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O Globo Online (RJ) ( Economia ) - RJ - Brasil - 28-07-2015 - 08:53 -   Notícia original Link para notícia
Além do ajuste, a queda na China

ANA PAULA RIBEIRO ana. ribeiro@ sp. oglobo. com. br dollar index, Colaborou Lucas Moretzsohn- 0,96% - 0,95% - 1,04%


Xangai despenca 8,5% e leva dólar a nova máxima em 12 anos: R$ 3,364


Com a queda de 8,5% da Bolsa de Xangai e o temor sobre o alcance do ajuste fiscal, o dólar fechou a R$ 3,364, maior valor desde março de 2003. Por causa do efeito do dólar sobre a inflação, analistas apostam que o BC elevará os juros de 13,75% para 14,25% ao ano. O ministro Nelson Barbosa afirmou que o governo não tentará conter o dólar vendendo reservas em moeda estrangeira. - SÃO PAULO E RIO- Não bastassem as preocupações sobre o ajuste fiscal, um abalo na China aumentou ontem a aversão a risco e fez o dólar renovar sua máxima em 12 anos. A Bolsa de Xangai despencou 8,5%, o que levou o dólar comercial a encerrar o dia com alta de 0,47% frente ao real, a R$ 3,364, o maior valor de fechamento desde os R$ 3,372 registrados em 28 de março de 2003. Durante as negociações, atingiu a máxima de R$ 3,382. No câmbio turismo, a moeda americana podia ser encontrada por até R$ 3,76.


Desânimo asiático. Em Xangai, desaceleração da indústria chinesa provocou pânico entre os investidores


Nas agências de câmbio do banco Bradesco, o dólar para cartões pré- pagos encerrou o dia cotado a R$ 3,75, contra R$ 3,58 em espécie, já com incidência do Imposto sobre Operações Financeiras ( IOF) de 6,38% e 0,38%, respectivamente. No Banco do Brasil, as cotações eram de R$ 3,63 no cartão e de R$ 3,45 no papel- moeda.


A corretora Cotação cotou o dólar turismo a R$ 3,76 no cartão e R$ 3,58 em espécie, no fim do dia. Na TOV Corretora, os valores eram de R$ 3,67 e R$ 3,47. Já na Ultramar Câmbio, o cartão estava a R$ 3,72, contra R$ 3,50 em papel- moeda. E na Western Union, as cotações eram de R$ 3,68 e R$ 3,50, respectivamente.


RECUO NA INDÚSTRIA CHINESA


No Brasil, investidores e analistas têm dúvidas sobre a capacidade do governo federal em realizar o ajuste fiscal. Há ainda o temor da perda do grau de investimento, uma espécie de selo de bom pagador. Enquanto a moeda no Brasil ganhou força, no exterior a divisa cedeu. O calculado pela Bloomberg e que considera dez moedas, recuava 0,70% no encerramento dos negócios no Brasil.


A Bolsa de Valores de São Paulo ( Bovespa), por sua vez, registrou sua sétima queda consecutiva, com o Ibovespa, seu índice de referência, recuando 1,04%, aos 48.735 pontos. No mercado brasileiro, já pesavam os temores sobre a redução da meta do superávit primário ( economia para pagamento dos juros da dívida), anunciada semana passada, e a possibilidade cada vez maior de aumento de juros nos Estados Unidos ainda em 2015. Mas, ontem, a queda de 8,5% da Bolsa de Xangai surpreendeu investidores de todo o mundo e pressionou os índices de ações globais.


- A situação na China trouxe efeitos para os principais mercados e conduziu as negociações por aqui, embora com perdas controladas. O mercado local está buscando um ponto de equilíbrio para a Bolsa e o câmbio - afirmou Adriano Moreno, estrategista chefe da Futura Invest, lembrando que há uma forte preocupação com o ritmo de desaceleração da economia chinesa.


A queda em Xangai não foi totalmente compreendida por investidores e analistas, até porque o governo chinês vinha tomando algumas medidas para segurar o preço das ações no país. Uma das justificativas para esse tombo foi a divulgação do índice PMI da indústria, que mede a atividade do setor, de 49,4 para 48,2 pontos em julho, abaixo das expectativas de analistas. Alguns analistas, no entanto, afirmam que isso não justificaria uma queda tão forte na Bolsa. Circularam rumores de que os estímulos ao mercado estariam sendo retirados, o que aumentou o volume de ordens de venda - a negativa sobre a retirada das medidas de estímulo só ocorreu após o fechamento dos mercados asiáticos.


Em relatório, analistas do Credit Suisse lembraram que mesmo o dado do PMI pode estar distorcido. Isso proque houve uma mudança na empresa que faz o levantamento - antes era o HSBC, e agora é a Caixin. "Não houve qualquer esclarecimento sobre se as empresas de amostragem ou metodologia de pesquisa foram alteradas", afirmaram em nota Dong Tao e Weishen Deng.


- A Bolsa de Xangai caiu muito com o receio sobre a economia chinesa. Isso influencia no Brasil, que continua com o receio da perda do grau de investimento - disse Ari Santos, gerente de renda variável da corretora H. Commcor.


Esse cenário também impactou as Bolsas europeias. Londres fechou em queda de 1,13%, enquanto Frankfurt recuou 2,56% e Paris, 2,57%. Em Nova York, o movimento se repetiu. O índice Dow Jones perdeu 0,73%, e o S& P 500, mais amplo, teve queda de 0,58%. A bolsa eletrônica Nasdaq perdeu 0,96%.


À ESPERA DA DECISÃO DO FED


A atual sequência de queda do Ibovespa é a mais longa desde maio de 2012, quando o índice fechou em terreno negativo nos oito pregões entre os dias 8 e 15. Uma das contribuições para o resultado negativo de ontem foi a Petrobras. Com a preocupação com a desaceleração na China, os preços do petróleo tiveram forte queda - o barril do tipo Brent caiu 3,04%, a US$ 52,96 -, o que pressionou os papéis das petrolíferas. As ações preferenciais ( PN, sem direito a voto) da estatal recuaram 5,27%, a R$ 9,51. É a primeira vez desde o fim de março que esses papéis encerram o dia abaixo de R$ 10. As ordinárias ( ON, com voto) tiveram desvalorização de 6,04%, para R$ 10,42.


- Além da influência externa, internamente o principal foco de atenção é a questão política. Na quinta e na sextafeiras, o mercado já teve uma forte correção devido à redução da meta fiscal. Agora, é esperar o Congresso Nacional reabrir para ver como vai ser a temperatura entre Executivo e Legislativo - disse Moreno, da Futura Invest.


Leandro Gomes, diretor da Graco Exchange, ressaltou que a desaceleração chinesa preocupa porque a China é o maior parceiro comercial do Brasil.



Os investidores ainda estão de olho na decisão, amanhã, do Federal Reserve ( Fed, o BC americano), já que é esperada ainda para este ano a alta de juros no país. Com taxas maiores nos EUA, os investidores tendem a deixar mercados de maior risco, como o Brasil.


GERALDA DOCA geralda@ bsb. oglobo. com. br


Mercado prevê retração maior na economia e já vê IPCA de 9,23% este ano


Projeção de inflação do boletim Focus
piora pela 15 ª vez consecutiva


- BRASÍLIA- As expectativas do mercado sobre a economia brasileira pioraram na semana em que o governo anunciou que fará um esforço fiscal menor não só este ano como nos próximos. Segundo a pesquisa Focus, realizada semanalmente pelo Banco Central ( BC) com as principais instituições financeiras do país, a estimativa para a inflação em 2016 parou de cair e ficou em 5,40%. Já a projeção para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo ( IPCA) deste ano subiu pela 15 ª vez consecutiva, de 9,15% para 9,23%. Os analistas também ampliaram a estimativa de retração da atividade econômica neste ano, de 1,70% para 1,76%. E reduziram, pela segunda vez seguida, a previsão de crescimento do Produto Interno Bruto ( PIB) em 2016, de 0,33% para 0,20%.


UMA RODADA DE ALTA NA SELIC


Diante desse cenário, os economistas ouvidos pelo Focus avaliam que o BC deverá elevar a taxa básica de juros ( Selic) apenas mais uma vez, em 0,50 ponto percentual, para só então suspender a trajetória de alta. De acordo com a pesquisa, a previsão do mercado para a taxa de juros em 2015 caiu de 14,50% para 14,25%. O Comitê de Política Monetária ( Copom) se reúne hoje e amanhã para decidir sobre a Selic, atualmente em 13,75% ao ano.


- O mercado entende que, com um cenário muito ruim para a economia, o BC pare de elevar os juros - destacou o economista da consultoria Tendências Sílvio Campos Neto.


Ele enfatizou que, diante da reação negativa do mercado à redução da meta de superávit primário ( economia para pagamento dos juros da dívida pública) - que passou de 1,1% do PIB para 0,15% em 2015, de 2% para 0,7% em 2016 e para 1,3% em 2017 e 2018 -, a tendência é que as previsões piorem ainda mais, principalmente para a taxa de câmbio.


- As previsões para o câmbio podem subir um pouco mais com a redução da meta. É a variável mais afetada com a piora nos fundamentos da economia. Esse movimento já está acontecendo, com a possibilidade de perda no rating ( nota do país, concedida pelas agências de classificação de risco) - disse o economista, acrescentando que todas as previsões para os indicadores da economia estão em processo de revisão neste momento.


De acordo com o Focus, a estimativa para a taxa de câmbio no fim deste ano subiu ligeiramente, de R$ 3,23 para R$ 3,25. Para 2016, foi mantida em R$ 3,40. Os economistas mantiveram a expectativa para a balança comercial, que deverá fechar o ano com saldo positivo de US$ 6,4 bilhões. Em contrapartida, reduziram a estimativa para os Investimento Estrangeiro Direito ( IED), de US$ 66,25 bilhões para US$ 65,70 bilhões em 2015.


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