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Valor Online ( Empresa ) - SP - Brasil - 03-08-2015 - 09:30 -   Notícia original Link para notícia
No varejo, estoque alto adia novas compras


Magazine Luiza se estocou porque preços iriam subir no início do ano, diz Silva



O cenário de desaceleração nas vendas do varejo de bens duráveis, num ritmo acima do esperado pelo mercado, trouxe problemas para as fabricantes do setor.


Segundo redes de varejo ouvidas, as lojas aceleraram as compras de produtos, como eletrônicos e eletrodomésticos, nos primeiros meses do ano, temendo preços mais salgados mais adiante. Aumentos nas tabelas poderiam chegar a 7% entre fevereiro e março, como efeito da valorização do dólar frente ao real.


Varejistas compraram, de forma antecipada, volumes maiores para a venda no segundo trimestre, ampliando os seus estoques entre 5% e 10%, a depender da categoria e da negociação com a marca, segundo apurou o Valor. Mas a demanda caiu rapidamente a partir de março, de forma mais abrupta do que a prevista, e os estoques se mantiveram elevados nas lojas. Novas negociações de compra e venda entre varejistas e a indústria, em volumes maiores, entraram em compasso de espera.


A expectativa é que encomendas em quantidades mais significativas, para ações como a "Black Friday", retornem a partir de setembro, segundo a direção do Magazine Luiza. "Compramos mais [no começo do ano] porque os preços iriam subir e não se esperava desaceleração tão forte no setor. Agora, estamos trabalhando para reduzir nossos estoques. Nossas compras vão se basear naquilo que está saindo da loja, e na velocidade da demanda", disse Marcelo Silva, diretor superintendente da rede.


A Via Varejo, formada da união de Casas Bahia e Ponto Frio, também ampliou encomendas meses atrás e sentiu, após isso, uma queda mais forte na demanda, disse Marcelo Rizzi, diretor de relações com investidores. "Fizemos compras estratégicas no começo do ano, com o dólar mais favorável, e financiamos essa compra com prazo maior negociado com fornecedor [...] Agora, eles devem fazer novos reajustes no próximos trimestres", afirmou para analistas.


O executivo não especificou quais reajustes estão, novamente, sendo pedidos pelos fornecedores. Na empresa, o valor em estoques subiu 13,5% - era de R$ 2,44 bilhões em junho de 2014 e atingiu R$ 2,77 milhões neste ano.


Questionado sobre a atual relação com a indústria, num período difícil para o mercado, Líbano Barroso, presidente da Via Varejo, disse que é uma parceria de longo prazo, e aproveitou para dizer que "100% do que a empresa vende é fabricado ou montado no Brasil", afirmou. "Fornecedor tem impacto com o dólar, mas dólar não está em 100% de sua base de custos".


A decisão de o varejo antecipar compras no começo do ano, antes dos aumentos de preços, foi sugerida pelos próprios fornecedores, segundo apurou o Valor. Outra rede, a Máquina de Vendas, também sentiu aumento no volume estocado após queda de 13% nas vendas de abril a junho deste ano, apurou o Valor.


Em janeiro, LG, Samsung e Whirlpool estavam negociando aumentos de preços com grandes cadeias do setor, como Casas Bahia, Ponto Frio, Ricardo Eletro e Cybelar, que variavam de 2% a 7%. Boa parte dos aumentos foi repassada. Agora, fabricantes, como LG e Whirlpool, em seus balanços publicados na semana passada, confirmaram queda na demanda no Brasil e na América do Sul e isso afetou resultados.


A coreana LG informou, na quarta-feira, queda na venda de TVs de LCD na América Latina no segundo trimestre em relação ao ano anterior e em relação ao primeiro trimestre de 2015. Também verificou retração nas vendas de eletroportáteis e ar condicionado.


Em outra fabricante, a Whirlpool, dona da Brastemp e Consul, a demanda por produtos no país caiu 12% de abril a junho, disse o comando nos EUA. Em valor vendido, a receita subiu 7,1% no mesmo período. A quantidade vendida cai, mas a receita sobe quando há lançamentos com preços mais elevados ou quando reajustes compensam a retração no volume.


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