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Valor Online ( Empresa ) - SP - Brasil - 31-07-2015 - 08:55 -   Notícia original Link para notícia
Queda nas vendas de carros se acentua em julho


Ainda sem confirmar a reação almejada pelas montadoras no segundo semestre, a comercialização de veículos novos no Brasil cai, na comparação anual, mais de 22% neste mês, segue no pior patamar em oito anos e aprofunda um pouco mais a queda acumulada desde janeiro.


Números registrados até quarta-feira mostram que os emplacamentos de carros de passeio, utilitários leves, caminhões e ônibus encolhem 22,3% frente a julho do ano passado. Com isso, o tombo no acumulado do ano, que tinha fechado junho em 20,7%, agravou-se um pouco mais, marcando, por enquanto, 20,9%. A diferença em relação ao ano passado agora passa de 402 mil veículos, ou o equivalente à perda de quase seis semanas inteiras de venda.


Assim como já havia acontecido em junho, o mercado vem girando menos de 10 mil carros a cada dia útil. Até quarta-feira, a média diária estava em 9,3 mil unidades, numa redução do ritmo de junho (9,6 mil em igual período), que já tinha sido o pior deste ano. Na prática, as concessionárias estão vendendo cerca de 250 carros a menos a cada dia que abrem as portas.


Diferença para 2014 já passa de 402 mil veículos, ou quase seis semanas inteiras de vendas perdidas


Apesar disso, por ser um mês comercialmente mais longo, com dois dias úteis a mais, julho caminha para fechar acima dos 212,5 mil veículos licenciados no mês imediatamente anterior. Ainda assim, salvo algum movimento atípico nos dois últimos dias deste mês, o mercado tende a ficar abaixo das 230 mil unidades, o que representaria o pior julho da indústria automobilística desde 2007, mantendo o volume do acumulado de 2015 - de pouco mais de 1,5 milhão de unidades - também no menor nível em oito anos.


Em nenhum mês deste ano, o mercado conseguiu superar volumes de igual período de 2014 e, desde fevereiro, as vendas estacionaram ao redor de 10 mil carros por dia útil. Não há, porém, consenso se isso já é o "fundo do poço". Há divergências quanto ao ponto de inflexão da demanda, ao mesmo tempo em que poucos se arriscam a dizer que as vendas não vão cair ainda mais.


Entre os mais otimistas - como Luiz Moan, presidente da Anfavea, a entidade representativa das montadoras, e Roberto Cortes, presidente da fabricante de caminhões MAN -, espera-se algum sinal de reação até dezembro, mas uma retomada mais consistente apenas no primeiro semestre de 2016. Mas, enquanto Moan fala numa recuperação sustentável a partir do segundo trimestre, dirigentes de multinacionais do setor de autopeças como Bosch e Delphi, bem como analistas independentes, jogam a retomada para a segunda metade do ano que vem.


Depois do pico entre abril e junho, os anúncios de medidas com o objetivo de ajustar a produção e a mão de obra nas montadoras deram uma trégua após o governo, no início deste mês, anunciar o programa de proteção ao emprego - um pleito do setor que prevê redução de até 30% no gastos das empresas com o pagamento de salários a metalúrgicos.


Algumas fábricas, contudo, seguem paradas, como o parque industrial da Iveco em Sete Lagoas (MG) e a fábrica de motores da Ford em Taubaté (SP), ambas com retorno na segunda-feira. Enquanto a Iveco teve férias de três semanas, a produção de propulsores da Ford está paralisada desde o feriado estadual de 9 de julho.


Também em Taubaté, a fábrica da Volkswagen que produz o subcompacto Up! volta a parar hoje para ajuste de estoques, segundo o sindicato dos metalúrgicos da região. Procurada pelo Valor, a montadora informou apenas que tem feito uso de ferramentas de flexibilização para adequar o volume de produção à demanda do mercado.


Os números preliminares revelam que as vendas de caminhões seguem em queda livre neste mês, com baixa, até agora, de 47% ante julho do ano passado. Na mesma base de comparação, os licenciamentos de carros e utilitários leves recuam 21%.


A deterioração da confiança de consumidores e empresas na economia, agravada pela demora na execução do ajuste fiscal, é vista por representantes da indústria automobilística como a principal força por trás do agravamento da crise setorial.


Soma-se a isso a seletividade bancária, que já restringe esse mercado há pelo menos dois anos. Ontem, o Banco Central (BC) informou que o saldo de operações de crédito para a compra de veículos voltou ceder em junho. O estoque desses empréstimos, com recursos livres na carteira de pessoas físicas caiu 1,4%, ou 7,3% em 12 meses, apesar das medidas para estimular a operação, caso da liberação de compulsórios, flexibilização na ponderação de risco e a modernização da lei de alienação fiduciária para reduzir a aversão dos bancos. (Colaboraram Eduardo Campos e Fábio Pupo, de Brasília)


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