grupo japonês faturou R$ 4,8 bilhões com a venda de carros no país no primeiro semestre, 25,2% a mais na comparação anual.


A montadora de carros japonesa conta com os modelos Fit e City - cujos emplacamentos crescem 16% e 30,4%, respectivamente - para impulsionar suas vendas. A chegada do utilitário esportivo HR-V, que lidera a categoria desde seu lançamento em março, criou uma fila de espera nas concessionárias. Enquanto rivais demitem e suspendem contratos de trabalho temporariamente ("layoffs"), a Honda opera com jornadas extra de trabalho para atender à demanda.


A Lojas Renner também não perdeu o consumidor de vista. A rede apurou alta de 33,5% no lucro líquido do segundo trimestre em relação ao mesmo período de 2014, para R$ 158,2 milhões. A receita líquida cresceu 21,9%, para R$ 1,354 bilhão, ao se somar apenas as vendas de mercadorias, e 22,4%, para R$ 1,536 bilhão, com a inclusão de produtos financeiros.


O desempenho foi atribuído à correção no desenvolvimento das coleções, à distribuição dos produtos e à manutenção de estoques ajustados nas lojas, o que minimizou a necessidade de reduzir preços, disse o diretor financeiro e de relações com investidores Laurence Gomes. De abril a junho, a rede inaugurou dez unidades Renner, cinco Camicado e três Youcom.



José Galló, diretor-presidente da Lojas Renner, aproveita os espaços criados pela retração da economia, seja em busca do público jovem, por meio da Youcom, ou da renegociação de aluguéis em shopping centers para beneficiar as bandeiras Camicado e Renner. "Não se faz um shopping sem âncoras, e conseguimos melhores condições para [implantar] lojas novas e fazer expansões", disse.


A Raia Drogasil obteve crescimento de 22,7% na receita líquida, para R$ 2,18 bilhões. O resultado reflete um conjunto de ações estratégicas, após finalizado o processo de integração das duas redes no ano passado. As lojas maduras, abertas há anos, cresceram 10,5% no período, e as lojas com mais de 12 meses, 14,7%. A varejista cresce acima da média do mercado - o setor deve expandir-se até 15% em 2015, versus alta de 21% de janeiro a junho - porque não só tem unidades bem localizadas, como tem se beneficiado do processo de envelhecimento da população.


O lucro líquido da Raia Drogasil evoluiu 72,4%, para R$ 108,2 milhões. "No segundo trimestre, a companhia teve muita compra de oportunidade, e isso ajudou nas margens de lucro. Isso também foi feito no primeiro trimestre", disse Eugênio De Zagottis, vice-presidente de relações com investidores. Na quinta-feira, a empresa anunciou a aquisição de 55% da varejista de medicamentos de especialidade 4-Bio, por R$ 24 milhões.


Embora os resultados da Embraer no segundo trimestre tenham ficado abaixo das estimativas de analistas, a receita de R$ 4,66 bilhões representou avanço de 18,6%. O lucro líquido de R$ 399,6 milhões, 25% maior, foi beneficiado pelo resultado financeiro. Houve bom desempenho nas áreas comercial e executiva, favorecidas pelo câmbio.


Na área de tecnologia, a Stefanini elevou em 9% sua receita no primeiro semestre, mas o presidente da empresa, Marco Stefanini, projeta alta de 11% para o ano. "Em momentos de crise temos conseguido crescer por sermos mais conservadores. Assim, ganhamos participação de mercado de concorrentes que não têm bom desempenho", disse.


Em fevereiro, a Stefanini comprou a IHM Engenharia, que desenvolve sistemas usados pela indústria no chão de fábrica. Além disso, fez uma joint venture com a Tema Sistemas para atender a área de tesouraria dos grandes bancos.


A Linx, de tecnologia para o varejo, pode elevar a receita entre janeiro e junho em quase 23% quando soltar o balanço do 2 trimestre, quarta-feira, somando R$ 212 milhões, estimam analistas.


Depois de crescer 10% no primeiro semestre, a fabricante de chuveiros, duchas e torneiras elétricas Lorenzetti mantém a meta de alcançar 12% no ano, ante R$ 1,05 bilhão de 2014. "Vamos buscar os 12%, mas, se a retração do consumo continuar, pode afetar o crescimento", disse Eduardo Coli, vice-presidente executivo.


Nos últimos anos, a Lorenzetti investiu em produtos com mais tecnologia direcionados para a classe C. O volume vendido de produtos de preço intermediário teve maior participação no primeiro semestre comparado a 2014.


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